Vigia...
Vigia…
*
Por Eduardo Oliveira Freire
Uma
amiga sempre me disse para vigiar, principalmente, as manifestações
involuntárias que surgem na minha mente muitas vezes.
Podem
achar que estou querendo me justificar ou aliviar minha culpa, porém,
muitos pensamentos preconceituosos vêm do meu inconsciente e até me
assusto com eles. Será que são meus mesmo? Há momentos que pareço
ser outro.
Por
esses dias, aconteceu desses pensamentos involuntários, me
assombrarem.
Lá
estava eu a assistir um canal de tevê paga. Passava um programa de
reforma e venda de casas antigas nos Estados Unidos. Uma família
latina amou a casa e quis comprar. Logo, veio a reflexão tenebrosa:
"Latinos comprando esta casa, devem ser traficantes". Tudo
aconteceu numa fração de segundos e eu pensei que estava me
conseguindo desconstruir e caí na armadilha do meu inconsciente.
Fiquei
com remorso ao ter está conclusão escrota. Por que pensei isto? Sou
uma criatura péssima! Um racista. Com certeza, devem ser pessoas
super trabalhadoras, que falaram muito e apesar dos preconceitos, por
serem descendentes de imigrantes, superaram todas as dificuldades.
Por
qual razão pensei assim? Então, comecei a refletir o imaginário
dos latinos construído nos filmes e séries americanas (inclusive
dos mexicanos) e de como estes estereótipos e clichês entraram na
minha cabeça durante anos.
Realmente,
para se desconstruir precisa-se ir bem fundo no inconsciente e dar de
cara de quem realmente você é. O processo é tenso, mas, é uma
libertação.
Não
sou ainda uma pessoa desconstruída, estou caminhando e levo susto
comigo, várias vezes.
Por
fim, como já me disse uma amiga: - Eduardo, vigia vigia!
*Formado
em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense.
Pós-Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é
aspirante
a escritor.
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