O homem feliz
* Por Talis Andrade
O homem feliz
o homem comum
extrai o saber
o sabor da vida
no sentir
Simplesmente no sentir
O contentamento de ir à feira
deliciar-se com as cores
os odores dos frutos da terra
Discutir os preços com os vendedores
Ver a natureza foi generosa
no esplendor de uma flor
na sustança de uma baga
no verde do abacate
no amarelo do caju
As cores os odores
a carnosa polpa das frutas
dão água na boca
O dia vestiu-se bonito
de rosas e mirto
porque é primavera
O dia exibiu as ricas
vestes de luz
porque é verão
O dia vive o ritmo
da sazão
O contentamento de ir à feira
mapiar com os lavradores
os presságios de chuva
no florescer do juazeiro
no aparecer da lua com circo
trazendo água no bico
na noite de São José
A chuva molhadeira
embebe os campos
A terra úmida prenhe
arrebenta-se em pendões de milho
e intumesce a cana
o caldo verde suculento
O homem feliz
o homem comum
Quanta poesia nos causos
na conversa jogada fora
Quanto saber no viver
a banalidade do dia
sem ansiedade
e melancolia
O dia corre seu curso
marcado pelos sons
O clarinar dos galos
o ziziar das cigarras
o trilar dos grilos
o crujar das corujas
Sem medo da morte
a consciência leve
o coração meigo
o homem segue
o desdobrar do dia
Dormir com a lua
acordar com o sol
o canto dos passarinhos
o cheiro de café
o café quentinho
passado na hora
O homem acorda
com o prazer
a alegria
de viver
mais um dia
O cantar do fogo
no fogão de lenha
as labaredas lambendo
da noite os restos
da escuridão
A zoeira da feira
cada vendedor
com um pregão
O homem acorda
com os aromas da casa
o cheiro de alfazema
das fêmeas
o cheiro doce
de fruta
apurando o ponto
em fogo brando
o gosto gostoso
de uma cocada de coco
a água friinha
dormida na quartinha
O contentamento de lembrar
acontecimentos do passado
sem ranço de amargura
Faz bom tempo
o dia corre sossegado
O céu claro promete
uma enluarada noite
estrelada
um sono sereno
como recompensa
de um dia deslumbrante
e ameno
* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).
* Por Talis Andrade
O homem feliz
o homem comum
extrai o saber
o sabor da vida
no sentir
Simplesmente no sentir
O contentamento de ir à feira
deliciar-se com as cores
os odores dos frutos da terra
Discutir os preços com os vendedores
Ver a natureza foi generosa
no esplendor de uma flor
na sustança de uma baga
no verde do abacate
no amarelo do caju
As cores os odores
a carnosa polpa das frutas
dão água na boca
O dia vestiu-se bonito
de rosas e mirto
porque é primavera
O dia exibiu as ricas
vestes de luz
porque é verão
O dia vive o ritmo
da sazão
O contentamento de ir à feira
mapiar com os lavradores
os presságios de chuva
no florescer do juazeiro
no aparecer da lua com circo
trazendo água no bico
na noite de São José
A chuva molhadeira
embebe os campos
A terra úmida prenhe
arrebenta-se em pendões de milho
e intumesce a cana
o caldo verde suculento
O homem feliz
o homem comum
Quanta poesia nos causos
na conversa jogada fora
Quanto saber no viver
a banalidade do dia
sem ansiedade
e melancolia
O dia corre seu curso
marcado pelos sons
O clarinar dos galos
o ziziar das cigarras
o trilar dos grilos
o crujar das corujas
Sem medo da morte
a consciência leve
o coração meigo
o homem segue
o desdobrar do dia
Dormir com a lua
acordar com o sol
o canto dos passarinhos
o cheiro de café
o café quentinho
passado na hora
O homem acorda
com o prazer
a alegria
de viver
mais um dia
O cantar do fogo
no fogão de lenha
as labaredas lambendo
da noite os restos
da escuridão
A zoeira da feira
cada vendedor
com um pregão
O homem acorda
com os aromas da casa
o cheiro de alfazema
das fêmeas
o cheiro doce
de fruta
apurando o ponto
em fogo brando
o gosto gostoso
de uma cocada de coco
a água friinha
dormida na quartinha
O contentamento de lembrar
acontecimentos do passado
sem ranço de amargura
Faz bom tempo
o dia corre sossegado
O céu claro promete
uma enluarada noite
estrelada
um sono sereno
como recompensa
de um dia deslumbrante
e ameno
* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).
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