terça-feira, 31 de julho de 2018

Índice


Literário: Um blog que pensa


(Espaço dedicado ao Jornalismo Literário e à Literatura)


LINHA DO TEMPO: Doze anos, quatro meses e um dia de existência.


Leia nesta edição:


Editorial – Reagindo ao horror.

Coluna Á flor da peleEvelyne Furtado, poema, “Emoção silente.

Coluna Do real ao surreal – Eduardo Oliveira Freire, crônica, “Paternidade”.

Coluna Porta AbertaEmir Sader, artigo,Lula catalisa o que há de melhor no Brasil”.

Coluna Porta Aberta – Emanuel Medeiros Vieira, artigo,Nicarágua.

Coluna Porta Aberta – Fernando Brito, artigo, “O comercial de Neymar ou a autoindulgência bem paga”.


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PESCA EM ÁGUAS TURVAS

Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?


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CITAÇÃO DO DIA:

Vida social moderna 

A vida social moderna desenvolve-se numa atmosfera de mentiras, hipocrisia, covardia, opressão e abuso.

(L. Mendieta y Nuñez).


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Obs.: Se você for amante de Literatura, gostar de escrever, estiver à procura de um espaço para mostrar seus textos e quiser participar deste espaço, encaminhe-nos suas produções (crônicas, poemas, contos, ensaios etc.). O endereço do editor do Literário é: pedrojbk@gmail.com. Twitter: @bondaczuk. As portas sempre estarão abertas para a sua participação.

Editorial - Reagindo ao horror.


Reagindo ao horror


As pessoas reagem de formas diversas face ao horror do cotidiano, quer o que as afeta diretamente, quer o que apenas tomam conhecimento pelos meios de comunicação, que divulgam, com fartura, notícias e mais notícias, o tempo todo, 24 horas por dia, dando conta de guerras, assassinatos, roubos, pestes, fome, inundações, secas e catástrofes de todas as espécies, como terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, deslizamentos de terra e milhares de outras desgraças. Tudo isso sem esquecer a corrupção, os vícios, as injustiças, a miséria, a exploração do homem pelo homem, e vai por aí afora.

Há os que não suportam nada disso e se alienam. Vivem como se estivessem num paraíso, mesmo imersos no inferno. Há os que até se viciam em desgraças e esbanjam morbidez, se deliciando com esse tipo de informação sobre a miséria e a crueldade humana. Há os que acreditam que podem mudar esse quadro hediondo e empenham suas vidas nessa luta inglória de melhorar o mundo. E as reações são as mais diversas, de acordo com a personalidade, educação, princípios, valores etc. de cada um. Afinal, como sempre disse o filósofo espanhol José Ortega y Gasset, o homem é ele e suas circunstâncias.

O escritor, acima de tudo ser humano (óbvio), reage de forma tão variada como quem não exerce essa atividade, claro, face ao horror do cotidiano. Uns são mais sensíveis e evitam temas escabrosos. Outros especializam-se no seu trato. E vai por aí afora, com uma infinidade de nuances. Contudo, via de regra, tocam suas vidas e seguem fazendo o que fazem, a despeito dessas desgraças e patifarias. Afinal... Não há outro jeito mesmo!

Dia desses, ao reler um livro – com caprichadíssima edição e apresentação da Editora Abril – contendo duas novelas no mesmo volume (“Lady Barberina” e “A outra volta do parafuso”), do escritor norte-americano, naturalizado inglês, Henry James, um detalhe específico chamou-me particularmente a atenção. Não foi nada referente aos dois excelentes enredos nem a algum de seus bem urdidos personagens. Nem mesmo se tratou de nada que se referisse ao estilo desse consagrado homem de letras.

Lendo o breve resumo biográfico do escritor, na introdução do livro, detive-me nesta informação, que acendeu-me uma luz vermelha no cérebro, por considerar sua mencionada reação insólita. E qual foi esse detalhe especial que me causou tamanha admiração? Foi este: “Quando começou a Primeira Guerra Mundial, James cessou toda a atividade literária, lamentando: ‘o horror de ter vivido para testemunhar tudo isso’”. E, de fato, não escreveu e nem publicou mais nada – ele que estava na crista do sucesso na ocasião – até a sua morte, ocorrida em 28 de fevereiro de 1916.

Comentando isso com amigos, a tônica das reações foi de incredulidade. Houve quem dissesse que ele parou de escrever não por causa dos horrores da guerra, mas por haver perdido o traquejo, a tal da inspiração. Meu ceticismo não chega a esse ponto. Acredito, até por intuição, na sinceridade e na honestidade de propósito de Henry James.

Não me consta que nenhum outro escritor tomasse atitude sequer parecida. Livros e mais livros continuaram sendo escritos e publicados nesse período de conflito. E até de poesias. E mais, muitos dos poemas foram compostos em trincheiras, nos intervalos de batalhas (um dia ainda comentarei a respeito). É certo que na época da grande guerra seguinte, a Segunda Mundial, houve um escritor (não me lembro qual) que chegou a decretar a “morte da poesia”. Disse que era impossível criar beleza em meio a tanto horror. Obviamente, não era.

A decisão de James soa mais estranha quando se sabe que a Primeira Guerra Mundial, embora sumamente perversa, como soem ser todas as guerras, sequer se aproximou, mesmo que remotamente, da Segunda. Mesmo que tenha se caracterizado por sangrentas e surreais batalhas de trincheiras, em que morreram, em cada uma delas, centenas de milhares, quando não milhões de soldados, sem que nada se decidisse, não teve os horrores dos campos de concentração nazistas e nem a “industrialização” dos assassinatos, frios e covardes, do Holocausto, em Auschwitz, Treblinka e outros tantos lugares sinistros, tanto que causam calafrios apenas à menção dos seus nomes.

Não teve, principalmente, o pavor dos pavores, o dos bombardeios nucleares de Hiroshima e Nagasaki. Como James reagiria a isso? Felizmente (para ele) não viveu para presenciar nada disso. Presume-se que a guerra em andamento quando tomou sua decisão, a de 1914 a 1918, abreviou sua morte. É provável que se testemunhasse a Segunda Guerra Mundial teria morrido às primeiras notícias que recebesse. Ou não, sabe-se lá! E olhem que na ocasião as informações nem eram tão fartas e muito menos instantâneas como agora. Tardavam dias, às vezes semanas ou meses, para se tornar públicas. Os meios de comunicação eram rústicos e embrionários. Não havia, por consequência, a fartura de noticiário que há hoje.

Imagino as reações de Henry James neste início de século XXI do qual somos testemunhas e protagonistas. Relatórios divulgados amiúde, por exemplo, por diferentes organizações internacionais, mostram que podemos falar de tudo, menos de evolução do espírito. Os informes dão conta de torturas, assassinatos, “desaparecimentos de pessoas”, privações ilegais da liberdade, truculências e outros crimes hediondos, muitos dos quais praticados por governos ou por regimes políticos. Ou seja, tais delitos são cometidos em nome de princípios nobres como liberdade, democracia e solidariedade.

Relatórios da Anistia Internacional denunciam e fundamentam em farta documentação violações de direitos humanos em mais de uma centena de países. E não são apenas as sociedades retrógradas que torturam, executam, roubam, estupram e maltratam seus próprios cidadãos. Tais delitos ocorrem, indistintamente, na Europa, nos EUA e em praticamente todas as partes do mundo. Onde, pois, a apregoada “nova era”, tão decantada após o fim da “guerra fria”? Eu responderia, apenas, como o personagem de Shakespeare: “words, words, words...”

A violência, de tanto que é repetida, insensibiliza as pessoas, mesmo as mais sensíveis e virtuosas. Claro que (felizmente) há exceções, que em termos relativos são escassíssimas. E essa insensibilidade nem vem de hoje. Tanto que o filósofo e escritor francês, Claude Adrien Helvetius, já havia escrito, no século XVIII: “Os homens são tão idiotas que é bastante ver repetir uma violência para considerá-la um direito”. E não é assim que as coisas acontecem? Claro que sim. Já estão, até, justificando atos de tortura em interrogatórios. Mas não quero falar sobre isso, em nome da preservação da minha integridade física. Nunca se sabe...

