O reformador João Calvino
* Por José Calvino de
Andrade Lima
Está havendo grande polêmica
sobre João Calvino – o reformador de Genebra (1509/1564). Tenho em
fac-símile a reprodução da edição 1597 de “Juan Calvin
Instituição da religião cristã (Reforma)”. Aos que censuram
Calvino por haver alcançado, tão moço ainda, encargos
eclesiásticos, é conveniente lembrar que tal era a praxe da igreja
naquela época. Devido à posição que ocupou, não faltaram
adversários que procurassem, em seus livros, deturpar a memória de
Calvino e muitas das calúnias então formuladas ainda são hoje
invocadas pelos partidários de credos contrários.
Lendo Bolsec: “Historie de
la vie, moeurs, actes, doctrine, constance et mort de Jean Calvin”.
O erudito historiador eclesiástico, Schaff, no seu livro “The
Swiss Reformation” - 1º vol. p. 303, observa não haver Bolsec
produzido nenhum documento comprobatório sobre a mocidade de
Calvino. Ainda sobre as intrigas de Bolsec: Schaff cita: "A
história ou é uma vil calúnia ou se originou de confundir-se o
reformador com um jovem de igual nome, Jean Cauvin - Capelão da
mesma igreja de Noyon, condenado a prisão por ter introduzido em sua
paróquia uma mulher de maus costumes”.
..
A interferência de Calvino se
fez sentir em toda organização de Genebra. A cidade progrediu
debaixo de seus conselhos. Cuidou-se da higiene e do asseio das
habitações, das ruas e dos mercados. Foi proibida a mendicância
etc. A ociosidade foi reprimida e providenciou-se para que todos
tivessem trabalho digno. Houve, também, as disputas doutrinárias,
cartas e acusações anônimas no livro “Castellio contra Calvino”,
de Stefan Zweig.
Em Genebra, começou a
discórdia, Castellio não concordava com aquela severidade na
disciplina nem com certas opiniões teológicas do reformador.
Apareceu um livro contra Calvino, sob o pseudônimo de Martinus
Bellius, que se supôs ser o próprio Castélio... No caso do médico
Miguel Serveto, em Genebra, condenado às chamas, o reformador
Calvino e seus colegas pleitearam pela mitigação do suplício: a
espada em lugar da fogueira. "A morte de Serveto não era culpa
especialmente de Calvino, mas a baixeza comum do Cristianismo
europeu!", afirma Coleridge. Schaff, no seu 2º vol. obra citada
p. 839, adianta que Calvino não se deixava absorver pelos bens
materiais. Rejeitou até aumento de estipêndio, recusava presentes e
vivia com muita sobriedade...
* Escritor e dramaturgo.
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