Amarga
realidade
O
grande problema do escritor no Brasil, entre tantos que ele tem que
solucionar para fazer chegar seus livros às mãos do seu natural
destinatário, o leitor, não é, como muitos pensam, conseguir uma
editora. É verdade que isso, às vezes, é complicado, implica em
muito esforço e redunda, não raro, em múltiplas frustrações, mas
com muito empenho, e um pouquinho de sorte, ele consegue (claro, se a
obra produzida tiver qualidade), superar esse obstáculo.
Se
alguém se sente exausto após fazer cansativa romaria às editoras e
acha que obteve sucesso e já pode se acomodar ao convencer alguma
delas a publicar o que escreveu, que se prepare para um esforço “n”
vezes maior. E, também, para frustrações muito mais severas do que
eventualmente já conheceu. Publicado o livro, não termina a saga de
quem busca, com afinco, chegar ao leitor potencial. Na verdade, ela
mal começou.
A
dificuldade maior é a divulgação. É conseguir informar o público
que a obra foi publicada e interessá-lo em adquirir o produto, filho
das suas entranhas. E isso é uma roleta-russa. Há ocasiões (raras)
em que tudo é propício para o escritor. Ou seja, você conta com
contatos “quentes” em jornais e revistas, consegue uma entrevista
na televisão em programa de grande audiência (como era
o do Jô, na Rede Globo), e os parentes e amigos se mobilizam num
grande boca a boca, para que o seu livro venda.
Isso
aconteceu comigo quando lancei as duas publicações anteriores.
Achei que ocorreria o mesmo agora, com “Cronos e Narciso” e
“Lance fatal”. Enganei-me. Os ventos, agora, me são
desfavoráveis e tudo o que deu certo antes, vem dando um
tanto errado agora. Há
quem ache que esses problemas ocorrem, apenas, com escritores novos,
com “marinheiros de primeira viagem”. Quem pensa assim,
engana-se.
Conheço
escritores com assento em várias academias de letras, com livros
anteriores bem vendidos e com críticas favoráveis, com farta
coleção de prêmios literários conquistados que, subitamente, têm
o dissabor de algum grande “encalhe”. Eu mesmo sou um deles. Como
qualquer principiante, eles têm (e eu tenho) a porta batida no nariz
nas redações de jornais, têm (e tenho) que aturar disfarçados
risinhos de mofa de arrogantes editores e, não raro, sequer
conseguem (ou consigo) a publicação de uma reles notinha de pé de
página nas editorias de cultura. Ou seja, não conseguem (e não
consigo) informar o público que seu (meu) livro existe, que é
romance, ou de contos, ou de crônicas etc. e que versa sobre tais e
tais assuntos. É como se a obra não existisse, nunca fosse escrita
e muito menos publicada. Sem isso, todavia, como conseguiremos
vender? Não conseguiremos!
Por
que isso acontece? Essa dificuldade, ressalte-se, não tem nada a ver
com a qualidade do livro. Se tivesse, o escritor sequer encontraria
quem se dispusesse a publicá-lo. Por que – salvo em blogs
pessoais, ou seja, próprios ou de amigos, ou em um ou outro eventual
e raro site – nossos bons escritores têm tão pouca divulgação
nos meios de comunicação? Eu, embora jornalista e editor de jornal,
não sei! Você sabe?
Onde
estaria a falha? Nos próprios escritores? Não, não e não! Nas
editoras, que não divulgam adequadamente seus produtos? Com todo
respeito, creio que nesse assunto elas deixam a desejar. Afinal, se
os livros “encalharem”, terão que arcar com prejuízos
financeiros, o que é desastroso. Mas vejo a falha maior na imprensa,
que ainda não entendeu a relevância da literatura na vida cultural
de um país. Não compreendeu que o livro é um produto nobre, de
primeira necessidade para a mente e para o espírito, como o alimento
é para o corpo. E que, portanto, é “notícia”, objeto de sua
atividade.
Se
não se desperta no público interesse sequer remotamente parecido
com a importância que se dá a temas como esportes (notadamente
futebol), política e economia, entre outras áreas, é porque esse
assunto não é tratado com a frequência
e a competência que merece. O noticiário referente a livros existe,
aqui e ali, mas é escasso, esporádico, cada vez mais raro e,
sobretudo, mal-apresentado. O público não está, pois, condicionado
a consumi-lo.
E
por que trago este assunto à baila? Porque me interessa diretamente
e não somente a mim, como também à maioria dos frequentadores
deste espaço, constituída por escritores. E, saibam ou ignorem,
concordem ou não, queiram ou não queiram, o grande nó que
prejudica a nossa atividade está na falta de divulgação, ou na
divulgação escassa e insuficiente, do que produzimos. Está na
dificuldade, quando não na impossibilidade, de informar,
minimamente, nossos potenciais leitores da existência de nossas
obras. De dizer-lhes que elas existem, que tratam de tais e tais
assuntos, que estão à venda neste e naquele lugar.
Como
as pessoas poderão ter acesso ao que escrevermos se sequer souberem
da existência dos nossos livros? Não poderão! Trato deste
delicado assunto com pleno conhecimento de causa, por experiência
pessoal e não por “ouvir dizer”.
Superestimei
a internet, achando que divulgando meus dois últimos lançamentos
apenas nesse veículo, estaria garantindo, se não fartas, pelo menos
razoáveis vendas. Equivoquei-me direitinho. Fiz dezenas, centenas,
quiçá milhares de contatos eletrônicos, divulguei ad náusea meus
livros em blogs e sites da rede mundial, coloquei algumas notas no
Facebook e diariamente apelo aos meus seguidores no twitter, em vão.
“Cronos
e Narciso” e “Lance fatal” se
não são
um desastroso fiasco de vendas, estão
vendendo muito menos do que poderiam.
E não tenho problema algum em admitir isso publicamente – embora
essa admissão arranhe meu ego e fira meu amor próprio – pois não
costumo fugir da verdade, mesmo que esta me machuque e deprecie e
muito menos tenho o costume de “dourar a pílula”.
Reitero
que meus livros não vêm sendo alvos de críticas negativas (ainda
bem). Aliás, sequer foram criticados. Estão sendo, isto sim,
olimpicamente ignorados. Ainda
assim, milagrosamente, são vendidos, aqui e ali, pingadinhos,
quando poderiam (e perdoem-me a falta de modéstia) ser, até mesmo,
best-sellers. Quase
ninguém, a não ser eu, alguns supostos amigos e a editora que
apostou neles sabemos da sua existência. E eu sou apenas um dos
vários milhares de escritores país afora, que passa por essa
lamentável e vexatória situação. E nem vejo luz no final do
túnel.
Boa
leitura!
O
Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Em termos de Brasil, ser escritor ou poeta numa nação cheia de analfabetos e semi-analfabetos, fica ainda mais difícil, e como!!! Os referidos têm apenas uma pequena noção das coisas, são cheios de superstições, de preconceitos, crendices e sem cultura que possibilite a tomada de decisões. Na minha opinião, são como fantoches. Manipulados pelo sistema, crescem, comem, e morrem, esquecidos. Acredito que 50% dos brasileiros alfabetizados não têem o hábito de ler. Muitos leem mal e dificilmente entram numa livraria, nunca assistem a uma peça de teatro,,, (não leem sequer um jornal)!!! A conversa é mais sobre futebol, bebidas... É uma perda de tempo discutir essas coisas! Já cheguei a publicar "Jesus", não agradou os alienados religiosos, nem tampouco ateus ignorantes!!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTemos de formar leitores e isso tem de vir da escola. A falha começa nela. Vem o hábito de ler pouco, e mil desculpas. A internet é também uma desculpa. As pessoas não largam seus celulares. O tempo para ler está a cada dia mais escasso.
ResponderExcluirVerdade, Mara. Praticamente deixei de escrever e estou lendo muito pouco!!!
Excluir