Fronteiras
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Por Eduardo Oliveira Freire
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Muitas vezes, não consigo escolher as palavras certas. Quero dizer
como me sinto, mas elas ficam embaralhadas na minha frente e não
consigo pescá-las. Tentarei lhe explicar…
Há
fronteiras que a gente não pode ultrapassar, pois, não tem como
voltar atrás. Está entendendo? Quando me deparo com estes limites,
tenho medo de deixar de ser eu e me tornar outro ao atravessá-los.
Ao mesmo tempo, que sinto medo, surge certa curiosidade.
Porém,
se eu quiser voltar e não puder mais, já que o mundo que conhecia
não existirá mais? Até quando sou prudente ou covarde? Você já
ultrapassou suas fronteiras e ainda continua sendo você?
Sei
que isto é meio confuso, nunca consegui explicar o que acontece
comigo. Talvez estas fronteiras sejam minha humanidade. Em alguns
momentos, imagino-me fazer uma crueldade com um bicho, por exemplo,
colocar um gatinho no microondas…
A
culpa vem galopante ao pensar sobre isto. Deve estar me achando
louco, né? É que fico transbordando com tantos pensamentos que
preciso colocar um pouco para fora. Tenho tanta ira, às vezes!
Chega!
Você é um cara legal, não lançou, para mim, nenhum olhar de
censura. Não sei o que me deu, nunca disse a ninguém o que lhe
confessei. Sei lá, o dia está estranho. Amanhã será outro dia,
até mais. Boa noite, vizinho.
***
O
vizinho nem prestou a atenção nele. Estava mais preocupado em como
se livrar do corpo da amante, antes de sua noiva voltar de viagem.
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Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela
Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo
Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor
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