Ruptura
* Por Pedro J. Bondaczuk
Romper
grilhões, fender cadeias,
quebrar
o absoluto isolamento,
saltar
o fundo fosso de sombras,
para
poder desabrochar ao sol...
Decapitar
esta angústia imensa,
para
que escape do vil cotidiano,
sepultar
a onipresente mediocridade
sob
doze toneladas de versos.
Pressentir
esta presença amiga,
fazer
um todo, unindo cada parte,
galgar
o cimo pedregoso do Olimpo,
conquistar
a vedada torre de marfim.
Face
à cruel impossibilidade
de
alcançar a desejável compreensão,
optar
pela estratégica (suave) fuga
da
promiscuidade de emoções.
O
amor... Ah! o amor, falsa quimera,
com
sete fantásticas cabeças,
sete
facetas, sete mentiras,
engodos,
farsas e ilusões.
Ah!
O amor, da permanente busca,
do
diamante de vinte quilates
sepultado
sob a grossíssima ganga
de
cinco toneladas de escórias.
Ditador
cínico e parcial,
farta
fonte geratriz de angústia,
pois,
no duro, o que existe, no fundo,
é
só uma capciosa ilusão.
Horrenda
e falsa máscara hipócrita,
mero
anseio, simples idealização,
rija
cadeia de aço, que tolhe,
espelho
dos nossos “id” e “ego”.
O
ideal é romper as cadeias
e
desabrochar à luz matinal,
participar
de algo mais amplo:
do
infinito amor universal.
Escapar
do monstro mentiroso,
verboso,
esquivo, falso, venal,
para
conhecer o completo gozo,
de
sua posse, permanente e total!
(Poema composto em Campinas,
em 13 de março de 1977).
*
Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de
Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do
Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções,
foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no
Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios
políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance
Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas),
“Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da
Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º
aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio
de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53,
página 54. Blog “O Escrevinhador” –
http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
Eu gostei deste poema, que sai de dentro do seu interminável baú de versos.
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