Círculo
vicioso
*
Por Flora Figueiredo
Pedi
ao tempo
que parasse um momento
de frente para o mar.
Que tirasse o tênis,
a camiseta suada,
que respirasse fundo
apenas o segundo suficiente
pra se poder sonhar.
Mas o tempo é inclemente.
Insiste em correr
arrastando a hora,
que leva na coleira
como bichinho de estimação.
que parasse um momento
de frente para o mar.
Que tirasse o tênis,
a camiseta suada,
que respirasse fundo
apenas o segundo suficiente
pra se poder sonhar.
Mas o tempo é inclemente.
Insiste em correr
arrastando a hora,
que leva na coleira
como bichinho de estimação.
Parece
brincadeira!
Há tantos estamos assim,
que já não sei agora
se sou eu que corro atrás do tempo,
Há tantos estamos assim,
que já não sei agora
se sou eu que corro atrás do tempo,
ou
se é o tempo que corre atrás de mim.
Em "O trem que traz a noite". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
* Poetisa,
cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a
noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão
Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo
e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua
intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça
- às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre
dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal,
seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.
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