terça-feira, 14 de agosto de 2018

Meus cantos - Clara Góes


Meus cantos



* Por Clara Góes



Meus cantos

entretecidos fiam-se no encanto de escuros improváveis.

Não há foco nem cena possíveis.
Cancrejo
Há uma zona de luz entre abismos acanhados em que me findo, latejando.
Aún: esteio de ventania.
Um corvo veio e bicou-me com tudo. Partiu.
No umbigo me ficou o negror furando o mundo em derredor.


Lambuzou minhas paredes de veneno e, doravante, quem bica morre.


Passou. O vento. O tempo. O depois.


O corvo?
Nem, nem.


* Poetisa, psicanalista e historiadora potiguar.
 
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário