Brutamonte
*
Por Eduardo Oliveira Freire
Fazia
questão de ser o valentão da turma. Mesmo adulto continuava
embrutecido. Logo, mulher e filhos se afastaram dele porque não
aguentavam tanta grosseria.
Completamente
sozinho e rabugento só recebia a visita da neta, que dançava para
ele. O velho mesmo com cara fechada, os olhos ficavam molhados. Um
dia, contou um segredo que guardara a sete chaves por vários anos.
Quando
morreu, a neta foi a única que ficou triste. Mas, sua nova amiga a
confortava e a convidava para dançar.
O
segredo do avô era que sua alma tinha a forma de uma menina
bailarina e que para protegê-la, transformou-se numa armadura quase
intransponível.
A
menina-bailarina finalmente encontrou uma boa morada, na sombra da
neta do brutamonte.
*Formado
em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense.
Pós-Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é
aspirante
a escritor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário