Sob
o sol da Bavária
*
Por Vanessa Clasen
O
vento toca delicadamente minha pele e me leva diretamente a você.
Àqueles passeios à Beira Mar onde o pôr do sol era testemunha do
nosso amor. Lá, onde o vento era nossa companhia e teimava em
agarrar-se a nós como o teu cheiro que não me deixa dormir. Ah, que
delícia sentir o sol esquentar nossa força de vida. Coligados e
inseparáveis, somos sol e lua à medida que inspiramos e expiramos
com o vai e vem das ondas.
Será
que se eu emudecer tuas palavras serão tão doces que me farão
dizer que te amo milhares de vezes somente com o olhar? Se também
choras escondido como se chorar de amor fosse um pecado mortal,
pergunto ao vento se teu pensamento me encontra na cadência suave do
teu coração ou no ritmo alucinante do meu... Será um sentimento
tão forte capaz de encher um coração que nunca foi cheio de amor?
Quando
lágrimas secam sob o sol da Bavária, o coração ainda insiste em
derramá-las. São invisíveis para todos os que querem enxergar.
Para que ver a tristeza se podem rir do nada? Para que dividir um
soluço se podem gargalhar a esmo? Será que quando eu chorar
beijarás ternamente minhas lágrimas e assim esquecerei do porquê
as derramei?
Desenhei-te
nos meus sonhos, e embora esses sejam ricos e detalhados, são
incapazes de traduzir toda a tua complexidade. Não captam as nuances
do amar. São espelhos míopes da tua beleza sem par. Ah, o que não
daria para senti-lo novamente daquele jeitinho que só tu sabes que
me encanta e inebria meus sentidos.
Não
precisamos de legendas nem de tempo para nos entendermos. Foi mesmo
uma paixão fulminante, daquelas que se espera a vida toda para
sentir. Toda pulsante, inquieta na sua austeridade, ansiosa na
inatividade pelo teu bem-querer. Sim, meu querido resgatou-me da
minha pacienciosa passividade e me fez resoluta de poder me encontrar
nele, nos beijos e cheiros, no calor e ardor, no fogo e na vida, no
silêncio cantante, na entrega do coração, a princípio relutante
e, depois tão serena quanto uma onda que quebra e destrói nossos
paradigmas e dogmas que pensávamos estavam tão alicerçados. Mas
assim que te avistaram minhas certezas desmoronaram tal qual areia
derretida e a angústia esquecida.
Na
espera ensandecida pelo seu querer me encontro e me revelo. Sou água
flamejante; pássaro infante. Acalma-te e descansa meu amor, pois sou
eu quem vem acordar você do sonho alucinante. Sou quem que o chama
no eco do meu suor. Aquela que reverbera o amar no átrio quente do
seu peito. Preciso que me deseje hoje e sempre, que me instigue e
provoque. Que me aguce. Esse será o nosso pacto eterno, o laço de
aço, a ligação de nunca dizer jamais.
Quero
nada mais que te enlouquecer e te perturbar; aninhar-te nos meus
sonhos vestidos de nuvem e beijinho branco. E então te direi que eu
te devolvi a vida e por mim lutarás prazenteiramente até a última
gota de amor e as tuas lágrimas serão de alegria, pois, eis que
serás presenteado com a verdadeira vida e com a paz conquistada e
merecida…
*
Jornalista, nascida em Florianópolis, que trabalha como assessora
de comunicação.
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