Nicarágua
*
Por Emanuel Medeiros Vieira
“O
que é a vida? Uma ilusão,
uma
sombra, uma ficção,
e o
maior bem é pequeno;
que
toda vida é sonho
e,
os sonhos, sonhos são.”
(Pedro
Calderón de la Barca) – 1600-1681)
Clóvis
Rossi lembra que Fidel Castro declamou um trecho de peça de Pedro
Calderón de la Barca nos festejos dos 50 anos do Gatt (Acordo
Geral de Tarifas e Comércio), depois transformado em OMC.
E
o citado jornalista, falando da situação tenebrosa da Nicarágua,
observa: “Ah, velho Fidel, que triste ver que os sonhos que
sonharam parcelas significativas dos jovens latino-americanos
tenham sido soterrados por ditaduras”.
Em
1979, todos os democratas apoiaram a Revolução Sandinista que
derrubou a sangrenta ditadura de Somoza.
A
atual e violenta repressão do “sandinista” (?) Daniel Ortega –
que mudou de lado e optou por matar o seu próprio povo –, deixou
ao menos 351 mortos em três meses de levante popular.
Os
estudantes chamam Ortega de novo Somoza.
Ele
– traidor da revolução – aliou-se “à fatia mais
reacionária e corrupta da elite nicaraguense”.
A
Conferência Episcopal nicaraguense convocou um jejum de “explícito
conteúdo político”.
Os
bispos dizem que será “um ato de desagravo pelas profanações
realizadas estes últimos meses contra Deus” (alusão à tremenda
repressão às manifestações – em geral pacíficas – contra o
tiranete).
Informa-se
que o PT está apoiando a repressão do novo Somoza chamado Daniel
Ortega.
Custo
a acreditar que um partido dito dos trabalhadores apoie regime tão
brutal.
O
PSOL tem se manifestado abertamente contra a repressão do novo
ditador.
O
secretário de Relações Internacionais da sigla, Israel Dutra,
afirmou que Ortega “está se tornando o Assad centro-americano”.
Os
democratas de todo o mundo devem unir-se em favor do povo da
Nicarágua que está sendo literalmente massacrado.
Nenhum
homem é uma ilha.
(Brasília,
julho de 2018)
*
Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em
Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do
efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo
nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não
amava simpósios”, entre outros. Foi
indicado ao Prêmio Nobel de Literatura de 2018.
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