quarta-feira, 31 de agosto de 2011







Cumprindo metas

* Por Marleuza Machado


A cada ano que se inicia, estabeleço uma meta para melhoria de meus defeitos (que não são poucos!) e tento cumpri-la à medida que ele transcorre. À cerca de dois meses recebi por email uma questionário a ser respondido e quando interrogada sobre o desejo que gostaria de realizar este ano, não tive dúvidas ao responder: "Quero estar mais perto de Deus". Foi só então que minha percepção se abriu e notei que minha agenda, no quesito "pontos de melhoria", estava em branco. A partir daquele momento, a resposta dada transformou-se num desafio. Só não sabia que rumo tomar e que ponto atacar para atingir meu objetivo.
A maioria das mulheres que, como eu, trafegam solitárias pelos caminhos da vida, não raramente sentem-se magoadas, ressentidas e usadas na questão da banalização dos relacionamentos amorosos. Acredito que isso aconteça porque pisoteiam valores adquiridos através da educação que receberam para a vida e em muitos casos, preferem considerá-los ultrapassados, ao invés de aglutinar experiências. Sentem-se "crescidinhas" o suficiente para criarem seus manuais de conduta e passam a bater cabeça, como donas absolutas de seus destinos. Eu, particularmente, tenho levado algumas rasteiras do sexo oposto e em meio ao sofrimento, procuro no outro razões para alguns episódios dos quais não entendo o desfecho, entre eles, alguns desligamentos, digamos, "repentinos e inexplicados". Confesso que dificilmente as encontro. O homem não precisa de razões para executar suas manobras: Ele é puro instinto e, como um animal, faz seus experimentos por simples curiosidade ou para saciar o desejo incapaz de conter. A mulher, ao contrário, perde o senso analítico: Sua razão bate em retirada quando a emoção entra em campo. Ela se apaixona, fantasia, se casa, tem filhos... E tudo numa fração de segundos! Quando acorda desses devaneios, a criatura já "bateu asinhas". Acredita que eu, por algumas vezes, quando me dei conta percebi que o "dito cujo" tinha saído da minha vida, assim como quem foi à feira comer um pastel e nunca mais deu notícias? E quando situações dessa natureza ocorrem, qual é o posicionamento correto para não permitir que mágoas tomem conta do nosso coração?
Padre Zezinho tem uma música que se encerra com a seguinte frase: "A vida é uma questão; o amor é a resposta". Realmente, a vida nos questiona todos os dias e utilizando do sentimento maior, todas as respostas virão. É amando, seja amor carnal ou fraternal, que tenho aprendido a necessidade do perdão. Houve um tempo em que eu ousava não me sentir magoada, como a querer ser perfeita o bastante para não alimentar sentimentos negativos . Raiva, hoje me permito sentir. Ódio, jamais. E guardar ressentimento? Nem pensar! Por isso, procuro perdoar o mais rápido que posso. Procuro digerir, em tempo recorde, o desconforto que uma desilusão produz, para que não se transforme em ressentimentos e fique envenenando minha alma. A frase bíblica dita por Paulo de Tarso "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm" (I Cor, 20, 23) remete a estas situações que vivo hoje. Se não aprender usar a razão antes da emoção se contrapor, acabo permitindo que pessoas me machuquem e erroneamente me sentirei injustiçada. Nesse caso terei que usar doses imensas de perdão, o que em pequenas porções muito me custa. Por outro lado, se trilhado com sabedoria, esse parece ser o caminho para atingir o objetivo que tracei para o ano.
Dos sentimentos que um ser humano pode cultivar, com certeza o amor é o maior e mais nobre. É mais uma verdade dita por Paulo de Tarso em I Coríntios, cap. 13. Através da prática do amor por mim mesma, tenho aprendido a valorizar meu corpo, templo sagrado onde habita meu espírito, que traz nele a marca do Criador. Com isso, atribuo também a mim, as culpas pelo que de ruim venha acontecer através dele. E vejo em várias circunstâncias, pontos onde posso crescer e evoluir, acionando o mecanismo o autoperdão. Em relação ao outro, Jesus me exorta ao perdão infinito. Aceitando e praticando esses ensinamentos, percebi que já estou me sentindo bem mais perto de Deus.

E assim foi que aprendi
Na hora de sofrer
Que nada faz sentido sem perdão
Que se eu não perdoar eu me enveneno.
E, se eu viver querendo eterna compreensão
Jamais aprenderei do amor esta lição:
O amor é bom demais
Porém às vezes dói!
(Pe. Zezinho em "O Amor é a Resposta")

• Poetisa e jornalista

Um comentário:

  1. Que nada me baste, pois tenho muito o que aprender.
    Belo texto Marleuza.
    Abraços

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