Em um apartamento
*
Por Eduardo Oliveira Freire
– Sei
que você não gosta desta pergunta, mas, acha que eu tenho talento?
– Não
sou seu guru. Sou só uma pessoa mais experiente que pode lhe dar
algumas dicas de leitura.
– Gosta
do que escrevo?
– Há
textos que sim e outros não.
–Mas,
teve um que lhe chamou mais atenção.
– Não.
– Então,
os meus contos são fracos.
– Tem
que entender, que deve continuar a ler e a escrever bastante. Revisar
os seus textos exaustivamente. Pára de esperar alguém que chegará
e dirá para você “
tem talento”;
“
é um escritor maravilhoso”.
Sempre almeja com fervor que alguém masturbe o seu ego.
– Só
queria que me dissessem “continua,
tem potencial”.
Será que é pedir demais?
– O
mais importante é trabalhar e continuar observando o mundo ao seu
redor, porque um artista precisa ser sensível para transformar um
simples acontecimento do cotidiano ou um sonho “meio
sem nexo”
em arte.
– Estou
cansado. Idéias surgem e as minhas mãos lentas não conseguem
acompanhá-las. Olho para o computador desligado parece que ele me
chama para escrever. Tento fugir dele. Caminho por algumas horas.
Contudo, ele continua me chamando. Parece uma maldição.
– É
assim mesmo. Produzir é angustiante, porém, não deixa de ser
prazeroso. Dois lados da mesma moeda.
– Quem
sabe em outras eras, domino a arte da escrita.
– Continue.
É a única coisa que posso dizer a você.
*
Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela
Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo
Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor
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