Os
vermes da trivialidade
*
Por José Danilo Rangel
Uma
grande angústia, pelo menos,
não é tão traiçoeira como são
as pequenas angústias cotidianas.
não é tão traiçoeira como são
as pequenas angústias cotidianas.
Uma
grande angústia é como uma porrada,
uma só, que você leva em cheio, fica atordoado
e então, levanta e tem que lidar com ela,
você quase vê, de tão palpável, roxa
como um hematoma, a dor.
uma só, que você leva em cheio, fica atordoado
e então, levanta e tem que lidar com ela,
você quase vê, de tão palpável, roxa
como um hematoma, a dor.
Mas
as pequenas angústias cotidianas,
a maioria delas acontece como picadas
de abelha, que você sente doer, e porque
a dor é muito pouca, você não dá atenção,
você pensa que é só não mexer no lugar
do inchaço, e tudo ficará bem.
a maioria delas acontece como picadas
de abelha, que você sente doer, e porque
a dor é muito pouca, você não dá atenção,
você pensa que é só não mexer no lugar
do inchaço, e tudo ficará bem.
Como
uma topada de leve, que atrapalha o
passo, mas não chega a comprometer
a caminhada, assim é um desses pequenos
traumas por quais passamos todos os dias.
passo, mas não chega a comprometer
a caminhada, assim é um desses pequenos
traumas por quais passamos todos os dias.
Aí
está sua perfídia: em seu caráter
passageiro e fugidio de evento trivial,
irrelevante,
na intensidade leve das dores facilmente
suportáveis, dorezinhas de nada.
passageiro e fugidio de evento trivial,
irrelevante,
na intensidade leve das dores facilmente
suportáveis, dorezinhas de nada.
Não
vemos direito, não percebemos bem
essa dorzinha aqui, aquele desconforto ali,
aquele dia em que ouvimos calados,
aquele outro, quando não soubemos
dar voz à indignação.
essa dorzinha aqui, aquele desconforto ali,
aquele dia em que ouvimos calados,
aquele outro, quando não soubemos
dar voz à indignação.
Quando
nos damos conta, as pequenas angústias
cotidianas já são inumeráveis, já são tantas e tantos
os seus efeitos que não podemos ignorar, já estão todas
num festejo insano a nos corroer por dentro, e tudo dói
e tudo que pensamos fazer cansa antes mesmo de ser feito.
cotidianas já são inumeráveis, já são tantas e tantos
os seus efeitos que não podemos ignorar, já estão todas
num festejo insano a nos corroer por dentro, e tudo dói
e tudo que pensamos fazer cansa antes mesmo de ser feito.
Quando
nos damos conta,
já estamos ocos.
já estamos ocos.
*
Poeta cearense residente em Porto Velho, Rondônia.
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