Ansiedade
*
Por Reivaldo Vinas
Beijo
as espadas
rezo
aos fuzis,
tarde
exausta.
Há
um calor de estopim
queimando
na ponta errada,
um
vapor de sal, de gorduras,
que
vaza em todas as portas.
A
morte não desola os ombros,
o
que destrói é a espera,
esse
aguardar ansioso
que
mina as forças e as almas,
que
é o gozo de mil abutres
que
espreitam nossa batalha.
Em
círculo, no céu, voam
em
busca de nossa carne,
tais
aves desajeitadas.
O
vento bate à porta,
range
os dentes, pede entrada.
Mas
todos estão fechados
em
seus sustos, suas derrotas.
O
exército inimigo enfim,
mostra
de vez sua cara,
desce
as encostas em nuvem
de
pérfida cavalgada.
Os
morteiros estão prontos,
cospem
de vez sua raiva
abrem
o inferno das dores,
para
o inverno das almas.
*
Poeta e jornalista paraense.
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