Sociedade artificial
* Por Sayonara Lino
Sonhei com os que não
sonhavam por si mesmos, sonhavam sonhos alheios, emprestados e até
roubados. Dançavam agitados, um ritmo acelerado; alguns flutuavam.
Melhor não pensar. Viver com profundidade dá trabalho.
Vi uns outros, ou melhor,
outras, um tanto esticadas, aprumadas. O corpo de beleza
inquestionável, o verniz necessário, um convite para o nada.
Disputas por pequenos espaços, um metro quadrado. Uns desajustados,
outros muitos fúteis, enfadonhos endividados. Tinha até outro caído
ao lado. Fiasco.
O espaço era lindo, amplo,
bem adornado. Havia muitos convidados. Contei uns cem. Não sobrou
um. Peguei umas partes, tentei compensar. Não dava. Era tudo tão
oco, frágil, fugaz...
Essa sociedade artificial me
causa estranheza. Me dá pena. Que desperdício, uma coreografia
repetitiva ensaiada para os tolos. Eles não entendem, é tempo
perdido, não será recuperado.
Tomei um gim, estava só de
passagem e fiz este recorte da superficialidade.
*
Jornalista, com
especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de
Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em
Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição.
Diretora de Jornalismo e redatora da Revista Mista, que é
distribuída em Governador Valadares, Ipatinga e Juiz de Fora, MG e
colunista do portal www.ubaweb.com/revista.
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