segunda-feira, 23 de maio de 2011







De alma lavada

* Por Clóvis Campêlo

Os tempos modernos não nos permitem descanso e muito menos dormir sobre os louros das vitórias. Passados os momentos de euforia, temos que voltar à luta, à labuta diária de matar leões e timbus e outros bichos menores e reconstruir o nome, a história e a glória do Santa Cruz Futebol Clube.
Foi assim, abatido por uma virose inesperada, a gripe do boi, que nem mesmo pude comemorar adequadamente a conquista do campeonato pernambucano deste ano. O Santinha veio devagar, correndo por fora, e, como quem não quer querendo, abocanhou o caneco do Estadual 2011.
Chega, porém, de comemorações, deferências, elogios. É hora de traçarmos as metas para a disputa da Série D do Campeonato Brasileiro, que se inicia em julho. Precisaremos da mesma eficiência que nos fez chegar ao título estadual para vencermos a Série D e subirmos à Série C nacional. O nosso caminho de volta à elite do futebol brasileiro será longo, árduo e difícil. Disso ninguém duvida. Ninguém duvida também que, dentro de uma perspectiva ascendente, temos todas as condições de lograrmos êxito nessa empreitada e, no próximo ano, colocarmos o Santa Cruz em um patamar superior ao que se encontra atualmente.
No entanto, diante de uma conquista tão expressiva e significativa, mesmo já passados alguns dias, não poderíamos deixar de ressaltar alguns aspectos singulares e traçar alguns paralelos com outros momentos históricos anteriores do clube coral.
Assim como em 2005, ano de outra grande conquista nossa, começamos o ano sem lenço e sem documento. A vinda de Zé Teodoro e a montagem do time dentro de uma política financeira realista, com os pés no chão, nos mostrou que seria dentro dessas limitações que teríamos de firmar a nossa competência dentro e fora de campo. E felizmente tudo deu certo. As vitórias foram surgindo e criando um clima de maior confiança entre a grande torcida coral e o elenco e a direção técnica. Algumas derrotas também nos surpreenderam, mas não chegaram a abalar essa relação. Pelo contrário, serviram para que alguns erros fossem corrigidos e alguns acertos fossem feitos no time. Determinados jogadores, como Landu e Tiago Cunha, que chegaram ao clube sob o signo da desconfiança da torcida, foram se entrosando, deslanchando e tornando-se peças principais na campanha. Outros, prata da casa, como Memo e Gilberto, que já tinham tido várias outras chances no time principal, sem se afirmarem, superaram-se, adquiriram a confiança necessária e colocaram à mostra, dentro de campo, os seus verdadeiros valores. Renatinho e Tiago Cardoso foram outros dois grandes nomes que se firmaram ao longo do campeonato, saindo do anonimato e entrando no rol definitivo dos campeões.
De 1995 para cá, esse é apenas o nosso terceiro título estadual. Muito pouco para um clube com a torcida e grandeza do Santa Cruz. Importante, porém, para reacender a nossa auto-estima e a nossa confiança num futuro promissor e menos ingrato do que o passado recente.

• Poeta, jornalista e radialista

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