Cronista de sucesso
O jornalismo brasileiro é privilegiado por contar com cronistas talentosíssimos. Muitos preferem ser chamados – e assim se consideram – apenas jornalistas. Ou seja, não se assumem como escritores. Boa parte sequer cogita em reunir sua produção em livros, o que considero um prejuízo para o mercado editorial (e para os que fazem essa opção pelo ineditismo literário). Todos os jornais brasileiros, pelo menos os de médios para grandes, contam com cronistas muito bons, que conquistam o público que finda por lhes ser sumamente fiel. E isso é muito bom para ambas as partes. Sequer é necessário citar nomes. Aliás, é bom que eu não o faça, para evitar injustas omissões.
A crônica é tida e havida como gênero “híbrido”, que contém elementos de jornalismo e de literatura. É uma espécie de ponte entre ambos. Da minha parte, sempre considerei, considero e irei considerar o cronista como sendo, antes de tudo, escritor, mesmo que exerça o jornalismo, inclusive em outras funções. Pelo menos é assim que me considero, porquanto uma coisa não exclui a outra. As duas atividades fazem um casamento perfeito.
Peço licença, porém, para abrir uma exceção à minha decisão de não citar nomes. Uma cronista que venho acompanhando há muito tempo, quer pela imprensa, quer (e principalmente) por seus livros, é minha conterrânea e por estar entre meus escritores preferidos, proponho-me a falar um pouco dela e com a maior satisfação. Ela é bem mais jovem do que eu, mas infinitamente mais bem sucedida, dado seu inegável talento. Refiro-me a Martha Medeiros, que completa 50 anos em 20 de agosto de 2011 (e perdoe-me a indelicadeza, pois não é de bom tom revelar a idade de uma dama).
A jornalista e escritora (ou seria escritora e jornalista?), é cronista de dois gigantes da imprensa brasileira: “Zero Hora”, de Porto Alegre (sua cidade natal) e “O Globo”, do Rio de Janeiro. Só isso já a credencia, distingue e conta a seu favor. Não é qualquer um, e por tanto tempo, que mantém colunas em jornais desse porte. Mas, para entender seu sucesso, basta ler suas crônicas, inteligentes, positivas e, sobretudo, bem-humoradas. E, acima de tudo, úteis. Nas entrelinhas do seu texto sempre há algo útil, em termos de comportamento, para a nossa vida. Tanto que há, até mesmo, quem a classifique como escritora de auto-ajuda. Não é, mas bem que poderia ser. Não vejo nada de errado nos bons escritores que enveredam por esse caminho.
Ressalte-se que Martha é, também, excelente poetisa. Tanto que seus primeiros cinco livros (dos vinte que já publicou; isso mesmo, vinte, o que reflete uma produção excepcional, quer em quantidade quer em qualidade!) são de poesias: “Strip-tease” (1985), “Meia noite e um quarto” (1987), “Persona non grata” (1991), “De cara lavada” (1995) e “Poesia reunida” (1998). Mas já publicou um pouco de tudo. Como, por exemplo, o utilíssimo e muito interessante guia de viagem, intitulado “Santiago do Chi8le” (1996). Ou o romance “O divã” (2002), adaptado para o teatro e para o cinema, transformando-se em sucesso de bilheteria em ambos. Ou o livro infantil “Esquisita como eu” (2004).
Como se vê, Martha é eclética. Destaco-a como cronista pois é o que mais faz, até para cumprir contrato com os dois jornais em que trabalha. Mas seu primeiro livro de crônicas, “Geração bivolt”, veio a público, somente, em 1995, quando já era poetisa consagrada e super conhecida. Depois dessa obra vieram “Topless” (1997), “Trem-bala” (1998), também adaptado, com grande sucesso, para o teatro, “Non Stop” (2000), “Montanha-russa” (2003), “Coisas da vida” (2005), “Tudo o que eu queria para te dizer” (2007), que igualmente virou peça teatral, “Doidas e santas” (2008) e, finalmente, “Feliz por nada”, lançado recentemente e que suscitou estas reflexões.
