quinta-feira, 14 de julho de 2011









O que faz um campeão

* Por Fabiana Bórgia

Além de corredora, sou cinéfila. Gosto de aprender lições de vida por meio dos filmes, como “Rocky”, “Menina de ouro”, “A procura da felicidade” e tantos outros. Acredito que a magia do cinema, assim como o esporte, é capaz de me transformar numa pessoa melhor.
Todos eles me ensinaram que as grandes conquistas começam sempre por pequenos passos, exercitando a persistência e suportando o sofrimento.
Vendo o trailer do documentário sobre Ayrton Senna, nosso ídolo assim se pronuncia: “O fato de eu acreditar em Deus, de eu ter fé em Deus, não quer dizer que eu seja imortal, não quer dizer que eu seja imune. Eu tenho tanto medo quanto qualquer outra pessoa de me machucar.” E não é isso? A essência de um campeão é a humildade para enfrentar seus desafios, reconhecendo-se como um de nós. Mas apenas humildade e persistência são suficientes?
Após assistir à luta entre o brasileiro Anderson Silva e o americano Chael Sonnen, em agosto, nos EUA (MMA Califórnia), percebi com mais clareza o que faz um campeão. Desde 2006, Anderson coleciona vitórias. Antes da luta, o americano fez várias provocações, dizendo que Anderson até poderia ser o campeão, mas que ele seria capaz de vencê-lo, pois era o melhor. Nos cinco rounds, Anderson apanhou muito. Mas no último momento, finalizou. Só um verdadeiro campeão tem esta capacidade de reverter uma situação que para nós parece ser irreversível. Por isso, ser campeão não é uma questão de ser imbatível, mas de encontrar a vitória no momento crucial da batalha, ou seja, não entregar os pontos. Sonnen realmente é muito bom, mas parece que lhe faltou humildade, atributo indispensável.
Tenho a oportunidade de conviver com campeãs. Duas delas são minhas grandes amigas: Ana Rachel Lemes, do Exército Brasileiro, e Lislaine Link, da Força Aérea Brasileira. Rachel foi campeã sul-americana de Orientação, em 2008, campeã da III Etapa do Campeonato Brasileiro de Orientação, em 2009, além de ter conquistado outros títulos e ter participado de vários mundiais. Lis, também com diversos títulos, vasta experiência e ativa em mundiais, o que significa estar entre os melhores do mundo, foi bicampeã sul-americana em corrida de Orientação em 2005 e 2006. E não é para me gabar, mas além de campeãs, são ótimas amigas.
Embora eu não seja atleta profissional, sou campeã por tabela: comemoro as conquistas alheias e tenho o privilégio de estar cercada de bons exemplos. Foi assim que me senti vendo Juliana Paula de Souza, também da FAB, ao vencer a meia maratona da III Etapa Circuito Athenas no Rio. E ainda cheguei com a campeã, que completava os 21 km em tempo similar ao meu, que estava terminando os 10 km.
Mas, pensando bem, eu também sou campeã. Nunca subi no pódio, fiz cirurgia no joelho em 2008, mas comecei a correr e ainda realizei a maior das grandes conquistas: me superar! Para completar, tive o gostinho de correr ao lado de Juliana segundos antes da linha de chegada e conquistar meus primeiros 10 km numa prova! E sem parar de correr um minuto sequer! Que seja o início para mim e o incentivo para aqueles que pretendem ter novas conquistas!

Texto publicado na revista Aeroespaço (2010)

• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”

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