Fã
da banca do Alvino
*
Por Euclides Farias
Há
quase 40 anos frequento a Banca do Alvino, a mais badalada de Belém,
por ocupar lugar privilegiado na praça da República e por ter se
transformado numa importante referência cultural da cidade, além de
ser ponto de encontro dos amigos. Revistaria e livraria, a banca é
uma das caras de Belém, diria o jornalista Edwaldo Martins.
No
domingo, embora sob restrição médica e cuidados preventivos,
passei rapidamente pela banca para o ritual da conversa com Alvino.
Ele nos conta as novidades editoriais, exercita o bom humor, recorda
de coisas da trajetória do negócio hoje pressionado pela era da
informação virtual e nos informa do paradeiro de amigos. “Fulano
passou por aqui na terça-feira”, diz sobre os comuns. Desta vez,
encontrei o dileto Cleo Araujo, que me disse, para minha surpresa,
ser paraense, quando eu jurava ser amapaense, tanto o amor que devota
à minha terra.
Confesso
que já fui mais comprador de títulos na banca. Nos anos 1980 e nos
seguintes, levava um feixe pra casa. No meio do feixe, os livros de
crônicas “Para Gostar de Ler” (com o primeiro time do gênero na
literatura brasileira - Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de
Andrade, Rubem Braga e Fernando Sabino), os fascículos da coleção
de elepês de oito faixas de história da MPB, Seleções Reader
Digest, Veja, Manchete, Senhor, Globo Rural (para ler as reportagens
de José Hamilton Ribeiro), Jornal Pessoal, de Lúcio Flávio Pinto
(a partir de 1987) e a revista Pesca & Companhia.
Hoje,
mantenho-me fiel à Banca do Alvino, à amizade de seu dono e a uns
poucos títulos, com fidelidade inabalável ao JP e à revista
especializada de pesca. Compro também títulos de autores paraenses.
Desta vez, sem ter comprado pelo modo digital à época do
lançamento, trouxe a reedição de “Ponte do Galo”, de Dalcídio
Jurandir, que voltou às estantes 46 anos depois graças a primoroso
trabalho da editora Pará.grafo, dos amigos virtuais André Fellipe
Fernandes e Girotto Brito.
Alvino
e sua banca prestam um serviço essencial à cidade. Sou fã.
*
Jornalista da Amazônia. Trabalhou em O Liberal, A
Província do Pará, Agência Nacional dos Diários Associados e
Rádio Cultura. Atuou, como freelancer, na Folha de S. Paulo e Jornal
da Tarde.
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