Hipocrisia
em versos
*
Por Gustavo do Carmo
Dizem
que eu não corro atrás. Que eu não procuro ninguém para fazer
contato.
“Ain,
nada cai do céu pra você. Tem que correr atrás!” Jogam na minha
cara.
Aí
eu procuro.
Sou
ignorado.
Insisto.
Sou
ignorado.
Insisto
de novo.
Sou
ignorado.
Perco
a paciência e já começo a xingar. A criticar.
Aí
eu passo a ser malvisto. Ficam me chamando de louco, de infantil e
retardado pelas minhas costas. Mas continuam me ignorando.
Volto
a insistir educadamente.
Sou
ignorado.
Volto
a insistir educadamente mais uma vez.
Aí
a pessoa perde a paciência e joga na minha cara que é atarefada,
que não é igual a mim (como se eu não tivesse nada para
fazer). Que já a ofendi diversas vezes. Ameaça prestar queixa
na polícia se eu voltar a insistir.
Depois
o chato, louco, infantil, retardado e amargo sou eu.
Decido
a não correr mais atrás de ninguém. Como sempre fazia.
Jogam
na minha cara que o rancor faz mal para o coração. Que é preciso
perdoar.
Voltam
a dizer que eu não corro atrás. Que eu não procuro as pessoas para
fazer contato.
“Ain,
nada cai do céu só para você. Tem que correr atrás!” Jogam de
novo na minha cara.
Aí
eu mando para a puta que pariu!
Continuo
sendo ignorado. Agora para sempre.
*
Jornalista e publicitário de formação e escritor de coração.
Publicou o romance “Notícias que Marcam” pela Giz Editorial (de
São Paulo-SP) e a coletânea “Indecisos - Entre outros contos”.
Bookess
- http://www.bookess.com/read/4103-indecisos-entre-outros-contos/ e
PerSe
-http://www.perse.com.br/novoprojetoperse/WF2_BookDetails.aspx?filesFolder=N1383616386310
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