Como minha intenção nunca foi a de fazer resenha, até para não estragar o prazer da leitura de ninguém, preferi tratar da carreira da escritora, em detrimento do seu novo lançamento. Creio, porém, que conhecendo seu brilhante (e põe brilhante nisso!) currículo, o leitor que não a conhece bem, ficará muito mais curioso e motivado para conhecê-la.
Destaco que Martha voltou, em 2000, a publicar mais um livro de poesias, “Cartas extraviadas e outros poemas”, além de dois romances, “Selma e Sinatra” (2005) e “Fora de mim” (2010). Não sei se essa minha brilhante e inspirada conterrânea exerce alguma função exclusivamente jornalística. Mas, com toda essa bibliografia, não há como não me referir a ela sobretudo como escritora.
Fiquei sabendo que Martha teve passagem pelo setor de propaganda e publicidade, que abandonou, para se dedicar à literatura (para a nossa felicidade, sem dúvida). Aliás, casou-se com um publicitário, Luiz Telmo de Oliveira Ramos. Mal comecei a ler seu novo livro “Feliz por nada” e já estou próximo de concluir a leitura. É quase impossível parar! A exemplo de outras de suas publicações, esta, também, é da Editora L&PM.
Perpassa, por todo o volume, uma mensagem positiva, embora em alguns textos a autora recorra, quando pertinente, à ironia. Fica implícito, de fato, aquilo que li em um release da “Livraria da Folha” que diz que “talvez a felicidade não precise de um motivo e apareça do nada”. Aliás, você, leitor, é testemunha de que sempre que tratei deste mesmo tema neste espaço, cheguei à mesmíssima conclusão, posto que não com a elegância e a beleza das crônicas de Martha Medeiros. Você aceita um conselho? Compre o livro que não irá se arrepender.
Boa leitura.
O Editor.
O jornalismo brasileiro é privilegiado por contar com cronistas talentosíssimos. Muitos preferem ser chamados – e assim se consideram – apenas jornalistas. Ou seja, não se assumem como escritores. Boa parte sequer cogita em reunir sua produção em livros, o que considero um prejuízo para o mercado editorial (e para os que fazem essa opção pelo ineditismo literário). Todos os jornais brasileiros, pelo menos os de médios para grandes, contam com cronistas muito bons, que conquistam o público que finda por lhes ser sumamente fiel. E isso é muito bom para ambas as partes. Sequer é necessário citar nomes. Aliás, é bom que eu não o faça, para evitar injustas omissões.
A crônica é tida e havida como gênero “híbrido”, que contém elementos de jornalismo e de literatura. É uma espécie de ponte entre ambos. Da minha parte, sempre considerei, considero e irei considerar o cronista como sendo, antes de tudo, escritor, mesmo que exerça o jornalismo, inclusive em outras funções. Pelo menos é assim que me considero, porquanto uma coisa não exclui a outra. As duas atividades fazem um casamento perfeito.
Peço licença, porém, para abrir uma exceção à minha decisão de não citar nomes. Uma cronista que venho acompanhando há muito tempo, quer pela imprensa, quer (e principalmente) por seus livros, é minha conterrânea e por estar entre meus escritores preferidos, proponho-me a falar um pouco dela e com a maior satisfação. Ela é bem mais jovem do que eu, mas infinitamente mais bem sucedida, dado seu inegável talento. Refiro-me a Martha Medeiros, que completa 50 anos em 20 de agosto de 2011 (e perdoe-me a indelicadeza, pois não é de bom tom revelar a idade de uma dama).
A jornalista e escritora (ou seria escritora e jornalista?), é cronista de dois gigantes da imprensa brasileira: “Zero Hora”, de Porto Alegre (sua cidade natal) e “O Globo”, do Rio de Janeiro. Só isso já a credencia, distingue e conta a seu favor. Não é qualquer um, e por tanto tempo, que mantém colunas em jornais desse porte. Mas, para entender seu sucesso, basta ler suas crônicas, inteligentes, positivas e, sobretudo, bem-humoradas. E, acima de tudo, úteis. Nas entrelinhas do seu texto sempre há algo útil, em termos de comportamento, para a nossa vida. Tanto que há, até mesmo, quem a classifique como escritora de auto-ajuda. Não é, mas bem que poderia ser. Não vejo nada de errado nos bons escritores que enveredam por esse caminho.
