quinta-feira, 26 de julho de 2018

Buritis silvestres - Zemaria Pinto


Buritis silvestres

* Por Zemaria Pinto

o meu primeiro poema 
foi escrito sob a sombra 
dos buritizais em flor 


não tinha papel nem lápis 
apenas as mãos nervosas 
e a boca ressecada 
buscando tuas mãos geladas 
e teu hálito de rosas 


as palmas alvoroçadas 
acenando contra o vento 
da tarde o vasto silêncio 
teciam a cada assobio 
a melopéia do tempo 


no chão de areia gravado 
meu poema era um navio 
de amarras soltas no mundo 
a procura da ventura 
de navegar outros rios 


caía uma chuva fina 
de frágeis cristais de luz 
e buritis amarelos


* Poeta e economista paraense.

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