Mãe
iluminada
*
Por Luís Sérgio Lico
Recordo-me
de dias – não tão antigos – onde havia uma certeza plausível e
metafisicamente demonstrável.
Onde
a verdade não variava com as circunstâncias ou com o aparecer dos
fenômenos; e a segurança era estabelecida a partir de uma palavra.
Dias,
onde braços abertos representavam um inexpugnável abrigo, contra o
mundo incompreensível dos barulhos estranhos e grandes seres
ameaçadores.
Vozes
tranquilas que serenavam as estações, fazendo o tempo adquirir
outro significado para a consciência.
Um
espaço de conforto, onde lágrimas podiam ser suspensas com uma
canção e dias de chuva deixavam de ser tristes porque se tinha
alguém ao redor.
Estes
dias, que nos esforçamos para trazer da memória e que não mais se
repetirão, são os fundamentos de onde tiramos a força para manter
a lucidez.
Especialmente,
numa época onde a proteção e a dignidade parecem ter deixado de
possuir um referente. Onde a mão que deveria proteger abate-se sobre
a inocência e quem tem esperança é chamado de pobre sonhador. Há
uma saudade geral do que poderia ter sido. Dos
dias distantes e queridos.
Talvez,
nesse oceano de consumo e corações com pouca paciência, tenhamos
confundido tudo e perdido a identidade. Chamei muitos pelo nome,
queria olhar suas faces e entender suas almas, mas eles apenas me
mostraram seus celulares e diziam:- Isto sou eu!
Caminhamos
entre fragmentos, seres virtuais que esqueceram suas instâncias
afetivas e alimentam com as sobras de seus medos, os monstros soltos
pelas avenidas da ausência.
Todos
querem alcançar metas e resultados, porém, quão poucos lembram
a intensidade do amor que tiveram e sob que murmúrio suave, um dia,
adormeceram. Sinto por todas as mães, que partiram, libertas do
torvelinho planetário, e por todas as mentes que não compreendem.
Mas,
as mães que restaram ainda são capazes de cobrir de luz bilhões de
existências, bem com, clamar o reparo de todas as injustiças
enfrentando a pior das intempéries. Quem não desejaria sua
companhia? Ser filho novamente? Quem dera!
Faz
falta retornar à mansuetude, desarmando as intuições, para que se
possa transformar este deserto mercado que habitamos. Causa alegria
ao espírito, levar-se por inteiro e não só um mero presente. Antes
que a tecnologia dos objetos, o olhar que remove quaisquer estilhaços
como folhas soltas ao amanhecer.
Depois,
a cada assistência requerida e que cumprimos fielmente, a cada novo
abraço que se oferta àquelas que nos garantiram vir a ser o que
somos, resgatamos uma pequena promissória desta dívida eterna e
tornamo-nos o que realmente devemos ser.
Além
do tempo, uma ponte entre Deus e a poeira das estrelas, onde cintila
suavemente a Luz Humana. Que em seu pulsar ilumina e ajuda, aqueles
que ainda só conseguem pedir.
Seja
Feliz neste Dia das Mães!
*Filósofo
e conferencista. especialista em treinamentos, palestras &
workshops de alto impacto motivacional. Professor, articulista e
autor do livro “O Profissional Invisível”. Contatos: E-mail:
ola@consultivelabs.com.br
Visite o site: http://palestras.consultivelabs.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário