terça-feira, 24 de julho de 2018

Vigia... vigia... - Eduardo Oliveira Freire


Vigia... Vigia…


* Por Eduardo Oliveira Freire


Uma amiga sempre me disse para vigiar, principalmente, as manifestações involuntárias que surgem na minha mente muitas vezes.

Podem achar que estou querendo me justificar ou aliviar minha culpa, porém, muitos pensamentos preconceituosos vêm do meu inconsciente e até me assusto com eles. Será que são meus mesmo? Há momentos que pareço ser outro.

Por esses dias, aconteceu desses pensamentos involuntários, me assombrarem.

Lá estava eu a assistir um canal de tevê paga. Passava um programa de reforma e venda de casas antigas nos Estados Unidos. Uma família latina amou a casa e quis comprar. Logo, veio a reflexão tenebrosa: "Latinos comprando esta casa, devem ser traficantes". Tudo aconteceu numa fração de segundos e eu pensei que estava me conseguindo desconstruir e caí na armadilha do meu inconsciente.

Fiquei com remorso ao ter está conclusão escrota. Por que pensei isto? Sou uma criatura péssima! Um racista. Com certeza, devem ser pessoas super trabalhadoras, que falaram muito e apesar dos preconceitos, por serem descendentes de imigrantes, superaram todas as dificuldades.

Por qual razão pensei assim? Então, comecei a refletir o imaginário dos latinos construído nos filmes e séries americanas (inclusive dos mexicanos) e de como estes estereótipos e clichês entraram na minha cabeça durante anos.

Realmente, para se desconstruir precisa-se ir bem fundo no inconsciente e dar de cara de quem realmente você é. O processo é tenso, mas, é uma libertação.

Não sou ainda uma pessoa desconstruída, estou caminhando e levo susto comigo, várias vezes.

Por fim, como já me disse uma amiga: - Eduardo, vigia vigia!


*Formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense. Pós-Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor.





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