Entre os melhores do ano
Quais foram os melhores lançamentos de livros de 2010, no Brasil? É possível, por exemplo, definir um “top 10” sem causar maiores controvérsias? Eu responderia: sim e não. Depende o que se entende por melhor. Seriam, acaso, os mais vendidos, os tais best-sellers? Eu não iria por este caminho. Muita obra que eu não manteria em minha biblioteca esgota edição após edição anualmente. Por uma questão ética, sequer mencionarei exemplos. Eu não adotaria esse critério.
Então por qual eu definiria meu “top 10”? Pelo da qualidade literária? Neste caso, seria impossível, para se fazer justiça, selecionar somente dez lançamentos. Ademais, essa questão de “melhor” e de “pior”, principalmente em literatura, é muito subjetiva. Mesmo livros tecnicamente impecáveis não raro desagradam muita gente, por esta ou aquela razão, e vice-versa.
Na impossibilidade de organizar meu próprio ranking, pelos motivos assinalados, prefiro embarcar no de outros. Claro que para isso preciso recorrer a críticos que sejam, reconhecidamente, competentes e de bom-gosto. Neste caso, acho os colunistas do portal UOL, Daniel Benevides e Marta Barbosa ideais, talhados para isso. Ambos resenharam, ao longo do ano, os principais lançamentos do mercado editorial brasileiro e se arriscaram a elaborar seu “top 10” conjunto. Por concordar com a maioria, praticamente a totalidade, das suas escolhas, embarco nessa onda.
Dois livros de autores brasileiros figuram nessa seleta relação, o que é digno de nota, pois as editoras e, sobretudo, os leitores não privilegiam, via de regra, os “pratas da casa”. Isso mostra que, a despeito das dificuldades e, em especial, da má vontade, da grande mídia para a divulgação da nossa produção, a literatura brasileira vai de vento em popa, ao contrário do que pensam os mal-informados e os que descartam, liminarmente, qualquer coisa que se faça no País. Há muito caipira empolgado por aí que ainda acha que priorizar produção estrangeira seja do que for, mesmo que de mau gosto e baixa qualidade, é ser “cosmopolita”. Entendo que seja assumir estúpida alienação. Mas... deixa pra lá.
As coisas ficaram bem divididas por nacionalidade. Temos, nos “top 10” dos colunistas do UOL, além de dois brasileiros, dois britânicos, dois russos, um irlandês, um norte-americano, um português e um mexicano. Como se nota, trata-se de um “mix” bastante variado. São livros que farei todo o esforço possível para contar com eles em minha biblioteca e que, caso haja oportunidade, pretendo comentar, um a um, aqui, neste espaço.
Vamos, pois, sem mais delongas, ao “top 10”? A ordem, obviamente, é aleatória. O livro citado em primeiro lugar não é, necessariamente, o melhor, o mesmo ocorrendo com o mencionado em 10º, que está longe de ser o pior. A ordem de citação, pois, não quer dizer nada. Todos, no meu entender, estão empatados na liderança. Feita a observação, vamos ao que interessa:
1º. O mestre e Margarida, de Mikhail Bulgakóv – Trata-se de obra que permaneceu proibida na Rússia durante muito tempo, no período soviético, pelas autoridades comunistas de então. O livro inspirou um célebre rock dos Rolling Stones, “Symphony for the Devil”.
2ª. Uma fome, livro de contos do escritor gaúcho Leandro Sarmatz. Muito bom. Recomendo sem pestanejar.
3º. “2666”, do mexicano Roberto Bolaño. Sem comentários.
4º. Deixe o mundo girar, do escritor irlandês Colum McCann. Simplesmente excitante. Vale a pena ler. Por que afirmo isso? Ora, ora, ora, a obra valeu ao autor a conquista do National Book Award, a principal premiação literária dos Estados Unidos. E esse prêmio não é para qualquer um!
5º O problema dos desconhecidos: um estudo de ética, do filósofo e crítico de arte britânico Terry Eagleton. Quem esteve no Festival Literário Internacional de Parati, em agosto de 2010, pôde conhecê-lo de perto. Ele prestigiou o evento.
6º. Caim, de José Saramago. Lançado em final de 2009, este foi o último livro do consagrado escritor português a ser publicado por ele em vida. E é dos melhores, da sua reconhecidamente excelente produção.
7º. Lady Macbeth no Distrito de Mtzensk, do russo Nikolai Leskov. Divertidíssimo.
8º. Lugar, de Reni Adriano. O livro é tão bom que foi o vencedor, na categoria Ficção, do Prêmio Minas Gerais de Literatura em 2009. Prova que “santo de casa” às vezes também faz milagres, contrariando o dito popular.
9º. Invisível, do norte-americano Paul Auster, escritor que dispensa comentários, várias vezes especulado como candidato cativo aos prêmios Pulitzer e Nobel de Literatura.
10º. Solar, do também britânico Ian McEwan, chamado, por vezes, de “Ian Macabro”, em virtude da natureza das suas primeiras obras.
Reitero, todavia, o que escrevi acima: tanto concordo com esta lista de “top 10” do UOL, como concordaria, provavelmente, com qualquer outra envolvendo escritores e livros de qualidade elaborada por outros tantos críticos. Como assumi a relação da dupla Daniel Benevides e Marta Barbosa, e para ser coerente, mesmo não sendo escrivão de cartório, assino embaixo, reconheço e dou fé.
Boa leitura.
O Editor.
