terça-feira, 5 de julho de 2016

Intolerância contra a corrupção

*Por José Calvino


Recentemente, alguns colegas e amigos do bairro de Casa Amarela comentavam entre si:
- Se você estivesse lá, não comia não? – disse um apelidado de vereador, em acordos com seus amigos.
- Por isso fica difícil reverter esse quadro e mudar o rumo do nosso país. Vocês são tolerantes e a favor da corrupção. Ao meu ver, está existindo  uma pequena mudança no nosso Brasil, no tocante à intolerância contra a corrupção. Os escândalos que estamos assistindo não são os primeiros e muitos de vocês indo na onda dos politiqueiros da pior espécie, que querem pegar carona na crise – disse Azambujanra.

Amigos, concordo em número, gênero e grau com o que meu amigo Azambujanra disse. Nos outros governos, principalmente nas ditaduras Vargas, ou Estado Novo e Militar, os regimes eram apoiados pelas classes médias e por amplos setores das burguesias e  essas mesmas ditaduras regiam uma polícia que agia segundo os regimes, não respeitando a cidadania da ingente maioria do povo brasileiro (não houve prisões de amigos milionários e autoridades).

A Justiça sempre foi conivente porque sempre envolvia como beneficiários os poderosos (grupos empresariais). Cadê o “sem preconceito de raça, cor ou credo”, do Direito Internacional dos Direitos Humanos, constituído em 1948 pela Declaração Universal dos Direitos Humanos? O nosso povo não tem o hábito de ler e relembro sempre que, até hoje, nenhum governo investiu decentemente na educação, saúde e emprego digno, resultando disso um povo alienado, que não lê sequer jornal.

A televisão no regime do caudilho gaúcho Getúlio Vargas, não existia e só surgiu durante o regime militar. Mas, mesmo assim, com uma rigorosa censura, e nos meios de comunicação havia a figura de um oficial militar controlando o que deveria publicar no interesse do próprio governo. Hoje, pouco mudou e praticamente o povo só toma conhecimento quando eles (as autoridades) não podem mais esconder. E, assim mesmo, atualmente, é como o meu amigo Azambujanra disse: “está tendo uma pequena mudança no nosso País”.

Mão é com isso que já reagiram e mudaram, pois existem ainda as “pequenas corrupções” cotidianas a  exemplo de: Jogos de Azar: apostas, loteria federal, jogo do bicho, bingos, rifas, et cétera. Multar o governo é uma piada sem graça ou receber através da Justiça gratificação, conforme direito adquirido por lei. Alguns “líderes” entram em acordo com o governo e abatem valores sem autorização dos beneficiados pela lei. Um absurdo!

Processar as grandes empresas, a justiça não funciona com imparcialidade, a exemplo de uma simples  marcação de consulta médica: péssima, arcaica e desrespeitosa. O atendimento hospitalar é ainda pior, realmente não estão cuidando da saúde do nosso povo. Um exemplo é o Hospital da Polícia Militar de Pernambuco, que se encontra sucateado, com a maioria dos reformados e da reserva  sendo atendidos pelo SUS (tirando a vez dos que não têm condições de pagar um plano de saúde). E, sinceramente,  não existe nada mais inútil do que os “disque-qualquer coisa” do serviço público, diante de se furar fila, apadrinhamento nos concursos públicos, principalmente em época de eleições, et cétera.

É o meu papel de escritor e de cronista social denunciar as injustiças sociais, defendendo a liberdade de opinião, pois estamos cansados de tantas politicagens. Em minhas observações eu só vejo o nome de Dilma como alvo de discussão. Mais uma vez relembro que os três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) há anos estão corrompidos e que os cidadãos estão reféns dos desmandos de quem deveria defender seus direitos. O Ministério Público, por exemplo, não vejo até agora resolver nada que o cidadão manifesta contra o descumprimento  das leis e das “pequenas”  corrupções por parte dos governos Federal, Estadual e Municipal. O que dirá das “grandes” corrupções por parte das grandes empresas e governo.

No tocante à hospedagem da presidenta Dilma em Paris, não vejo motivos para criticas, até porque, sempre os seus antecessores viajaram e se hospedavam, será que era em “puteiros”? Aliás, acho uma tremenda hipocrisia o que aconteceu ontem, o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha abrir pedido de impeachment contra a presidenta Dilma como forma de retaliação ao seu pedido de cassação pelos colegas parlamentares, enquanto não existe nenhuma prova que a envolva em casos de corrupção, quando contra ele cascatas de provas se revelam a cada dia. Esse é um exemplo real de abuso em um poder corrompido.

Se há risco de “vexame internacional”, com corte de R$ 1,74 bilhão no Orçamento do Poder Judiciário, que publicou portaria acabando com a votação eletrônica, prefiro finalizar esta crônica relembrando do panorama político de antigamente, tempo em que os analfabetos não votavam, havia muitas fraudes eleitorais, muitos cabos-eleitorais tiravam títulos de eleitor dos analfabetos e votavam por eles em diversas zonas eleitorais conduzidos pelos seus corruptos candidatos. Os eleitores alfabetizados escreviam nas chapas o nome dos seus candidatos preferidos. Nos anos 50, na cidade de Jaboatão dos Guararapes, a maioria do eleitorado votou num bode chamado Cheiroso. Foi um sucesso. O município era conhecido como Moscouzinho devido à sua tendência à política vermelha. Agora para a eleição de 2016, vamos escrever nas chapas: “sanguessugas” ou “chupa-cabras”. Mas, como o país está cheio de analfabetos e semi-analfabetos, irão escrever o quê?

*Escritor, poeta e teatrólogo pernambucano.Vejam e sigam Fiteiro Cultural: Um blog cheio de observações e reminiscências – http://josecalvino.blogspot.com/           
 


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