sexta-feira, 29 de junho de 2018

Fronteiras - Eduardo Oliveira Freire


Fronteiras


* Por Eduardo Oliveira Freire


- Muitas vezes, não consigo escolher as palavras certas. Quero dizer como me sinto, mas elas ficam embaralhadas na minha frente e não consigo pescá-las. Tentarei lhe explicar…

Há fronteiras que a gente não pode ultrapassar, pois, não tem como voltar atrás. Está entendendo? Quando me deparo com estes limites, tenho medo de deixar de ser eu e me tornar outro ao atravessá-los. Ao mesmo tempo, que sinto medo, surge certa curiosidade.

Porém, se eu quiser voltar e não puder mais, já que o mundo que conhecia não existirá mais? Até quando sou prudente ou covarde? Você já ultrapassou suas fronteiras e ainda continua sendo você?

Sei que isto é meio confuso, nunca consegui explicar o que acontece comigo. Talvez estas fronteiras sejam minha humanidade. Em alguns momentos, imagino-me fazer uma crueldade com um bicho, por exemplo, colocar um gatinho no microondas…

A culpa vem galopante ao pensar sobre isto. Deve estar me achando louco, né? É que fico transbordando com tantos pensamentos que preciso colocar um pouco para fora. Tenho tanta ira, às vezes!

Chega! Você é um cara legal, não lançou, para mim, nenhum olhar de censura. Não sei o que me deu, nunca disse a ninguém o que lhe confessei. Sei lá, o dia está estranho. Amanhã será outro dia, até mais. Boa noite, vizinho.


***

O vizinho nem prestou a atenção nele. Estava mais preocupado em como se livrar do corpo da amante, antes de sua noiva voltar de viagem.


* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor




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