segunda-feira, 28 de maio de 2018

Sob o sol da Bavária - Vanessa Clasen


Sob o sol da Bavária

* Por Vanessa Clasen

O vento toca delicadamente minha pele e me leva diretamente a você. Àqueles passeios à Beira Mar onde o pôr do sol era testemunha do nosso amor. Lá, onde o vento era nossa companhia e teimava em agarrar-se a nós como o teu cheiro que não me deixa dormir. Ah, que delícia sentir o sol esquentar nossa força de vida. Coligados e inseparáveis, somos sol e lua à medida que inspiramos e expiramos com o vai e vem das ondas.

Será que se eu emudecer tuas palavras serão tão doces que me farão dizer que te amo milhares de vezes somente com o olhar? Se também choras escondido como se chorar de amor fosse um pecado mortal, pergunto ao vento se teu pensamento me encontra na cadência suave do teu coração ou no ritmo alucinante do meu... Será um sentimento tão forte capaz de encher um coração que nunca foi cheio de amor?

Quando lágrimas secam sob o sol da Bavária, o coração ainda insiste em derramá-las. São invisíveis para todos os que querem enxergar. Para que ver a tristeza se podem rir do nada? Para que dividir um soluço se podem gargalhar a esmo? Será que quando eu chorar beijarás ternamente minhas lágrimas e assim esquecerei do porquê as derramei?

Desenhei-te nos meus sonhos, e embora esses sejam ricos e detalhados, são incapazes de traduzir toda a tua complexidade. Não captam as nuances do amar. São espelhos míopes da tua beleza sem par. Ah, o que não daria para senti-lo novamente daquele jeitinho que só tu sabes que me encanta e inebria meus sentidos.

Não precisamos de legendas nem de tempo para nos entendermos. Foi mesmo uma paixão fulminante, daquelas que se espera a vida toda para sentir. Toda pulsante, inquieta na sua austeridade, ansiosa na inatividade pelo teu bem-querer. Sim, meu querido resgatou-me da minha pacienciosa passividade e me fez resoluta de poder me encontrar nele, nos beijos e cheiros, no calor e ardor, no fogo e na vida, no silêncio cantante, na entrega do coração, a princípio relutante e, depois tão serena quanto uma onda que quebra e destrói nossos paradigmas e dogmas que pensávamos estavam tão alicerçados. Mas assim que te avistaram minhas certezas desmoronaram tal qual areia derretida e a angústia esquecida.

Na espera ensandecida pelo seu querer me encontro e me revelo. Sou água flamejante; pássaro infante. Acalma-te e descansa meu amor, pois sou eu quem vem acordar você do sonho alucinante. Sou quem que o chama no eco do meu suor. Aquela que reverbera o amar no átrio quente do seu peito. Preciso que me deseje hoje e sempre, que me instigue e provoque. Que me aguce. Esse será o nosso pacto eterno, o laço de aço, a ligação de nunca dizer jamais.

Quero nada mais que te enlouquecer e te perturbar; aninhar-te nos meus sonhos vestidos de nuvem e beijinho branco. E então te direi que eu te devolvi a vida e por mim lutarás prazenteiramente até a última gota de amor e as tuas lágrimas serão de alegria, pois, eis que serás presenteado com a verdadeira vida e com a paz conquistada e merecida…


* Jornalista, nascida em Florianópolis, que trabalha como assessora de comunicação.



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