sexta-feira, 20 de julho de 2018

Brutamonte - Eduardo Oliveira Freire


Brutamonte


* Por Eduardo Oliveira Freire


Fazia questão de ser o valentão da turma. Mesmo adulto continuava embrutecido. Logo, mulher e filhos se afastaram dele porque não aguentavam tanta grosseria.

Completamente sozinho e rabugento só recebia a visita da neta, que dançava para ele. O velho mesmo com cara fechada, os olhos ficavam molhados. Um dia, contou um segredo que guardara a sete chaves por vários anos.

Quando morreu, a neta foi a única que ficou triste. Mas, sua nova amiga a confortava e a convidava para dançar.

O segredo do avô era que sua alma tinha a forma de uma menina bailarina e que para protegê-la, transformou-se numa armadura quase intransponível.

A menina-bailarina finalmente encontrou uma boa morada, na sombra da neta do brutamonte.


*Formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense. Pós-Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor.



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