Bandeira branca no 21º BC.
Pedro Calado é deportado
* Por Marco Albertim
O arquivamento do processo contra os insurgentes de 29 a 30 de outubro de 1931, não evita o envio de trezentos soldados, 60 sargentos e quinze oficiais ao Presídio de Fernando de Noronha. Mais de 60 sucumbem à beribéri. Os sobreviventes são trazidos ao Recife em fevereiro de 1933, para julgamento. Os 1024 civis indiciados, mantidos na Casa de Detenção. Em condições sub-humanas, rebelam-se. Duzentos são levados para a Ilha de Fernando de Noronha. A Comissão de Inquérito é presidida pelo juiz federal, Djalma Tavares da Cunha Melo, com perfil hostil aos insurgentes.
Pedro Eloi Pereira Calado, chefe civil da sublevação, tentara organizar a resistência na localidade de Afogados. O propósito era aproveitar a noite para a dispersão de sua tropa. Em seguida, viaja para Paudalho, onde é preso com alguns partidários e trazido ao Recife. O interventor Carlos de Lima Cavalcanti, à força, embarca-o no vapor Cuiabá, para Portugal; em março de l933, um ano e cinco meses depois de o processo ser arquivado. As prisões estão cheias de revoltosos. Há notícias da degola de trabalhadores.
O governo de Carlos de Lima fora reforçado com o apoio de voluntários e de militares de Tiros de Guerra do interior. Os voluntários foram trazidos de Pesqueira, tendo à frente o padre Alfredo de Arruda Câmara. Por derradeiro, o reforço das tropas do 22º BC da Paraíba, comandadas pelo tenente Ernesto Geisel, mais tarde general da ditadura.
O 21º Batalhão de Caçadores é transferido para Natal, Rio Grande do Norte; a unidade militar tornara-se famosa por suas iniciativas de confraternização com movimentos populares, inclusive nos folguedos de rua. Ao Recife é trazido o 29º BC, de Natal. O 21º fora comandado pelo tenente Agapito Pereira; convencido a se render depois de o quartel se ver cercado, ele hasteia a bandeira branca na manhã de 30 de outubro de 1931.
O interventor do estado, em documento que ele chama de apelo, proíbe a venda de armas, a circulação de “boatos”, reunião nas ruas, praças e logradouros, o transporte em veículos de pessoas suspeitas.
Em seu livro A Revolução de 29 de Outubro de 1931, Pedro Calado, reconhecendo as características de quartelada do movimento, diz que “se tratava da substituição de homens por homens (...)”. Paulo Cavalcanti, em O caso eu conto como o caso foi, atribui o fracasso à ausência de “um experimentado e enérgico chefe militar, que coordenasse as ações com o aproveitamento das condições objetivas que o momento propiciava.” Em que pese a pretensão do título, o que se quer aqui relevar é a limitada perspectiva de mudança dos chefes; por efeito, a não menos limitada organicidade nos segmentos populares. Apesar da participação de populares. Comparando com a esquerda de hoje, cujos propósitos distinguem com precisão os rumos para o país completar outro ciclo de sua história, a esquerda de então não tinha em conta a correlação de forças.
*Jornalista e escritor. Trabalhou no Jornal do Commércio e Diário de Pernambuco, ambos de Recife. Escreveu contos para o sítio espanhol La Insignia. Em 2006, foi ganhador do concurso nacional de contos “Osman Lins”. Em 2008, obteve Menção Honrosa em concurso do Conselho Municipal de Política Cultural do Recife. A convite, integra as coletâneas “Panorâmica do Conto em Pernambuco” e “Contos de Natal”. Tem dois livros de contos e um romance.
Pedro Calado é deportado
* Por Marco Albertim
O arquivamento do processo contra os insurgentes de 29 a 30 de outubro de 1931, não evita o envio de trezentos soldados, 60 sargentos e quinze oficiais ao Presídio de Fernando de Noronha. Mais de 60 sucumbem à beribéri. Os sobreviventes são trazidos ao Recife em fevereiro de 1933, para julgamento. Os 1024 civis indiciados, mantidos na Casa de Detenção. Em condições sub-humanas, rebelam-se. Duzentos são levados para a Ilha de Fernando de Noronha. A Comissão de Inquérito é presidida pelo juiz federal, Djalma Tavares da Cunha Melo, com perfil hostil aos insurgentes.
Pedro Eloi Pereira Calado, chefe civil da sublevação, tentara organizar a resistência na localidade de Afogados. O propósito era aproveitar a noite para a dispersão de sua tropa. Em seguida, viaja para Paudalho, onde é preso com alguns partidários e trazido ao Recife. O interventor Carlos de Lima Cavalcanti, à força, embarca-o no vapor Cuiabá, para Portugal; em março de l933, um ano e cinco meses depois de o processo ser arquivado. As prisões estão cheias de revoltosos. Há notícias da degola de trabalhadores.
O governo de Carlos de Lima fora reforçado com o apoio de voluntários e de militares de Tiros de Guerra do interior. Os voluntários foram trazidos de Pesqueira, tendo à frente o padre Alfredo de Arruda Câmara. Por derradeiro, o reforço das tropas do 22º BC da Paraíba, comandadas pelo tenente Ernesto Geisel, mais tarde general da ditadura.
O 21º Batalhão de Caçadores é transferido para Natal, Rio Grande do Norte; a unidade militar tornara-se famosa por suas iniciativas de confraternização com movimentos populares, inclusive nos folguedos de rua. Ao Recife é trazido o 29º BC, de Natal. O 21º fora comandado pelo tenente Agapito Pereira; convencido a se render depois de o quartel se ver cercado, ele hasteia a bandeira branca na manhã de 30 de outubro de 1931.
O interventor do estado, em documento que ele chama de apelo, proíbe a venda de armas, a circulação de “boatos”, reunião nas ruas, praças e logradouros, o transporte em veículos de pessoas suspeitas.
Em seu livro A Revolução de 29 de Outubro de 1931, Pedro Calado, reconhecendo as características de quartelada do movimento, diz que “se tratava da substituição de homens por homens (...)”. Paulo Cavalcanti, em O caso eu conto como o caso foi, atribui o fracasso à ausência de “um experimentado e enérgico chefe militar, que coordenasse as ações com o aproveitamento das condições objetivas que o momento propiciava.” Em que pese a pretensão do título, o que se quer aqui relevar é a limitada perspectiva de mudança dos chefes; por efeito, a não menos limitada organicidade nos segmentos populares. Apesar da participação de populares. Comparando com a esquerda de hoje, cujos propósitos distinguem com precisão os rumos para o país completar outro ciclo de sua história, a esquerda de então não tinha em conta a correlação de forças.
*Jornalista e escritor. Trabalhou no Jornal do Commércio e Diário de Pernambuco, ambos de Recife. Escreveu contos para o sítio espanhol La Insignia. Em 2006, foi ganhador do concurso nacional de contos “Osman Lins”. Em 2008, obteve Menção Honrosa em concurso do Conselho Municipal de Política Cultural do Recife. A convite, integra as coletâneas “Panorâmica do Conto em Pernambuco” e “Contos de Natal”. Tem dois livros de contos e um romance.
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