Dias de sol. Noites de verão.
* Por Fernando Mariz Masagão
É
uma agradável noite de verão,
muito
embora ainda fosse primavera,
não
fosse o inverno que perdurara até esta noite de verão.
Inesperada,
saudável,
querida.
Fresca
e translúcida.
Noite
pra se enxergar o amor
e
pra se morrer em paz...
Sempre
que uma pessoa atormentada morre
o
céu nubla
e
a noite chega ocre,
pesada.
Não
translúcida e fresca e saudável.
Nossa
disposição deveria ser sempre
como
a chegada de uma noite de verão,
nunca
a progressão da sombra
(tão
inexorável como a outra);
Deveria
ser sempre um pôr-do-sol
que
anuncia uma agradável noite de verão.
Mas
se a vida clama, a cidade impera
e,
tal qual o Tempo, não poupa seus habitantes.
Não
respeita os silêncios fúnebres,
nem
faz caso da aventura humana –
ainda
que sejam cidade e tempo casos da aventura humana.
Parte
dos homens reinventando-se:
criando
monstros carnívoros
a
aberração na natureza...
o
bicho que não se quer
e
que transforma o mundo -
pelo
menos na parte que conseguiu roubar a Deus.
Por
isso a necessidade de sermos sempre
dias
de sol e noites de verão.
Porque
a sombra espreita
e
oprime
e
antecipa.
*Músico,
dramaturgo, poeta e colaborador de publicações online sobre arte,
com crônicas e críticas musicais. Guitarrista e vocalista de bandas
de rock'n'roll, tem formação clássica
vigorosa e m cursos de regência sinfônica, apreciação
musical e instrumentação.
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