quinta-feira, 16 de dezembro de 2010




Está nos livros!

* Por Fernando Yanmar Narciso



Pra princípio de conversa, deixe-me fazer uma pergunta um tanto absurda: Você teria coragem de esfaquear uma criança? Pior, teria coragem de esfaquear sua criancinha? Duvido, pois se você for tão normal como eu- Iiiiiiiihhh…- nunca teria coragem de cometer tal barbárie. Mas, supondo que a religião que segue tenha por lei o flagelo de recém-nascidos, e que seja um praticante fervoroso de tal religião, você o faria? O Abraão da Bíblia quase matou o filho dele, e estava mesmo disposto a fazê-lo se assim fosse a vontade divina.
Eis uma coisa que talvez os religiosos não pensem com freqüência: Será que o objetivo das pessoas que escreveram os tais livros sagrados era que cada palavra escrita neles fosse seguida à risca? Como o personagem Leigh Teabing de O Código Da Vinci bem disse: “a Bíblia não desceu do paraíso via fax”. Tanto ela como o alcorão, o torá e as demais santas escrituras ao redor do mundo foram reescritos e adaptados por várias mãos, conforme os dados do tempo rolavam na mesa. É sabido hoje que a Bíblia possui vários erros de tradução, que mudaram totalmente o sentido da mensagem original, como a conhecida história dos “chifres” de Moisés, ou a especulação que a palavra “jovem” foi mal traduzida para “virgem” para se referir à mãe de Jesus. A história sagrada foi tão adulterada que há uma boa possibilidade de alguns desses textos terem sido escritos ou modificados por gênios ancestrais da comédia.
Que tal a história de Adão e Eva? Então, os dois primeiros habitantes andavam livres pelo paraíso, tirando uma pequena ressalva. Não podiam comer do “fruto proibido”. Aí, aparece uma cobra FALANTE, que graças à retórica e lábia irrefutáveis, consegue dobrar Eva, que deve ser a criatura mais ingênua já surgida no mundo, mais até que o Totó da novela, a comer o tal fruto, provocando assim a ira de Deus, o síndico do lugar. Quais as punições que o Todo Poderoso lhes dá? Ao casalzinho, além de serem expulsos do paraíso, Eva teria de sofrer as dores do parto. E o castigo da cobra falante, que foi quem começou essa pendenga toda? Arrastar eternamente sua barriga no chão. Nada mais justo… Teria sido mais fácil se Eva desse um chute na serpente, concordam?
Parece história de criança, né? Pois tem muita gente bem formada que acredita que essa história seja verdadeira, chegando ao ponto de nunca ter comido maçã na vida, com medo de serem expulsos de algum lugar por Deus. E sobre a história da Arca de Noé? Muitos acreditam que o dilúvio de 40 dias e 40 noites e a embarcação do tamanho de uma cidade contendo 2 animais de cada espécie – as de existência comprovada naquele tempo – foram baseados em ocorrências reais. Chegaram ao cúmulo de fazer documentários no canal Discovery para provar sua veracidade, não apenas dessa passagem da Bíblia, mas também da divisão do Mar Vermelho, da praga de gafanhotos, da chuva de fogo e muitas outras. Pode?
Bom, talvez esses exemplos não façam justiça ao meu raciocínio, mas até os religiosos mais ortodoxos podem concordar que alguns hábitos descritos nos livros sagrados parecem debochar de seus fieis. Xadores e burkas não parecem criações de algum piadista com espírito de porco para zombar das mulheres? Provavelmente uns fundamentalistas islâmicos que vinham passando pela rua podem ter visto as mulheres cobertas da cabeça aos pés, gostaram da idéia e puf! Nova cláusula no Alcorão. Falando no islamismo, existem dois tipos de fé islâmica: A praticada pelos comuns e a praticada pelos extremistas. Estes estão em eterna guerra contra tudo que consideram diferente deles. Em certos países os governos fundamentalistas ou milícias retrógradas como a Al Qaeda não permitem trivialidades como soltar pipa, pendurar roupas no varal ou escutar música.
Na Índia quase toda a população é vegetariana, pois o hinduísmo prega que o homem nunca deve ferir um ser vivo. Ato louvável, mas as pessoas não “ferem” os pezinhos de alface ao removê-los pela raiz? Já imaginaram como o mundo seria se todos fossem vegetarianos? Seríamos anêmicos, e provavelmente nem caberíamos no mundo de tantos bois, vacas, galinhas, carneiros, etc. perambulando por aí. Mas como o mundo tem ficado assim de bicões da filosofia hindu e de várias outras filosofias nos últimos tempos, tem sido cada vez mais difícil agradar a família toda nas festas de fim de ano…

* Fernando Yanmar Narciso, 26 anos, formado em Design, filho de Mara Narciso, escritor do blog “O Blog do Yanmar”, http://fernandoyanmar.wordpress.com

2 comentários:

  1. Muito do que nos chega, pode nos parecer barbárie.
    E para mim é! Mas dizem que "cultural"...aos meus
    ouvidos soa como uma forma bem confortável de
    exercer a maldade, o lado negro da força...
    Texto maravilhosos Fernando!
    Abração amigo.

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  2. É preciso coragem para ter independência de pensamento, questionar, opinar e se expor. Muitos não passam da primeira etapa.

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