segunda-feira, 18 de julho de 2016

Lá fora é Primavera


* Por Arita Damasceno Pettená

É sombra que parou no meio da jornada como o crepúsculo que surgiu, em certa tarde, e que chorou sentindo a agonia do seu pôr-do-sol.

E a gente olha ao longo do horizonte acinzentado e diz com ares de ternura aposentada:
-- Lá fora é primavera e há tanto inverno aqui dentro de mim!

Então a atenção da gente se volta para as folhas e para as flores
e para a natureza em festa. E a primavera, em coloridos tantos, envia ao espírito conturbado a mensagem acalentadora de sua renovação.

E a gente começa a crer, de novo, naquilo que Longfellow dizia do seu dia chuvoso que:
“atrás de nuvens espessas, embora não o vejamos, há sempre um sol escondido para o dia de amanhã”.


E assim, quando eu perguntei às rosas perfumadas
que era feito de meus sonhos, qual o destino de minhas ilusões, elas apontaram-me o caule de onde vinham, como a dizer que a gente é como as estações do ano. Que há dias de inverno e primavera em nossas vidas para que saibamos dar, no tempo da invernada, o valor real da estação das flores.

Espelhamo-nos, pois, na natureza mestra para aprender com ela que,
para haver flores e para haver rosas, que para haver inverno e para haver primavera, é preciso que haja uma sucessão lógica de coisas inevitáveis.


E depois, aprendida a lição, digamos juntinhos,
ainda que o coração aos soluços: LÁ FORA É PRIMAVERA
E TAMBÉM AQUI DENTRO DE MIM!


Trechos da crônica.

* Arita Damasceno Pettená é poetisa, professora, escritora e membro da Academia Campinense de Letras.


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