Ressalte-se que Martha é, também, excelente poetisa. Tanto que seus primeiros cinco livros (dos vinte que já publicou; isso mesmo, vinte, o que reflete uma produção excepcional, quer em quantidade quer em qualidade!) são de poesias: “Strip-tease” (1985), “Meia noite e um quarto” (1987), “Persona non grata” (1991), “De cara lavada” (1995) e “Poesia reunida” (1998). Mas já publicou um pouco de tudo. Como, por exemplo, o utilíssimo e muito interessante guia de viagem, intitulado “Santiago do Chi8le” (1996). Ou o romance “O divã” (2002), adaptado para o teatro e para o cinema, transformando-se em sucesso de bilheteria em ambos. Ou o livro infantil “Esquisita como eu” (2004).
Como se vê, Martha é eclética. Destaco-a como cronista pois é o que mais faz, até para cumprir contrato com os dois jornais em que trabalha. Mas seu primeiro livro de crônicas, “Geração bivolt”, veio a público, somente, em 1995, quando já era poetisa consagrada e super conhecida. Depois dessa obra vieram “Topless” (1997), “Trem-bala” (1998), também adaptado, com grande sucesso, para o teatro, “Non Stop” (2000), “Montanha-russa” (2003), “Coisas da vida” (2005), “Tudo o que eu queria para te dizer” (2007), que igualmente virou peça teatral, “Doidas e santas” (2008) e, finalmente, “Feliz por nada”, lançado recentemente e que suscitou estas reflexões.
Como minha intenção nunca foi a de fazer resenha, até para não estragar o prazer da leitura de ninguém, preferi tratar da carreira da escritora, em detrimento do seu novo lançamento. Creio, porém, que conhecendo seu brilhante (e põe brilhante nisso!) currículo, o leitor que não a conhece bem, ficará muito mais curioso e motivado para conhecê-la.
Destaco que Martha voltou, em 2000, a publicar mais um livro de poesias, “Cartas extraviadas e outros poemas”, além de dois romances, “Selma e Sinatra” (2005) e “Fora de mim” (2010). Não sei se essa minha brilhante e inspirada conterrânea exerce alguma função exclusivamente jornalística. Mas, com toda essa bibliografia, não há como não me referir a ela sobretudo como escritora.
Fiquei sabendo que Martha teve passagem pelo setor de propaganda e publicidade, que abandonou, para se dedicar à literatura (para a nossa felicidade, sem dúvida). Aliás, casou-se com um publicitário, Luiz Telmo de Oliveira Ramos. Mal comecei a ler seu novo livro “Feliz por nada” e já estou próximo de concluir a leitura. É quase impossível parar! A exemplo de outras de suas publicações, esta, também, é da Editora L&PM.
Perpassa, por todo o volume, uma mensagem positiva, embora em alguns textos a autora recorra, quando pertinente, à ironia. Fica implícito, de fato, aquilo que li em um release da “Livraria da Folha” que diz que “talvez a felicidade não precise de um motivo e apareça do nada”. Aliás, você, leitor, é testemunha de que sempre que tratei deste mesmo tema neste espaço, cheguei à mesmíssima conclusão, posto que não com a elegância e a beleza das crônicas de Martha Medeiros. Você aceita um conselho? Compre o livro que não irá se arrepender.
Boa leitura.
O Editor.
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Não a conheço como poeta. Comecei lendo seus textos na internet. Gostava, e assim, quando ela lençou o livro "Doidas e Santas" eu o comprei e gostei muito, fazendo a leitura quase de uma sentada. Muita gente a critica, inclusive escritores, dizendo que ela só escreve sobre o universo feminino. O que você acha dessas opiniões, Pedro? Devem ser descartadas?
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