Crônica
* Por Sayonara Lino
O prazo expirou, a fonte secou, o aluguel venceu, um dia, quiçá, paguemos para respirar. Dizem que o buraco na camada de ozônio irá aumentar, a água talvez acabe, algumas cidades brasileiras estão submersas, outras com um sol de rachar a moleira.
Hoje, ninguém sorriu ao me ver, fiquei sabendo que tio Augusto morreu, que a mãe solteira e abandonada pariu, que a gengiva da vizinha inflamou e seus dentes podem cair.
O pessoal da cobertura vai dar uma baita festa para comemorar o êxito do filho caçula na faculdade de medicina de uma instituição particular. Juju disse que Sônia corre o risco de mudar-se do prédio pois a taxa do condomínio foi reajustada e ela não dará conta de pagar o acréscimo inesperado.
Maria Antônia viajou de um lugarejo de Minas com destino a São Paulo a fim de realizar uma cirurgia no cérebro. Tendo êxito, recobrou a saúde e pretende retornar ao lar, curtir a netinha e cuidar da pequena horta que cultiva no quintal.
João bebeu pinga com mel, cercou Joana em frente ao beco próximo ao botequim, disparou em sua cabeça sem dizer uma palavra e morreu ali mesmo. Uma semana depois, Joana reconciliou-se com Vavá, namorado de adolescência, e parece que andam rindo à toa.
Minhas primas me ligaram e disseram que a programação de suas férias será no Rio de Janeiro. Eu talvez vá passear em Tabuleirinho, um lugar pequenino onde o galo será meu despertador.
O cotidiano segue, ininterrupto. Enquanto isso, junto meus fragmentos, os fragmentos alheios, e vou tecendo esta colcha de retalhos muitíssimo variada: crônica.
• Jornalista, fotógrafa e colunista do Literário
* Por Sayonara Lino
O prazo expirou, a fonte secou, o aluguel venceu, um dia, quiçá, paguemos para respirar. Dizem que o buraco na camada de ozônio irá aumentar, a água talvez acabe, algumas cidades brasileiras estão submersas, outras com um sol de rachar a moleira.
Hoje, ninguém sorriu ao me ver, fiquei sabendo que tio Augusto morreu, que a mãe solteira e abandonada pariu, que a gengiva da vizinha inflamou e seus dentes podem cair.
O pessoal da cobertura vai dar uma baita festa para comemorar o êxito do filho caçula na faculdade de medicina de uma instituição particular. Juju disse que Sônia corre o risco de mudar-se do prédio pois a taxa do condomínio foi reajustada e ela não dará conta de pagar o acréscimo inesperado.
Maria Antônia viajou de um lugarejo de Minas com destino a São Paulo a fim de realizar uma cirurgia no cérebro. Tendo êxito, recobrou a saúde e pretende retornar ao lar, curtir a netinha e cuidar da pequena horta que cultiva no quintal.
João bebeu pinga com mel, cercou Joana em frente ao beco próximo ao botequim, disparou em sua cabeça sem dizer uma palavra e morreu ali mesmo. Uma semana depois, Joana reconciliou-se com Vavá, namorado de adolescência, e parece que andam rindo à toa.
Minhas primas me ligaram e disseram que a programação de suas férias será no Rio de Janeiro. Eu talvez vá passear em Tabuleirinho, um lugar pequenino onde o galo será meu despertador.
O cotidiano segue, ininterrupto. Enquanto isso, junto meus fragmentos, os fragmentos alheios, e vou tecendo esta colcha de retalhos muitíssimo variada: crônica.
• Jornalista, fotógrafa e colunista do Literário
É interessante essa teia que nos liga
ResponderExcluirao universo.
Ontem pode ser sido um dia cinzento para uns
e ensolarado para outros.
E, assim vamos vivendo.
Beijos Sayonara
Olha, gostei muito da crônica.
ResponderExcluirPor esse mundo fazem suas andanças e de um universo representado nesta " colcha de retalhos muitíssimo variada: crônica."
Beijos, Sayonara!
Ficou diferente esse apanhado geral, feito noticiário, com um quê jornalístico. O título chamou à agradável leitura.
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