segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Afrodite - Dora Ferreira da Silva


Afrodite


* Por Dora Ferreira da Silva

Disse a deusa a sorrir:
esta manhã o mar deu-me adereços
e vestida de pérolas
fui a um reino distante.
Cânticos despertaram vides
e frutos nasceram, que o sol
cultiva nos pomares.
Coros adolescentes perseguiam Eros
- o coroado de pâmpanos -
pois de meus lábios haviam provado ,
o vinho farto e suave.

Liames atando e desatando,
ele a beleza ocultava nas angras mais profundas,
pois quando emergia - flâmeo! -
o murmúrio do mar as praias inundava
e a embriaguez vizinha da morte
ameaçava os amantes...



(Livro "Talhamar". São Paulo: Massao Ohno, 1982).



* Poetisa e tradutora.

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