Notável filósofo e refinado poeta
Embora estas considerações não se destinem a homenagear quem quer que seja, faço questão de citar um escritor em especial, por admirar seu magnífico trabalho intelectual, sua vasta cultura, sua refinada sensibilidade e a clara visão que tem do mundo e, sobretudo, das pessoas.
Refiro-me ao professor universitário (com passagens pela PUC-Campinas, Unicamp e atualmente do Unisal), filósofo, jurista, acadêmico da Academia Campinense de Letras (onde, desde setembro de 1980 ocupa a cadeira de número 19, cujo patrono é Amadeu Amaral) e, sobretudo, poeta João Francisco Régis de Morais. Nascido em Passa-Quatro, Minas Gerais, seu currículo é dos mais extensos e notáveis.
Graduou-se em Filosofia na Faculdade Salesiana de Filosofia de Lorena. Fez cursos de especialização em Ciências Sociais e de Extensão Universitária. É doutorado em Educação e livre docente em Filosofia da Educação. Sua obra é das mais extensas, com mais de 40 livros publicados abrangendo as áreas de filosofia, educação, sociologia, literatura e religião. Só de poesia, são quatro: “Queda de areia”, “O caminho dos ventos”, “À beira de mim mesmo” e “Oito poemas para o visionário”.
Régis de Morais define da seguinte maneira sua predileção pela poesia: “Em meu caso, ser poeta é uma questão de sensualidade. Tocar as carnes da emoção sem medo de êxtases e orgasmos. E nada me encanta mais do que minha condição marginal de poeta neste mundo descarnado. Sei que a vida é uma árvore carnívora à sombra da qual realizo minha meditação do provisório. De um provisório que, porém, sempre permanece no fluxo do mundo”.
Vários escritores e intelectuais de renome analisaram a sua eclética obra (da qual destaco, além dos quatro livros de poesia que citei, “Sala de aula – que espaço é esse?”, “Espiritualidade e Educação”, “Dostoievski: o operário dos destinos”, “Sociologia jurídica contemporânea”, “Sociedade: o espelho partido”, “Corações em luz”, “Educação contemporânea: olhares e cenários”, “Cultura brasileira e Educação” e “Educação, mídias e meio-ambiente”). Um deles foi o escritor, tradutor, dicionarista e especialista em mitologias, Tássilo Orpheu Spalding (autor, entre outros, do “Dicionário de mitologia latina”, do Dicionário das mitologias européias e orientais” e do “Dicionário de coletivos”), que fez a seguinte avaliação sobre a poesia de Régis de Morais: “Lendo os teus poemas, só uma expressão me ocorre: ‘Porge que coepisti’, ‘continua como começaste’. O Brasil precisa muito de estadistas, financistas, cientistas, homens de indústria...Mas precisa, sobretudo, de poetas”.
Nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, assim se expressou sobre a obra poética de Régis de Morais: “Quanta coisa você descobria delicadamente, em verso não ruidoso, simples e aliciante, que permanecia infiltrado na lembrança! Meu abraço de louvação”.
Dele, tenho em mãos o “pequeno grande livro” intitulado “Oito poemas para o visionário”, em sua edição original, publicada pelo Instituto de Filosofia e Teologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Dele, transcrevo, com prazer, esta “Oração por Bill e Juan”:
“Senhor
explica o que se passa a Bill e Juan.
Um dia pedi que atendesses Marilyn Monroe
ao telefone
na hora em que a vida a empurrou
para o seu cofre escuro. Na hora
em que num último lance
tenta-se discar o número ignorado.
Volto a pedir-te por dois outros
que rodam em sua nebulosa de equívocos.
Bill chegou num jato (suponho).
Não veio como encarnação da CIA
ou dono da fome espúria
da televisão ABC.
Chegou num jato (suponho)
para uma tarefa de mais violência
silenciando a necessidade de trabalhar.
Apenas um rapaz de roupa branca
na porta do hotel. Pouco tempo de sua vida
valia por um terremoto.
E Juan. Morto por saber inglês
e acompanhar o moço tristonho de roupa branca.
Juan vendeu o que sabia
sem traições. Era (suponho)
um homem sonhador
ligado como todos à sofrida família.
Apenas um rapaz de roupa parda
na porta do hotel. Muito de sua vida
fora esperar e esperar.
Senhor
ergue do chão do meu país
o peso desses corpos.
Lá está Bill no meio da estrada
restos de rosto no chão.
Juan Espinosa perto das árvores
uma sombra que atormenta as sombras.
Recolhe Senhor
estes sacrifícios para que não sejam em vão
e sobretudo explica o que se passa a Bill e Juan.
É preciso que saibam
de como fica louco e absurdo
o amor que se desentende.
Um dia abri meu caderno amarelado
onde aninho um a um os desesperos
e ali escrevi dois nomes:
Bill Stewart e Juan Espinosa”.
Boa leitura.
O Editor.
