Sereia
*
Por Eduardo Oliveira Freire
Aí
está ele, o mar, o mais ininteligível das existências não
humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível
dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si
mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar".
Sempre
desconfiei que minha mãe fosse uma sereia. Passava horas a olhar uma
foto de mar e ler uma crônica de Clarice Lispector: As águas
do mar. Morávamos numa cidade que não tinha praia.
Quando
chorava, ela lambia minhas lágrimas e dizia que tinha gosto do mar.
Um
dia, viajamos para conhecê-lo. Ela desapareceu nas profundezas.
Em
sonhos, vejo-a a flutuar no fundo do oceano e seu olhar me diz que
está bem.
*
Formado
em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense.
Pós-Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é
aspirante
a escritor.
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