As coisas, nesse aspecto, no do horror e patifarias, podem ora melhorar, ora piorar, mas sempre ao sabor do acaso. Isso frustra e torna vãs todas as nossas esperanças e ilusões de uma sociedade e de uma humanidade já não digo perfeitas, mas minimamente aceitáveis.

Diante do exposto, não tenho como não dar razão, posto que muito a contragosto, a esta constatação sumamente pessimista (ou extremamente realista?) feita por Henry Adams (não confundir com o “sensível” Henry James): “O mundo é um quadro de dores, aflição e morte; pestes e fome; inundações, secas e nevadas; catástrofes por toda parte e por todos os cantos acidentes; a virtude gera o vício e o vício se perpetua; felicidade sem sentido, egoísmo sem lucro, miséria sem causa, horrores indefiníveis --- e a morte como a recompensa igualitária de todos”. E não é?!


Boa leitura!

O Editor.


Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk

Emoção silente - Evelyne Furtado


Emoção silente

* Por Evelyne Furtado

Busquei palavras elegantes
para vestir o coração.
Não as achei.
Minhas vestes silentes,
portanto,
guardam (hoje)
minha emoção.


* Poetisa, cronista e psicóloga de Natal/RN.


Paternidade - Eduardo Oliveira Freire


Paternidade

* Por Eduardo Oliveira Freire

Sei lá, criar filho hoje em dia é complicado. Se você disser para ele, falar sempre a verdade e agir corretamente com as pessoas, poderá ser devorado neste mundo cão.

Se eu tivesse um filho, daria este conselho: "Filho, proteja-se. Dissimule sempre. As pessoas gostam de gente dissimulada. Pois gente que se mostra logo, todo mundo acha chato. Não esqueça, dissimule".

É um fato, sexo é gostoso. Mas, uma foda inconsequente gera pais que abandonam, abortos, mães solteiras sobrecarregadas e julgadas o tempo inteiro, crianças largadas e doenças que se espalham com bastante rapidez.

Sexo não é um simples ato como chupar um sorvete, há consequências para vida inteira. Segundos de gozo valem mais que anos de dificuldades?

Não é para se ter medo dele, pelo contrário, aprecia-o com moderação, não confundindo libertinagem com liberdade.


* Formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense. Pós-Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor.




Lula catalisa o que há de melhor no Brasil


Lula catalisa o que há de melhor

no Brasil


* Por Emir Sader


Primeiro foram seus companheiros de trabalho, de quem ele foi ganhando a confiança, pela forma como falava com eles, pela maneira como os convocava para a luta, como conversava sobre os interesses comuns deles e como estavam sendo explorados.

Depois conquistou a todos os metalúrgicos da região, pela forma como os ouvia, como expressava o que sentiam, e como só dirigia para os duros enfrentamentos contra a política de arrocho da ditadura militar.

Em seguida Lula foi se erigindo como dirigente sindical de todos os trabalhadores, primeiro de São Paulo, depois do Brasil, ao expressar, com fidelidade, os interesses e a visão que os trabalhadores têm sobre os seus problemas e os problemas do Brasil.

Na construção do PT, Lula foi conquistando o apoio e a confiança de milhões de brasileiros, que passaram a ver nele a esperança de construção de um Brasil justo e solidário.

Nesse processo, o Lula foi conquistando a simpatia de estudantes, de professores, de intelectuais, de artistas, de religiosos, de cientistas, de mulheres, de negros, de jovens, de idosos, de gente de todas as classes sociais, de todas as idades, de todas as identidades sociais e sexuais.

Quando se candidatou a presidente do Brasil, Lula cativou a todos os que lutam por um país sem fome e sem miséria, sem pobreza e sem desigualdade.

Como Presidente do Brasil, Lula conquistou o apoio da grande maioria da população, saiu do governo com 87% de apoio.

Como Presidente do Brasil, Lula conquistou simpatias pelo mundo afora, na América Latina, na África, na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia, tornando-se o líder político mais importante da esquerda no século XXI.

Hoje Lula catalisa o que de melhor tem o Brasil. Ele sensibiliza a todos os que têm consciência democrática, espírito de justiça, mentalidade solidária, compromisso com o bem e com a felicidade de todos.

