Colecionador
de estrelas
*
Por Flora Figueiredo
O
menino de olhos tristes
descalçou os sapatos,
rasgou os contratos
e partiu.
Foi colecionar estrelas.
Algumas delas
deslizaram do escuro
e ofereceram-se encantadas;
outras, lívidas de espanto,
ficaram acuadas sem se entregar,
pois o menino de olhos tristes
destelhara os segredos da noite
e dominara os decretos do mar.
descalçou os sapatos,
rasgou os contratos
e partiu.
Foi colecionar estrelas.
Algumas delas
deslizaram do escuro
e ofereceram-se encantadas;
outras, lívidas de espanto,
ficaram acuadas sem se entregar,
pois o menino de olhos tristes
destelhara os segredos da noite
e dominara os decretos do mar.
Ao
perceber-se abarrotado de estrelas,
o menino içou as velas
e voltou.
o menino içou as velas
e voltou.
Mas
— surpreso — constatou
que sua coleção tinha debandado
e retornado a seu próprio território.
Ele olhou o céu novamente estrelado
e dormiu agradecido.
O menino de olhos tristes tinha aprendido
a beijar a vida e abraçar o transitório.
que sua coleção tinha debandado
e retornado a seu próprio território.
Ele olhou o céu novamente estrelado
e dormiu agradecido.
O menino de olhos tristes tinha aprendido
a beijar a vida e abraçar o transitório.
(Livro
"O colecionador de estrelas")
* Poetisa,
cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a
noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão
Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo
e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua
intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça
- às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre
dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal,
seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.
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