Amor e desamor
O
amor e o seu oposto – que gosto de chamar de “desamor”, em vez
de ódio – são os temas recorrentes mais usados por todos os
escritores, de todos os lugares e épocas, na redação dos seus
livros. Quer em ficção, quer em não ficção, implícita ou
explicitamente, o assunto está sempre presente, de uma forma ou de
outra, dando certo ou fracassando, resultando em êxtase e
realização, ou em ciúmes, frustrações, sofrimentos e, não raro,
crimes passionais.
Até
aqui, eu não disse nada de novo. Vocês, certamente, estão carecas
de saber isso. Aliás, cabe uma explicação. Chamo de desamor não à
aversão (superficial ou profunda) de uma pessoa por outra. Denomino
assim aquele amor abortado, ou seja, ou o que é somente unilateral
(em que alguém gosta de alguém, mas não é correspondido) ou o que
até começa bem, mas que finda por decepcionar uma das partes,
depois que conhece melhor o parceiro e conclui que este não satisfaz
suas expectativas (físicas, emocionais e/ou afetivas).
Apesar
do título destas considerações, não é bem desse aspecto que vou
tratar. É de algo mais insólito e original. Você já ouviu falar
de “amor ecológico”? Não me refiro ao que devemos ter pela
natureza (do qual, certamente, já foi cientificado), mas do que um
homem dedica a uma mulher, e que seja “politicamente correto”. Ou
melhor, “ecologicamente correto”.
Quem
traz o pitoresco tema à baila é a escritora norte-americana
Stefanie Íris Weiss, no livro “Eco-sex”. Ela não trata, na
verdade, propriamente do amor enquanto sentimento, mas de um ato que
pode (ou não) ser seu complemento natural: o sexo.
Weiss
justifica da seguinte forma a escolha do tema: “Eu sempre quis
escrever um livro sobre sexo. Sou ambientalista engajada e sou
vegetariana há vinte anos. Eu mal pude acreditar quando percebi que
ninguém tinha escrito nada sobre esse assunto”, afirmou, tempos
atrás, à agência de notícias Reuters.
Calma
lá, leitor, juro que não estou brincando. Este é um livro, uma
espécie de manual, para ensinar-nos a fazer sexo “ecologicamente
correto”. Era só o que faltava! A escritora, atualmente com 48
anos de idade, cita comportamentos afetivos, e/ou sexuais, que a seu
ver contribuem para a agressão do meio ambiente. Menciona, por
exemplo, aquele tradicional buquê de rosas que damos à amada no Dia
dos Namorados ou por ocasião do seu aniversário.
Weiss
entende que, apesar da nossa boa intenção, esse é um procedimento
errado. Argumenta que, ao fazer isso, nos esquecemos do custo
ambiental que a produção dessas flores traz e, pior, da emissão de
carbono que se dá dos veículos usados para o transporte dos locais
de plantação para as várias floriculturas. Bah! Então estou
contribuindo para o efeito estufa quando dou rosas (ou margaridas, ou
sei lá o quê) à amada?!!!! Nossa, eu não sabia!!!!
Quanto
ao ato sexual (ponto que ela mais aborda, evidentemente, em seu
livro, daí o título), enfatiza os estragos causados ao meio
ambiente pelas camisinhas usadas e jogadas na privada, que entopem os
encanamentos ou que chegam aos esgotos, para, no final,
possivelmente, poluírem rios e oceanos.
Mas
Weiss não se limita a apontar deslizes ecológicos do amor e do sexo
(principalmente deste). Apresenta alternativas “ecologicamente
corretas” para amarmos e, notadamente, para copularmos. Entre
estas, destaca a necessidade do uso apenas de cosméticos naturais
orgânicos, de camisinhas de látex biodegradável e de colchões de
borracha natural, entre tantas e tantas e tantas outras coisas.
A
recomendação mais radical, porém, para darmos nossa contribuição
à saúde do Planeta, é a de “termos poucos filhos, de
preferência, nenhum”. Lembra que, se nada for feito nesse sentido,
o mundo terá, já em 2040, nove bilhões de habitantes. “Pense nos
90% das fraldas descartáveis vendidas todos os anos e que acabam nos
aterros sanitários!”, enfatiza.
Pois
é, só não sei em que categoria temática classificar o livro
“Eco-Sex”: se na de amor ou de desamor. Uma coisa é certa: esta
bateu todos os recordes de originalidade (ou seria de exagero? Ou de
maluquice?). Enfim... Literatura também tem dessas coisas!
Boa
leitura!
O
Editor.
Esta daí falou somente do pingo do i de um determinado i e não de todos eles. É a superespecialização da superespecialização. Além de original, acabou por inventar uma nova matéria para estudo.
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