Susto
*
Por Flora Figueiredo
Mais
uma vez o tempo me assusta.
Passa afobado pelo meu dia,
Passa afobado pelo meu dia,
atropela
minha hora,
despreza
minha agenda.
Corre prepotente, para
Corre prepotente, para
disputar
lugar com o vento.
O tempo envelhece,
O tempo envelhece,
não
se emenda.
Deveria haver algum decreto
Deveria haver algum decreto
que
obrigasse o tempo
a
desacelerar e
a
respeitar meu projeto.
Só assim, eu daria conta
Só assim, eu daria conta
dos
livros que vão se empilhando,
das
melodias que estão me aguardando;
das saudades que venho sentindo,
das verdades que ando mentindo,
das promessas que venho esquecendo,
dos impulsos que sigo contendo,
dos prazeres que chegam partindo,
dos receios que partem voltando.
Agora, que redijo a página final,
percebo o tanto de caminho percorrido
ao impulso da hora que vai me acelerando.
Apesar do tempo, e sua pressa desleal,
agradeço a Deus por ter vivido,
das saudades que venho sentindo,
das verdades que ando mentindo,
das promessas que venho esquecendo,
dos impulsos que sigo contendo,
dos prazeres que chegam partindo,
dos receios que partem voltando.
Agora, que redijo a página final,
percebo o tanto de caminho percorrido
ao impulso da hora que vai me acelerando.
Apesar do tempo, e sua pressa desleal,
agradeço a Deus por ter vivido,
amanhecer
e continuar teimando …
* Poetisa,
cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a
noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão
Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo
e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua
intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça
- às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre
dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal,
seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário