sábado, 25 de dezembro de 2010


Poema de Natal com água

* Por Miguel Jorge

Do menino se viam os pezinhos cruzados,
o sol, nas águas do seu corpo,
secava os cabelos prateados.

Em meus olhos, outro menino
na Manjedoura, talhado em ternura,
nada sabe do mundo.

E se fosse somente pelos pés, um menino
seria o outro, afora a costura do tempo.
As alucinações do mundo, as mesmas,
a desorganizarem sonhos em imagens
pelo planeta.

Que fosse por este Natal, o encontro das raças.
De alguém a atar abraços, os dedos assim,
entrelaçados ao acaso. A vitória do amor, na
leveza do silêncio que o alimenta.

Entre um céu e outro, o sol enche de luz
os objetos. Bichos e santos num instante
de eternidade a se renovarEm naquela noite.

A chama da beleza rudemente acesa floresce
as distantes manhãs: e que nada se diga dos
mistérios dos corações, as águas dos rios
a destrançarem hemisférios.

É Natal! Deito-me e o nome continua
a ecoar enorme dentro de minha infância:
É Natal!

Um breve rumor de palavras escritas
na alma e outras tantas que, mudas,
não foram ditas.
É Natal! Precisamos justificar
o peso do tempo que passa,
pesa e nos enlaça.

• Poeta, romancista e contista matogrossense

Nenhum comentário:

Postar um comentário