Amizades
virtuais (ou reais?)
Este
é um momento bastante feliz da minha vida, em que vejo dois novos
“filhos espirituais” deixarem minha casa e saírem pelo mundo a
quixotear, tal como faz há tanto tempo quem os concebeu. Refiro-me
aos meus livros “Lance
Fatal” (contos) e “Cronos e Narciso” (crônicas), à
disposição do público leitor há já oito anos..
Se
cada um deles fizer metade do sucesso de “Por uma nova utopia”,
lançado em 1998, já me darei por sumamente satisfeito. Ainda
é possível que façam. Conto com isso.
A referida obra, cuja totalidade dos direitos comerciais doei ao
Centro de Defesa da Vida, entidade voltada à prevenção do
suicídio, esgotou seis edições de dois mil exemplares cada, o que,
em termos de Brasil, é excelente performance. Aquele livro não me
rendeu um mísero centavo. Mas trouxe um rendimento que dinheiro
nenhum paga: a certeza de que contribuí, mesmo que com ínfima
parcela, para salvar inúmeras vidas.
Em
relação aos dois mais
recentes filhos
espirituais, não estou sendo tão generoso. Afinal, creio que está
na hora de ter algum retorno, até para fazer “caixa” e custear a
divulgação dos novos livros, já prontos e revisados, no
caso “Copas ganhas e perdidas” e “Dimensões infinitas”,
que pretendo publicar, se
tudo der certo, ainda neste ano de 2018.
Mas não é bem
este o tema que trago à baila, hoje, neste descompromissado espaço
diário, neste papo descontraído de todos os dias.
Um
leitor desses fieis e leais, aos quais devo tanto, indaga-me, por
email, se eu acho que é possível existir amizade sem que as duas
pessoas (ou sejam lá quantas forem), se conheçam pessoalmente. Ou
seja, sem que nunca tenham se encontrado, se olhado nos olhos e
conversado cara a cara. Respondo que, não somente acredito, como
tenho absoluta certeza da existência desse tipo de amizade.
Como
deixar de considerar amigos, por exemplo, leitores meus que residem
no Japão, na Alemanha, na Dinamarca e nos Estados Unidos e que,
volta e meia, me escrevem comentando meus textos divulgados na
internet? Eles não somente me estimulam e massageiam meu ego, como
me balizam, me pautam e me fornecem parâmetros para que eu possa
avaliar a quantas os meus textos andam.
Pessoas
que frequentam
a minha casa e que me juram amizade “eterna” não demonstram
tamanho interesse pelo que sou ou o que faço. Sinceridade? Não
ponho minha mão no fogo quando me asseguram que são minhas amigas.
Talvez sejam, até admito, pois não sou tão cético assim,
todavia... não sabem (ou não querem, ou não podem, ou sei lá)
demonstrar.
Como
não considerar o pessoal aqui do Literário e
do Facebook, de cuja
companhia (pelo menos de boa parte dos integrantes) privo, no
blog há mais de doze anos e na rede social, mais de dez,
meus amigos? É impossível! Seria desvirtuar, ou no mínimo
desvalorizar o verdadeiro sentido da amizade.
Se
alguém me disser que Aliene Coutinho, Eduardo Murta, Núbia do
Amaral, Renato Manjaterra, Evelyne Furtado, Risomar Fasanaro, Talis
Andrade, José Calvino, Mara Narciso, o
saudoso Marco Albertim,
Sayonara Lino, Marcelo Sguassábia, Gustavo do Carmo, Fernando Yanmar
Narciso, Urariano Mota, Rodrigo Ramazzini, Silvana Alves e Eduardo
Oliveira Freire, José
Calvino e Urda Alice Klueger
não foram ou não
são meus amigos, ficarei muito bravo, furioso mesmo. É bom ninguém
nem ousar proferir essa bobagem. Todos os citados são amicíssimos,
como se fossem irmãos. E, no entanto... À exceção do Renato
Manjaterra, com o qual convivi
na mesma empresa, dos demais não conheço, sequer, o timbre de suas
vozes.