Dize-me que posição você tem em relação ao Lula e eu direi quem você é no Brasil e no mundo de hoje.


*Emir Sader é sociólogo, cientista político e colunista do Brasil 247, entre outros espaços da internet.





Nicarágua - Emanuel Medeiros Vieira


Nicarágua



* Por Emanuel Medeiros Vieira



O que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção,
e o maior bem é pequeno;
que toda vida é sonho
e, os sonhos, sonhos são.”
(Pedro Calderón de la Barca) – 1600-1681)


Clóvis Rossi lembra que Fidel Castro declamou um trecho de peça de Pedro Calderón de la Barca nos festejos dos 50 anos do Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), depois transformado em OMC.

E o citado jornalista, falando da situação tenebrosa da Nicarágua, observa: “Ah, velho Fidel, que triste ver que os sonhos que sonharam parcelas significativas dos jovens latino-americanos tenham sido soterrados por ditaduras”.

Em 1979, todos os democratas apoiaram a Revolução Sandinista que derrubou a sangrenta ditadura de Somoza.

A atual e violenta repressão do “sandinista” (?) Daniel Ortega – que mudou de lado e optou por matar o seu próprio povo –, deixou ao menos 351 mortos em três meses de levante popular.

Os estudantes chamam Ortega de novo Somoza.

Ele – traidor da revolução – aliou-se “à fatia mais reacionária e corrupta da elite nicaraguense”.

A Conferência Episcopal nicaraguense convocou um jejum de “explícito conteúdo político”.

Os bispos dizem que será “um ato de desagravo pelas profanações realizadas estes últimos meses contra Deus” (alusão à tremenda repressão às manifestações – em geral pacíficas – contra o tiranete).

Informa-se que o PT está apoiando a repressão do novo Somoza chamado Daniel Ortega.

Custo a acreditar que um partido dito dos trabalhadores apoie regime tão brutal.

O PSOL tem se manifestado abertamente contra a repressão do novo ditador.

O secretário de Relações Internacionais da sigla, Israel Dutra, afirmou que Ortega “está se tornando o Assad centro-americano”.

Os democratas de todo o mundo devem unir-se em favor do povo da Nicarágua que está sendo literalmente massacrado.

Nenhum homem é uma ilha.

(Brasília, julho de 2018)


* Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros. Foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura de 2018.







O comercial de Neymar ou a autoindulgência bem paga


O comercial de Neymar ou a

 autoindulgência bem paga



* Por Fernando Brito



Repercute nas redes o comercial da Gillete com a “nenhuma autocrítica” do jogador Neymar Jr. e eu, que vivo a escrever sobre política e economia, não resisto a falar de futebol, sempre uma paixão e porta de entrada na minha profissão, há 40 anos, na editoria de Esportes de O Globo.

Parto do que diz o coleguinha Xico Sá: Neymar “não foi à terapia, não foi ao divã, simplesmente dirigiu-se à caixa registradora em mais um oportuno anúncio publicitário”.

Até aí, nada de mais. Convenhamos, faz tempo que o futebol e seus craques perderam sua natureza de paixão popular e foram, eles próprios, devorado pelo marketing, com seus dentes de dinheiro e de “dolce vita”.