Embora estas considerações não se destinem a homenagear quem quer que seja, faço questão de citar um escritor em especial, por admirar seu magnífico trabalho intelectual, sua vasta cultura, sua refinada sensibilidade e a clara visão que tem do mundo e, sobretudo, das pessoas.
Refiro-me ao professor universitário (com passagens pela PUC-Campinas, Unicamp e atualmente do Unisal), filósofo, jurista, acadêmico da Academia Campinense de Letras (onde, desde setembro de 1980 ocupa a cadeira de número 19, cujo patrono é Amadeu Amaral) e, sobretudo, poeta João Francisco Régis de Morais. Nascido em Passa-Quatro, Minas Gerais, seu currículo é dos mais extensos e notáveis.
Graduou-se em Filosofia na Faculdade Salesiana de Filosofia de Lorena. Fez cursos de especialização em Ciências Sociais e de Extensão Universitária. É doutorado em Educação e livre docente em Filosofia da Educação. Sua obra é das mais extensas, com mais de 40 livros publicados abrangendo as áreas de filosofia, educação, sociologia, literatura e religião. Só de poesia, são quatro: “Queda de areia”, “O caminho dos ventos”, “À beira de mim mesmo” e “Oito poemas para o visionário”.
Régis de Morais define da seguinte maneira sua predileção pela poesia: “Em meu caso, ser poeta é uma questão de sensualidade. Tocar as carnes da emoção sem medo de êxtases e orgasmos. E nada me encanta mais do que minha condição marginal de poeta neste mundo descarnado. Sei que a vida é uma árvore carnívora à sombra da qual realizo minha meditação do provisório. De um provisório que, porém, sempre permanece no fluxo do mundo”.
Vários escritores e intelectuais de renome analisaram a sua eclética obra (da qual destaco, além dos quatro livros de poesia que citei, “Sala de aula – que espaço é esse?”, “Espiritualidade e Educação”, “Dostoievski: o operário dos destinos”, “Sociologia jurídica contemporânea”, “Sociedade: o espelho partido”, “Corações em luz”, “Educação contemporânea: olhares e cenários”, “Cultura brasileira e Educação” e “Educação, mídias e meio-ambiente”). Um deles foi o escritor, tradutor, dicionarista e especialista em mitologias, Tássilo Orpheu Spalding (autor, entre outros, do “Dicionário de mitologia latina”, do Dicionário das mitologias européias e orientais” e do “Dicionário de coletivos”), que fez a seguinte avaliação sobre a poesia de Régis de Morais: “Lendo os teus poemas, só uma expressão me ocorre: ‘Porge que coepisti’, ‘continua como começaste’. O Brasil precisa muito de estadistas, financistas, cientistas, homens de indústria...Mas precisa, sobretudo, de poetas”.
Nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, assim se expressou sobre a obra poética de Régis de Morais: “Quanta coisa você descobria delicadamente, em verso não ruidoso, simples e aliciante, que permanecia infiltrado na lembrança! Meu abraço de louvação”.
Dele, tenho em mãos o “pequeno grande livro” intitulado “Oito poemas para o visionário”, em sua edição original, publicada pelo Instituto de Filosofia e Teologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Dele, transcrevo, com prazer, esta “Oração por Bill e Juan”:
“Senhor
explica o que se passa a Bill e Juan.
Um dia pedi que atendesses Marilyn Monroe
ao telefone
na hora em que a vida a empurrou
para o seu cofre escuro. Na hora
em que num último lance
tenta-se discar o número ignorado.
Volto a pedir-te por dois outros
que rodam em sua nebulosa de equívocos.
Bill chegou num jato (suponho).
Não veio como encarnação da CIA
ou dono da fome espúria
da televisão ABC.
Chegou num jato (suponho)
para uma tarefa de mais violência
silenciando a necessidade de trabalhar.
Apenas um rapaz de roupa branca
na porta do hotel. Pouco tempo de sua vida
valia por um terremoto.
E Juan. Morto por saber inglês
e acompanhar o moço tristonho de roupa branca.
Juan vendeu o que sabia
sem traições. Era (suponho)
um homem sonhador
ligado como todos à sofrida família.
Apenas um rapaz de roupa parda
na porta do hotel. Muito de sua vida
fora esperar e esperar.
Senhor
ergue do chão do meu país
o peso desses corpos.
Lá está Bill no meio da estrada
restos de rosto no chão.
Juan Espinosa perto das árvores
uma sombra que atormenta as sombras.
Recolhe Senhor
estes sacrifícios para que não sejam em vão
e sobretudo explica o que se passa a Bill e Juan.
É preciso que saibam
de como fica louco e absurdo
o amor que se desentende.
Um dia abri meu caderno amarelado
onde aninho um a um os desesperos
e ali escrevi dois nomes:
Bill Stewart e Juan Espinosa”.
Boa leitura.
O Editor.
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Gostei mais da definição agressiva que fez da própria poesia, mais do que da sua escolha.
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