Quais foram os melhores lançamentos de livros de 2010, no Brasil? É possível, por exemplo, definir um “top 10” sem causar maiores controvérsias? Eu responderia: sim e não. Depende o que se entende por melhor. Seriam, acaso, os mais vendidos, os tais best-sellers? Eu não iria por este caminho. Muita obra que eu não manteria em minha biblioteca esgota edição após edição anualmente. Por uma questão ética, sequer mencionarei exemplos. Eu não adotaria esse critério.
Então por qual eu definiria meu “top 10”? Pelo da qualidade literária? Neste caso, seria impossível, para se fazer justiça, selecionar somente dez lançamentos. Ademais, essa questão de “melhor” e de “pior”, principalmente em literatura, é muito subjetiva. Mesmo livros tecnicamente impecáveis não raro desagradam muita gente, por esta ou aquela razão, e vice-versa.
Na impossibilidade de organizar meu próprio ranking, pelos motivos assinalados, prefiro embarcar no de outros. Claro que para isso preciso recorrer a críticos que sejam, reconhecidamente, competentes e de bom-gosto. Neste caso, acho os colunistas do portal UOL, Daniel Benevides e Marta Barbosa ideais, talhados para isso. Ambos resenharam, ao longo do ano, os principais lançamentos do mercado editorial brasileiro e se arriscaram a elaborar seu “top 10” conjunto. Por concordar com a maioria, praticamente a totalidade, das suas escolhas, embarco nessa onda.
Dois livros de autores brasileiros figuram nessa seleta relação, o que é digno de nota, pois as editoras e, sobretudo, os leitores não privilegiam, via de regra, os “pratas da casa”. Isso mostra que, a despeito das dificuldades e, em especial, da má vontade, da grande mídia para a divulgação da nossa produção, a literatura brasileira vai de vento em popa, ao contrário do que pensam os mal-informados e os que descartam, liminarmente, qualquer coisa que se faça no País. Há muito caipira empolgado por aí que ainda acha que priorizar produção estrangeira seja do que for, mesmo que de mau gosto e baixa qualidade, é ser “cosmopolita”. Entendo que seja assumir estúpida alienação. Mas... deixa pra lá.
As coisas ficaram bem divididas por nacionalidade. Temos, nos “top 10” dos colunistas do UOL, além de dois brasileiros, dois britânicos, dois russos, um irlandês, um norte-americano, um português e um mexicano. Como se nota, trata-se de um “mix” bastante variado. São livros que farei todo o esforço possível para contar com eles em minha biblioteca e que, caso haja oportunidade, pretendo comentar, um a um, aqui, neste espaço.
Vamos, pois, sem mais delongas, ao “top 10”? A ordem, obviamente, é aleatória. O livro citado em primeiro lugar não é, necessariamente, o melhor, o mesmo ocorrendo com o mencionado em 10º, que está longe de ser o pior. A ordem de citação, pois, não quer dizer nada. Todos, no meu entender, estão empatados na liderança. Feita a observação, vamos ao que interessa:
1º. O mestre e Margarida, de Mikhail Bulgakóv – Trata-se de obra que permaneceu proibida na Rússia durante muito tempo, no período soviético, pelas autoridades comunistas de então. O livro inspirou um célebre rock dos Rolling Stones, “Symphony for the Devil”.
2ª. Uma fome, livro de contos do escritor gaúcho Leandro Sarmatz. Muito bom. Recomendo sem pestanejar.
3º. “2666”, do mexicano Roberto Bolaño. Sem comentários.
4º. Deixe o mundo girar, do escritor irlandês Colum McCann. Simplesmente excitante. Vale a pena ler. Por que afirmo isso? Ora, ora, ora, a obra valeu ao autor a conquista do National Book Award, a principal premiação literária dos Estados Unidos. E esse prêmio não é para qualquer um!
5º O problema dos desconhecidos: um estudo de ética, do filósofo e crítico de arte britânico Terry Eagleton. Quem esteve no Festival Literário Internacional de Parati, em agosto de 2010, pôde conhecê-lo de perto. Ele prestigiou o evento.
6º. Caim, de José Saramago. Lançado em final de 2009, este foi o último livro do consagrado escritor português a ser publicado por ele em vida. E é dos melhores, da sua reconhecidamente excelente produção.
7º. Lady Macbeth no Distrito de Mtzensk, do russo Nikolai Leskov. Divertidíssimo.
8º. Lugar, de Reni Adriano. O livro é tão bom que foi o vencedor, na categoria Ficção, do Prêmio Minas Gerais de Literatura em 2009. Prova que “santo de casa” às vezes também faz milagres, contrariando o dito popular.
9º. Invisível, do norte-americano Paul Auster, escritor que dispensa comentários, várias vezes especulado como candidato cativo aos prêmios Pulitzer e Nobel de Literatura.
10º. Solar, do também britânico Ian McEwan, chamado, por vezes, de “Ian Macabro”, em virtude da natureza das suas primeiras obras.
Reitero, todavia, o que escrevi acima: tanto concordo com esta lista de “top 10” do UOL, como concordaria, provavelmente, com qualquer outra envolvendo escritores e livros de qualidade elaborada por outros tantos críticos. Como assumi a relação da dupla Daniel Benevides e Marta Barbosa, e para ser coerente, mesmo não sendo escrivão de cartório, assino embaixo, reconheço e dou fé.
Boa leitura.
O Editor.
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Gostaria de ter dez olhos para poder ler tudo que tenho vontade. Mesmo dormindo menos de cinco horas a cada 24, não consigo por em dia minhas leituras. Mas eu chego lá!
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