segunda-feira, 30 de julho de 2018

Fã da banca do Alvino - Euclides Farias


Fã da banca do Alvino


* Por Euclides Farias


Há quase 40 anos frequento a Banca do Alvino, a mais badalada de Belém, por ocupar lugar privilegiado na praça da República e por ter se transformado numa importante referência cultural da cidade, além de ser ponto de encontro dos amigos. Revistaria e livraria, a banca é uma das caras de Belém, diria o jornalista Edwaldo Martins.

No domingo, embora sob restrição médica e cuidados preventivos, passei rapidamente pela banca para o ritual da conversa com Alvino. Ele nos conta as novidades editoriais, exercita o bom humor, recorda de coisas da trajetória do negócio hoje pressionado pela era da informação virtual e nos informa do paradeiro de amigos. “Fulano passou por aqui na terça-feira”, diz sobre os comuns. Desta vez, encontrei o dileto Cleo Araujo, que me disse, para minha surpresa, ser paraense, quando eu jurava ser amapaense, tanto o amor que devota à minha terra.

Confesso que já fui mais comprador de títulos na banca. Nos anos 1980 e nos seguintes, levava um feixe pra casa. No meio do feixe, os livros de crônicas “Para Gostar de Ler” (com o primeiro time do gênero na literatura brasileira - Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga e Fernando Sabino), os fascículos da coleção de elepês de oito faixas de história da MPB, Seleções Reader Digest, Veja, Manchete, Senhor, Globo Rural (para ler as reportagens de José Hamilton Ribeiro), Jornal Pessoal, de Lúcio Flávio Pinto (a partir de 1987) e a revista Pesca & Companhia.

Hoje, mantenho-me fiel à Banca do Alvino, à amizade de seu dono e a uns poucos títulos, com fidelidade inabalável ao JP e à revista especializada de pesca. Compro também títulos de autores paraenses. Desta vez, sem ter comprado pelo modo digital à época do lançamento, trouxe a reedição de “Ponte do Galo”, de Dalcídio Jurandir, que voltou às estantes 46 anos depois graças a primoroso trabalho da editora Pará.grafo, dos amigos virtuais André Fellipe Fernandes e Girotto Brito.

Alvino e sua banca prestam um serviço essencial à cidade. Sou fã.


* Jornalista da Amazônia. Trabalhou em O Liberal, A Província do Pará, Agência Nacional dos Diários Associados e Rádio Cultura. Atuou, como freelancer, na Folha de S. Paulo e Jornal da Tarde.





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