Amparo Social ao Deficiente
* Por
José Calvino
Azambujanra chegou de
visita à minha casa (dia do trabalhador- 01/05), contando que o seu irmão e a
sua cunhada estão em depressão por causa do filho caçula. Nós sabemos que a
depressão é uma enfermidade grave que pode fazer o enfermo perder o gosto pela
vida e até mesmo causar isolamento e tentativa de suicídio. Ainda bem que até
agora, em momento nenhum um fato grave aconteceu na vida de ambos. Tudo bem.
Com uns documentos à mão Azambujanra contou, lendo, o que vem ocorrendo e
relatou observações por razões de saúde de seu sobrinho. Resumidamente, a
situação não é tão grave para o desgoverno que aí está, até porque as
autoridades nunca investiram em educação, emprego digno e saúde. Vejam que não
é filho de favelado, estes que geralmente não têm nenhuma oportunidade, sendo
marginalizados. Trata-se de um rapaz de 35 anos de idade, com inclinação para o
teatro (homossexualismo para alguns). Não entrarei no mérito da questão, até
porque o homossexualismo masculino é um tema muito polêmico na sociedade e
geralmente tratado de forma preconceituosa. O sobrinho de Azambujanra ficou
quatro ou mais anos no Rio, recebendo o dinheiro do pai para custear os cursos
de teatro etc. Após completar o curso teatral, foi figurante em novelas de TV,
representação teatral e também como modelo, desfilando nas passarelas com
roupas, sapatos, penteados exóticos... Mas, o que vem ocorrendo com a família
de meu amigo, e que, na verdade, acontece direto aqui no Brasil é o benefício
que quando é solicitada aposentadoria por invalidez é concedido apenas às
pessoas miseráveis, com família incapaz de prover sua manutenção, aquela cuja
renda per capita não supere ¼ do salário-mínimo. Perguntado se o seu sobrinho
já contribuiu para a Previdência Social, Azambujanra respondeu negativamente.
A história clínica
refere-se ao periciando (sobrinho), que adoeceu após rompimento de um
relacionamento, em 2005, e foi internado... Diz que, desde então, faz
tratamento psiquiátrico e só dorme com remédio (sic). A genitora diz que o
periciando tem “crises” em que fica agitado e agressivo. “Ele se descontrola
com muita facilidade”, azucrinando a vida do casal de idosos. Diz que o mesmo
já esteve internado... O exame psíquico do periciando evidenciou
comprometimento da afetividade, da vontade e do juízo crítico. É portador de
Transtorno Afetivo Bipolar, episódio atual hipomaníaco, associado a Transtorno
de Personalidade Emocionalmente Instável, do tipo impulsivo. Apresenta
significativo prejuízo da sua vida social e profissional, devido ao transtorno
mental e aos aspectos da sua personalidade, particularmente a instabilidade
emocional e falta de controle dos impulsos. Portanto, podemos concluir que o
periciando em lide é portador de um transtorno mental que o incapacita
definitivamente para o exercício de atividade laborativa. Examinando a
miserabilidade, reza na sentença:
“... No presente caso,
de acordo com o laudo social..., verifico que o autor reside sozinho em
apartamento localizado em área nobre. Apurou-se ainda que seus genitores são os
responsáveis por suas despesas, não vivendo com ele no mesmo imóvel devido aos
seus problemas psiquiátricos e sua opção sexual, conforme informações prestadas
pela advogada... Ainda que o autor não resida com seus genitores, estes têm a
obrigação legal de prover-lhe o sustento...”
O irmão de Azambujanra
não é homem luxuoso, mas vive em situação melhor, isto é, em melhores condições
de que a dos seus familiares e amigos (não é homem de muitos “amigos”). Preocupa-se
com o futuro da família, e é este o motivo que achei por bem transmitir esclarecendo
o que vem acontecendo com os deficientes do nosso País, com propagandas
enganosas por parte dos governos Federal, Estadual e Municipal.
*Escritor,
poeta e teatrólogo pernambucano.Vejam e sigam Fiteiro Cultural: Um blog cheio
de observações e reminiscências – http://josecalvino.blogspot.com/
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