sábado, 30 de julho de 2011



Os marginais

* Por Luiz Carlos Monteiro

1

O negócio suspeito
no refúgio do beco
pela rua escondido

onde está a saída
dessa boca de fumo
onde um bar se pergunta

o que foge do medo
enlaçado no enredo
entre trama e recuo

indo e vindo ligeiro
se livrando do cúmplice
implicado futuro

caso haja revista
caso chegue a polícia
de plantão no subúrbio.

2

Eu agora estou preso
e me sinto perdido

nesse trampo do tráfico
tudo leva ao crime

minha mãe vai me ver
na TV com algemas

não tomei seu conselho
vou pagar minha pena

nesta hora maldita
é preciso ser prático

não adianta cinismo
de quem foi grampeado

meus comparsas esperam
a cobrar o indevido

pelo pátio e nas celas
qualquer um traz perigo

a direção e outros presos
que no aperto transitam

os chaveiros e agentes
monitorando os motins

dia e noite atentos
a vigiar nós bandidos.

3

O privilégio de poucos
é a desgraça de muitos

os inimigos lá soltos
com estiletes e chuchos

tudo é moeda de troca
desde a cachaça ao fumo

há sempre um golpe rasteiro
de violência profunda

não facilita a cadeia
a traição e os abusos

a influência o dinheiro
é que implode esse mundo.

* Poeta, crítico literário e ensaísta, blog www.omundocircundande.blogspot.com

Um comentário:

  1. Pedro, soube agora, é póstumo o texto acima: nosso Luiz Carlos faleceu no dia 25 de julho.

    Eu não sabia da morte de Luiz Carlos. Estivemos juntos na última Fliporto, em Porto de Galinhas.
    Os jornais nada disseram sobre o estudioso de Carlos Pena, responsável por tantos eventos literários no Recife, como a bela exposição sobre o poeta do Azul, ele próprio bom poeta e ótimo crítico literário.
    Daqui envio os meus pêsames a familiares e amigos.

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