E
não são só estes os diletos amigos que fiz na convivência diária
e na troca de experiências literárias. Para ser fiel à verdade, e
a mim mesmo, tenho que citar Daniel Santos, Celamar Maione, Fábio de
Lima, Nei Duclós (esse querido conterrâneo, nascido, como eu, no
Rio Grande do Sul e a quem caracterizei equivocadamente como
catarinense), Laís de Castro, José Paulo Lanyi, Marco Antonio
Alves, Pedro Diedrich (o queridíssimo e saudoso Seu Pedro, que Deus
o tenha), Ruth Barros, Sílvio Lancelotti e Solange Solon Borges
nessa mesma categoria. E mais, devo mencionar os mais de 800
escritores que generosamente contribuíram e contribuem diariamente
com seus textos para a coluna Porta Aberta, dos quais destaco, os
também saudosos Luiz
Carlos Monteiro, Clóvis Campêlo, além
da (felizmente) vivíssima
Fabiana Bórgia e vai por aí afora.
Muitos
desses companheiros de aventura, de sonhos e de ideais ficarão para
sempre vinculados a este sisudo (mas nem tanto) editor, por
participarem diretamente de um dos seus livros. Mesmo quando se
passarem séculos (quiçá milênios), sempre que “Lance Fatal” e
“Cronos e Narciso” caírem em mãos dos nossos remotíssimos
descendentes, não haverá como deixar de associar Pedro J. Bondaczuk
a esses ilustres (e mui queridos) escritores.
Mesmo
antes da existência dessa maravilha tecnológica, que é o
computador, que possibilita esse vastíssimo oceano de informações
chamado internet, já havia um jeito de se firmar amizades com
pessoas que nunca estiveram pessoalmente diante de nós. Quando
jovem, por exemplo, integrei vários “círculos de amizade”,
alguns com centenas de membros, com os quais trocava cartas.
Algumas
dessas pessoas vieram a cruzar meu caminho e se tornaram
importantíssimas em minha vida. Outras permaneceram amigas, apenas,
digamos, “epistolares”. Mas tal condição nunca as desmereceu e
muito menos sua amizade. Hoje as coisas estão mais fáceis nesse
aspecto. Além das redes sociais, como o Facebook
e o Twitter e (por que não?) o extinto
“Orkut” (entre tantas), temos o email, o Skype, o
Messenger e outras
ferramentas similares a nos colocarem seguidamente em contato com
pessoas que, sem tais instrumentos, jamais teríamos como contatar.
Portanto,
querido leitor que me fez a indagação, está aí respondida sua
pergunta, e devidamente justificada. Existem, sim, amizades em que os
dois amigos nunca se viram cara a cara (e talvez jamais se vejam) e
que, no entanto, não ficam nada a dever às que podemos caracterizar
como “presenciais”. Exemplo? A sua, claro, que tanto me honra e
envaidece!
Boa
leitura!
O
Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Copio e colo o que escrevi no Facebook: Eu conheci você, Pedro J. Bondaczuk em fevereiro de 2007 no "Comunique-se", numa aula do curso de Jornalismo e comecei a contribuir no Literário dois anos depois. Meus primeiros amigos virtuais foram feitos em 2001, no Chat Terra. Tenho amigos desde essa época que passaram pelos avanços da comunicação via internet como Orkut, já citado e o Facebook. Essas amizades têm tudo que as outras presenciais têm como gostar, ter curiosidade, sentir saudade, alegrar-se e entristecer-se com as coisas boas e ruins. No começo há mais informações pessoais, gostos, história, fotos e a vontade de ver pessoalmente. Há telefonemas, uma proximidade maior que se arrefece, mas não passa. Até aumenta. Há desavenças, reaproximações. É que as letrinhas levam a maus entendidos mais do que a fala, devido a falta de entonação. Entre os virtuais que carrego há mais de quinze anos e estão aqui no Facebook, cito Lene ALberton, Janete Lucchesi Garbini, Luiz De Aquino Alves Neto, Clivio Vieira, Mauro Stival, Jacqueline Santana, Jalce Xavier D'Araujo, Onésimo Esteves e mais alguns. De cada um deles sei falar muitas coisas. Amizade virtual é tão real quanto o aprendizado de um curso superior a distância. É diferente, mas tem a mesma força.
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