Noite
de insônia
*
Por Emílio de Menezes
Este
leito que é o meu, que é o teu, que é o nosso leito,
Onde
este grande amor floriu, sincero e justo,
E
unimos, ambos nós, o peito contra o peito.
Ambos
cheios de anelo e ambos cheios de susto;
Este
leito que aí está revolto assim, desfeito,
Onde
humilde beijei teus pés, as mãos, o busto.
Na
ausência do teu corpo a que ele estava afeito.
Mudou-se,
para mim, num leito de Procusto!...
Louco
e só! Desvairado! A noite vai sem termo
E,
estendendo, lá fora, as sombras augurais.
Envolve
a Natureza e penetra o meu ermo.
E
mal julgas talvez, quando, acaso, te vais,
Quanto
me punge e corta o coração enfermo,
Este
horrível temor de que não voltes mais!...
Em
“Poesias”,
1909
* Jornalista e poeta parnasiano, membro da Academia Brasileira de Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário