Gangorra
*
Por Flora Figueiredo
Eu
namoro à noite,
você apaga a lua;
eu perfumo o lençol,
você dorme na rua;
eu aprumo a estrela,
você a entorta;
eu colho a maça,
você traz a lagarta;
eu rego o ipê,
você parte o galho;
eu tempero com sal,
você talha o molho;
eu lavo o cristal,
você trinca a ponta;
eu adoço com mel,
você passa do ponto
eu beijo na boca,
você faz de conta.
você apaga a lua;
eu perfumo o lençol,
você dorme na rua;
eu aprumo a estrela,
você a entorta;
eu colho a maça,
você traz a lagarta;
eu rego o ipê,
você parte o galho;
eu tempero com sal,
você talha o molho;
eu lavo o cristal,
você trinca a ponta;
eu adoço com mel,
você passa do ponto
eu beijo na boca,
você faz de conta.
* Poetisa,
cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a
noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão
Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo
e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua
intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça
- às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre
dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal,
seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.
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