Confesso, porém que fiquei pensando no que o competente texto do anúncio diz, num chororô que se desmancha a cada frase.
O craque descreve, primeiro, as botinadas, joelhadas e agressões que sofre em campo. Sofre. Mas em que os zagueiros agiriam com ele de forma diferente da que fazem com Mbappé, Modric, Messi, De Bruyn, Hazard ou  Cristiano Ronaldo para ficar apenas em algumas estrelas desta Copa?
Nenhum deles é fisicamente menos vulnerável que Neymar, nenhum deles é menos essencial a suas equipes de tal forma que não pudessem ser alvos de defesas “botinudas”.
A resposta me parece simples: nenhum deles cai cinematograficamente e, por isso, a agressão, se não é verdadeira, é verossímil aos árbitros.
Antes de perder a bola com estas cenas dramáticas, Neymar perdeu boa parte de sua credibilidade com o espalhafato e, hoje, nem mesmo quando apanha de verdade convence que é veraz boa parte das pancadas. Portanto, além do que apanharia, apanha mais, porque virou “bom de bater”
A seguir, ele diz que, se sofre em campo, muito mais sofre na vida: “eu sofro dentro de campo mas, na boa, você não imagina o que eu passo fora dele”.
Verdade? Neymar descumpre o mandamento óbvio da pessoa exposta: ser discreto. Ou, se não for, a encarar as consequências disto.
Há muitas outras frases que, separadas, se tornam verdadeiros absurdos ou confissões daquilo que negam.
Quando eu cesso a (paro de) dar entrevistas, é porque ainda não aprendi a te decepcionar” quer dizer o quê? Que tem de aprender a decepcionar? Tirando Mbappé, todos os outros, depois de algum jogo, estavam tanto ou mais decepcionados e tanto mais decepcionaram. Mas trataram do assunto sem se fazerem de vítimas, de injustiçados. Menos ainda pedem que os outros aceitem sem reclamar as decepções que causaram.
Quando eu pareço malcriado, não é porque eu sou (seja) um moleque mimado, mas porque ainda não aprendi a me frustrar”. Deus meu, o que é um menino mimado senão o que não aceita frustração?
Você pode achar que eu caí demais, mas a verdade é que eu não caí, eu desmoronei …e isso dói muito mais que qualquer pisão em tornozelo operado”.
Desmoronar é da vida e não sou ninguém para julgar a reação do outro diante de um fracasso dolorido. Se foi um pedido de perdão, não haveria torcedor que não o desse, no tempo que o perdão precisa para ser dado, pois não é algo que esteja pronto, na prateleira, esperando para ser entregue a quem o pedir.
Mas viria, quem sabe já no próximo jogo, no próximo drible, quem sabe no próximo gol, ainda mais se fosse um daqueles onde as pernas ágeis do atacante saltam sobre a chuteira bruta da zaga, dão dois ou três passos trôpegos, se reequilibram e armam o chute fatal.
Neymar, infelizmente, escolheu o caminho errado e produziu uma peça que, na verdade, se volta contra ele próprio.
Talvez não no bolso, de imediato, mas adiante, consolidando a imagem de “chorão” com a qual não se faz ídolos. Porque aquele “quando eu fico de pé, o Brasil inteiro levanta comigo”, é tão bem redigido quanto inconvincente.
Uma pena, porque talentos como ele surgem muito, muito raramente e, ao contrário dos que acham que o futebol é o “ópio do povo” nos gramados, penso que é e sempre foi fonte de orgulho, autoestima e afirmação para os brasileiros.
A gente também apanha, Neymar, no campo da política, às vezes com mais brutalidade que na bola, e nem por isso tem razão em ser autoindulgente.
Tadinho” não ganha jogo, rapaz.

* Jornalista, do blog “Tijolaço”






segunda-feira, 30 de julho de 2018

Índice


Literário: Um blog que pensa


(Espaço dedicado ao Jornalismo Literário e à Literatura)


LINHA DO TEMPO: Doze anos e quatro meses de existência.


Leia nesta edição:


Editorial – Maldição ou privilégio?.

Coluna Em Verso e Prosa – Núbia Araújo Nonato do Amaral, crônica, “Projeto Amor.

Coluna Lira de Sete Cordas – Talis Andrade, poema, “Triste sina”.

Coluna Direto do Arquivo – Ivaldo Roland, poema, Brasília”.

Coluna Porta AbertaArita Damasceno Pettená, poema, Canto de súplica”.

Coluna Porta Aberta – Euclides Farias, crônica, “Fã da banca do Alvino”.


