Programas infantis
* Por Fábio de Lima
Presenciei poucos momentos sublimes da televisão brasileira, mas muito já ouvi contar. Sou também um contador de histórias, e por isso gosto de ouvi-las. Eu não estava lá, era uma outra época, mas me contaram que existiu um programa infantil chamado Clube do Guri, isso por 21 anos, na TV Tupi, de 1955 a 1976. Era um programa oriundo do rádio e desde lá um sucesso. A garotada cantava com Ângela Maria e Dalva de Oliveira, tocava instrumentos musicais e declamava versos de Castro Alves. Muita gente de talento iniciou sua carreira brincando no Clube do Guri, as cantoras Wanderléa e Elis Regina são exemplos clássicos disso.
Havia também, naquela época, um programa chamado Teatrinho Trol. Ele ficou no ar por dez anos, e nesse tempo de sucesso causou uma verdadeira coqueluche. O Trol era feito de bruxas, princesas, castelos e florestas encantadas, gelo seco e neve de sabão, óperas e boas historias do teatro e da literatura mundial. Quantas crianças vão ao teatro hoje em dia? E quantas lêem? Não! Por favor não me responda, caro leitor. Ainda hoje, muitas pessoas que vivenciaram aquela época sabem as letras musicais e o prefixo com os sons de uma caixinha de música que anunciava o início do programa.
Outro programa infantil marcante foi o Capitão Aza. Esta personagem vestia um impecável uniforme da linha aeronáutica, usava capacete de piloto com duas asinhas desenhadas, óculos de lentes negras acopladas e, sobre o peito robusto, diversas medalhas. Este programa ficou no ar durante 14 anos e o nome Capitão Aza era para homenagear um herói da FAB (Força Aérea Brasileira) que lutou na Segunda Guerra Mundial e era conhecido entre os aviadores como Aza.
Falando em Capitão, tem outro que não pode ser esquecido: o Capitão Furacão. Este programa esteve no ar por quatro anos, de 1965 a 1969. O Furacão usava jaqueta azul, quepe e longa barba branca – além disso, girava um leme de um lado para o outro enquanto lia cartas e mandava mensagens – falava sobre os segredos do mar, organizava gincanas e apresentava desenhos animados. Muitas aventuras e principalmente alegria tinha vez naquele convés imaginário.
Vila Sésamo foi outro programa infantil de muito sucesso. Ele era originário dos Estados Unidos e foi adaptado pelo Brasil e por vários outros países do mundo e, até hoje é copiado como fórmula mágica de entretenimento para crianças. Era uma espécie de jardim de infância para ensinar às crianças noções de higiene, meio ambiente e vida natural. O programa fez de seus atores personalidades nacionais – Sônia Braga, por exemplo, fez nesse infantil sua estréia na tevê.
Falar de programas infantis brasileiros e não citar o Sítio do Pica-Pau Amarelo é como falar de futebol e não citar Pelé. O Sítio foi um dos programas mais bem produzidos para a tevê que se tem notícia. O capricho vinha desde a elaboração das histórias selecionadas pelos roteiristas e uma equipe de psicólogos e pedagogos, até uma rigorosa escolha de elenco. Cenários e locações eram especialmente montados para criar uma imagem bem brasileira, imagem esta que Monteiro Lobato sempre valorizou nos seus 23 livros de literatura infantil.
Outro infantil de destaque foi o Globinho, o primeiro telejornal para crianças e jovens da televisão brasileira. Ele tinha uma linha não apenas de informação, mas também de questionamento, onde na maioria das reportagens os jovens podiam dar sua opinião sobre temas da atualidade e da realidade brasileira. Depois, veio o Balão Mágico, isso já nos anos 80. Talvez, o canto do cisne para os programas infantis com a cara da criançada. Ainda recentemente teve o Castelo Rá-Tim-Bum e a TV Colosso, mas conquistadores de apenas uma minoria infantil.
Porque depois do Balão Mágico o que se viu na televisão brasileira foi uma constante procura por fazer crescer, o mais rápido possível, as crianças. O significado da palavra precoce foi deturpado e valorizado ao extremo. E pergunto mais uma vez ao caro leitor: por que tantas loiras com roupas minúsculas? E por que falar com a criançada quase sempre miando como se falasse com imbecis? Já ouvi falar que também existiu o programa infantil de uma tal de ‘Rainha’ dos baixinhos. Bobagem! A monarquia acabou no Brasil faz muito tempo.
*Jornalista e escritor ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. Atua como repórter freelancer para o jornal Diário do Comércio (SP) e é diretor de programação da Cinetvnet (TV pela WEB). Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO.
* Por Fábio de Lima
Presenciei poucos momentos sublimes da televisão brasileira, mas muito já ouvi contar. Sou também um contador de histórias, e por isso gosto de ouvi-las. Eu não estava lá, era uma outra época, mas me contaram que existiu um programa infantil chamado Clube do Guri, isso por 21 anos, na TV Tupi, de 1955 a 1976. Era um programa oriundo do rádio e desde lá um sucesso. A garotada cantava com Ângela Maria e Dalva de Oliveira, tocava instrumentos musicais e declamava versos de Castro Alves. Muita gente de talento iniciou sua carreira brincando no Clube do Guri, as cantoras Wanderléa e Elis Regina são exemplos clássicos disso.
Havia também, naquela época, um programa chamado Teatrinho Trol. Ele ficou no ar por dez anos, e nesse tempo de sucesso causou uma verdadeira coqueluche. O Trol era feito de bruxas, princesas, castelos e florestas encantadas, gelo seco e neve de sabão, óperas e boas historias do teatro e da literatura mundial. Quantas crianças vão ao teatro hoje em dia? E quantas lêem? Não! Por favor não me responda, caro leitor. Ainda hoje, muitas pessoas que vivenciaram aquela época sabem as letras musicais e o prefixo com os sons de uma caixinha de música que anunciava o início do programa.
Outro programa infantil marcante foi o Capitão Aza. Esta personagem vestia um impecável uniforme da linha aeronáutica, usava capacete de piloto com duas asinhas desenhadas, óculos de lentes negras acopladas e, sobre o peito robusto, diversas medalhas. Este programa ficou no ar durante 14 anos e o nome Capitão Aza era para homenagear um herói da FAB (Força Aérea Brasileira) que lutou na Segunda Guerra Mundial e era conhecido entre os aviadores como Aza.
Falando em Capitão, tem outro que não pode ser esquecido: o Capitão Furacão. Este programa esteve no ar por quatro anos, de 1965 a 1969. O Furacão usava jaqueta azul, quepe e longa barba branca – além disso, girava um leme de um lado para o outro enquanto lia cartas e mandava mensagens – falava sobre os segredos do mar, organizava gincanas e apresentava desenhos animados. Muitas aventuras e principalmente alegria tinha vez naquele convés imaginário.
Vila Sésamo foi outro programa infantil de muito sucesso. Ele era originário dos Estados Unidos e foi adaptado pelo Brasil e por vários outros países do mundo e, até hoje é copiado como fórmula mágica de entretenimento para crianças. Era uma espécie de jardim de infância para ensinar às crianças noções de higiene, meio ambiente e vida natural. O programa fez de seus atores personalidades nacionais – Sônia Braga, por exemplo, fez nesse infantil sua estréia na tevê.
Falar de programas infantis brasileiros e não citar o Sítio do Pica-Pau Amarelo é como falar de futebol e não citar Pelé. O Sítio foi um dos programas mais bem produzidos para a tevê que se tem notícia. O capricho vinha desde a elaboração das histórias selecionadas pelos roteiristas e uma equipe de psicólogos e pedagogos, até uma rigorosa escolha de elenco. Cenários e locações eram especialmente montados para criar uma imagem bem brasileira, imagem esta que Monteiro Lobato sempre valorizou nos seus 23 livros de literatura infantil.
Outro infantil de destaque foi o Globinho, o primeiro telejornal para crianças e jovens da televisão brasileira. Ele tinha uma linha não apenas de informação, mas também de questionamento, onde na maioria das reportagens os jovens podiam dar sua opinião sobre temas da atualidade e da realidade brasileira. Depois, veio o Balão Mágico, isso já nos anos 80. Talvez, o canto do cisne para os programas infantis com a cara da criançada. Ainda recentemente teve o Castelo Rá-Tim-Bum e a TV Colosso, mas conquistadores de apenas uma minoria infantil.
Porque depois do Balão Mágico o que se viu na televisão brasileira foi uma constante procura por fazer crescer, o mais rápido possível, as crianças. O significado da palavra precoce foi deturpado e valorizado ao extremo. E pergunto mais uma vez ao caro leitor: por que tantas loiras com roupas minúsculas? E por que falar com a criançada quase sempre miando como se falasse com imbecis? Já ouvi falar que também existiu o programa infantil de uma tal de ‘Rainha’ dos baixinhos. Bobagem! A monarquia acabou no Brasil faz muito tempo.
*Jornalista e escritor ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. Atua como repórter freelancer para o jornal Diário do Comércio (SP) e é diretor de programação da Cinetvnet (TV pela WEB). Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO.
Não dá para entender o que leva adultos a decidir que criança quer isso e não aquilo. Como mudam de canal, não há mais como impor nada a elas.
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