quarta-feira, 6 de julho de 2011







Resiliência

* Por Sayonara Lino

Tenho ouvido muito sobre resiliência, um termo que, na física, define a capacidade de um material recuperar seu estado normal após passar por tensão e a mesma for suspensa. Trazendo para o cotidiano, seria a capacidade de um indivíduo recuperar-se após passar por situações adversas, em altas condições “de temperatura e pressão”. Situações que deixam qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade fora de órbita, os desafios que enfrentamos, o inesperado, o inevitável.
A resiliência, creio eu, é mais do que simplesmente suportar algo que incomoda. É utilizar o poder do discernimento, do equilíbrio, da sabedoria para lidar com as decepções, frustrações, tristezas, desilusões. É ter muito, mas muito jogo de cintura para agüentar o tranco sem perder a compostura. Sem faniquito, sem ladainha, sem perder o rebolado.
Conheci pouquíssimas pessoas que tiraram de letra as chapoletadas e superaram, foram resilientes, perseveraram sem maiores seqüelas. É da natureza de cada um, eu aplaudo esses guerreiros, sinceramente. Enquanto alguns se descabelam por conta do cheque especial, outros estão serenamente velando um amor, um companheiro de cinqüenta anos, um filho, o cachorro de estimação. Alguns escutam um “não” e dão cabeçada na parede, outros são arrastados vida afora, ternos e brandos.
Eu ainda não caí das nuvens, ainda tento compreender a complexidade humana que desperta minha curiosidade, mais que qualquer outra coisa. É a resiliência que está aqui, insistindo em me dar apoio. Juro que um dia chegarei lá, com um pouco mais de elegância.

• Jornalista, fotógrafa e colunista do Literário

2 comentários:

  1. E quem não está correndo atrás desse equilíbrio?
    Abraços!

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  2. A palavra final ficou ultra-elegante, Sayonara! Sábias reflexões. Há quem gaste além com algo superfluo: "quero esse sapato já", mesmo que seja o centésimo. E xinga quando a conta chega. Outros, descobrem antes dos trinta anos que têm um câncer no seio e ficará sem ele. Como me disse uma mulher: " tirou tudo. Raspou até o osso". Nem sempre é possível voltar inteiro ao estado inicial. Mas bem que tentamos.

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