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PESCA EM ÁGUAS TURVAS

Prosseguindo em minha tentativa de “pesca em águas turvas”, tenho uma nova proposta a fazer às editoras. Diz-se que a internet dá visibilidade a escritores e facilita negócios. É isso o que venho tentando, há algum tempo, conferir. Tenho mais um livro, absolutamente inédito, a oferecer. Seu título é: “Dimensões infinitas”, que reúne 30 ensaios sobre temas dos mais variados e instigantes. Abordo, em linguagem acessível a todos, num estilo coloquial, assuntos tais como as dimensões do universo (tanto do macro quanto do microcosmo), o fenômeno da genialidade, a fragilidade dos atuais aparatos de justiça, o mito da caverna de Platão, a secular busca pelo lendário Eldorado, o surgimento das religiões, as tentativas de previsão do futuro e as indagações dos filósofos de todos os tempos sobre nossa origem, finalidade e destino, entre outros temas. É um livro não somente para ser lido, mas, sobretudo, para ser refletido. Meu desafio continua sendo o mesmo de quando iniciei esta tentativa de “pesca em águas turvas”. Ou seja, é o de motivar alguma editora a publicá-lo, sem que eu precise ir até ela e nem tenha que contar com algum padrinho, mas apenas pela internet, e sem que eu precise bancar a edição (já que não tenho recursos para tal). Insistirei nesta tentativa todos os dias, sem limite de tempo. Para fecharmos negócio, basta que a eventual editora interessada (e espero que alguma se interesse, pois o produto é de qualidade) entre em contato comigo no inbox do Facebook ou pelo e-mail pedrojbk@gmail.com. Quem se habilita?

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CITAÇÃO DO DIA:

Comando dos patifes 

São os patifes que comandam, os maus despojam os bons. Temo que o barco soçobre nas vagas.

(Teognis, poeta grego).



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Obs.: Se você for amante de Literatura, gostar de escrever, estiver à procura de um espaço para mostrar seus textos e quiser participar deste espaço, encaminhe-nos suas produções (crônicas, poemas, contos, ensaios etc.). O endereço do editor do Literário é: pedrojbk@gmail.com. Twitter: @bondaczuk. As portas sempre estarão abertas para a sua participação.

Editorial - Maldição ou privilégio?


Maldição ou privilégio?


A questão da importância do talento para se ter sucesso em qualquer atividade é muito controversa e polêmica. Há os que juram que sem ele é até impossível sequer cogitar, mesmo que remotamente, em êxito no que estivermos fazendo, seja lá o que for. Uns dizem que nascemos com essas aptidões naturais e que basta aplicá-las na atividade para a qual formos vocacionados para atingirmos a excelência em nossas obras. Outros, todavia, discordam, Garantem que sem aprimoramento, sem treino constante e diligente, o talento estaciona, estiola, murcha e morre.

Mas a questão que mais me intriga, notadamente em alguns escritores (e vários deles bem sucedidos), é o fato de muitos considerarem a vocação de que são dotados de “maldição”. Seria mesmo? Seria uma coisa tão ruim e nefasta e, pior, da qual a pessoa não poderia se livrar quando não mais a satisfizesse e quando melhor a aprouvesse? Discordo enfaticamente dessa posição. Considero o gosto pela literatura, e mais do que isso, o talento para exercê-la bem, com competência e proficiência, enorme privilégio. A maioria das pessoas não só não sabe tratar das grandes questões, como é incapaz até mesmo de se comunicar minimamente por escrito. Essa ignorância, sim, deve ser deplorada.

O escritor Thomas Mann, um dos clássicos da literatura alemã, escreveu no livro “Tonio Krueger – A morte em Veneza” (Boa Leitura Editora): “A literatura não é profissão alguma, e sim uma maldição...” Caso tenha se referido ao retorno econômico dessa atividade, não deixa de ter lá certa dose de razão. Há outras tantas muito mais rentáveis e menos exigentes do que o trato das letras, posto que nem sempre fascinantes. Não, pelo menos, mais do que essa maravilhosa aptidão de comunicar pensamentos e sentimentos, de relatar fatos, de gerar fantasias, de difundir conhecimentos etc. com este instrumento frágil e volátil, que é a palavra.

Ademais, ninguém obriga ninguém a fazer da literatura seu meio de vida. Quem abraça essa atividade fá-lo por amor, por convicção, por opção pessoal e nunca por obrigação. É fato que algumas pessoas nascem com talento maior para determinadas coisas do que outras. No entanto, se não desenvolvê-lo, se não estudar, não treinar, não exercitar essa aptidão, não forem aplicadas e autodisciplinadas, esta não surtirá nenhum efeito.

O artista, em especial o poeta, desenvolve com anos de exercício a capacidade de explorar sutilmente o subconsciente à cata de emoções que lhe sirvam de matéria-prima para maravilhosas obras de arte. Sons, imagens, odores, sensações agradáveis ditadas pelos cinco sentidos, são transformados por esses criadores (que valorizam e dão nobreza à vida humana) em melodias, telas, esculturas, palavras que formam metáforas bem ajustadas e harmoniosas. Com o talento de que são dotados, nos transmitem suas emoções, às quais agregamos as nossas, ditadas por nossa própria experiência pessoal. Mas isso apenas será verdadeiro se vier a desenvolvê-lo. Reitero, se burilá-lo através do estudo, desenvolvê-lo, pelo treinamento e consolidá-lo, pelo exercício.

Uma das mais belas e profundas parábolas de Cristo fala justamente sobre a distribuição de talentos – no caso específico, o nome de uma moeda da época, mas que, em sentido metafórico, simboliza as aptidões naturais com que somos dotados (ou deixamos de ser). Quem recebeu a maior quantidade, o primeiro dos servidores, aplicou-a e dobrou-a. O segundo servo, que ganhou uma quantia mediana, igualmente fez bom uso desse capital e o multiplicou. Todavia, justo quem foi menos aquinhoado, não soube o que fazer com o patrimônio.

Enterrou seu talento e teve que devolver essa única moeda recebida, ficando sem nada. E ainda foi repreendido por sua falta de iniciativa. O mesmo ocorre no mundo. Os mais talentosos, em geral, têm autodisciplina para desenvolver novas habilidades. Os tacanhos preferem encolher-se e ficar reclamando das injustiças. E acabam por sumir, sem deixar pegadas. São esses que consideram sua vocação, posto que pequena, como maldição. Por que? Porque não sabem o que fazer com ela. Ou porque não entendem bem sua natureza e alcance, superestimam-na e, claro, se frustram.

O homem pode criar arte até com o próprio corpo, com sua vida, com sua experiência pessoal, embora esta pareça fútil, trivial e sem importância. Quem sugere esse caminho é Jorge Luís Borges. "Devemos fazer com que as circunstâncias miseráveis de nossa vida se tornem coisas eternas ou em vias de eternidade". Caso apliquemos na devida medida nosso talento nessa empreitada, encontramos satisfação que dinheiro algum paga. Nossas experiências pessoais, por mais corriqueiras que pareçam, podem ter grande importância para nossos companheiros "de aventura", para as pessoas do nosso tempo e, principalmente, para as gerações futuras. As mesmas fraquezas que detectamos em nós e que buscamos esconder dos outros, para não deslustrar a nossa "imagem", são as dos que nos rodeiam, que igualmente as escondem.

Só a arte tem o condão de nos revelar a genuína grandeza do ser humano (em termos potenciais), a transcendência da vida e a beleza em toda sua majestade e magnitude. Por meio dela, com a sua linguagem simbólica, realçada pelo talento, é que expressamos, sem enganos, dissimulações ou temores, os grandiosos ideais, individuais, e coletivos (os da humanidade), esquecidos no dia-a-dia. Aqueles mesmos que nos empolgaram um dia, na juventude, mas que, na luta feroz do cotidiano, pelo pão nosso de cada dia, na batalha inglória pela sobrevivência, deixamos, pouco a pouco, se esvair e se perder no meio do caminho.

Uma citação pitoresca, acerca do talento, notadamente para as artes, foi escrita por William Faulkner e enseja inúmeras interpretações. O romancista norte-americano escreveu: “Um artista é uma criatura guiada por demônios. Não sabe porque esses demônios o escolheram e geralmente está muito ocupado para indagar a respeito”. Prefiro esta outra constatação, a de John Irving, no livro “A prayer for Owen Meany”: “Se você tiver a sorte de encontrar um meio de vida de que goste, precisará ter a coragem para vivê-la”. É isso que entendo que seja a aplicação dos talentos, da parábola de Cristo, que tende a fazê-los render, se não economicamente, em outra instância, a que mais nos importa: em satisfação! O que é, afinal, a vocação para as artes (ou para qualquer outra atividade)? É maldição ou privilégio? Ora, ora, ora...


Boa leitura!

O Editor.


Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk