Amassos, gays e outros babados
*
Por Ruth Barros
Anabel, a escriba tolerante,
tem uma amiga fofa, inteligente, bonita, simpática, professora –
doutora formada em Paris que dá aula em renomada faculdade. Pois a
fofa está tendo problemas em manter a disciplina na sala. Isso
porque, na tal escola finesse-frescura na qual ela leciona,
inventaram uma moda de “visibilidade gay”, que não é só o cara
sair do armário não, é sair com tudo, escancarando, doa a quem
doer (duela a quien duela, para os saudosistas do portunhol do
senador eleito Fernando Collor), onde, quando e na cara de quem for.
O resultado é que, principalmente entre as meninas – a moda pegou
principalmente entre elas – existem cenas explícitas de carinhos,
beijos e amassos calientes. A situação já seria digamos, delicada,
se ficasse limitada aos pátios e aos recreios, mas não, invadiu a
sala de aula com tudo. E a professora fica de pés e mãos atados:
- Primeiro quero deixar
claríssimo que não tenho nada contra gay ou qualquer tipo de
manifestação de sexualidade consentida, que não force ninguém,
como pedofilia – diz minha amiga querida. Depois devo dizer que
acho que sala de aula não é lugar de beijos e amassos independente
de onde eles venham, que seja de um casal 20 feito a Angelina Jolie
ou o Brad Pitt, pouco importa.
A escriba ficou sem entender.
O que têm Jolie e Pitt com isso? Minha amiga explicou com toda a
paciência da boa professora que ela é:
- O problema é que, se fosse
um casal hetero, dava pra mandar parar. Se for chamar atenção dos
casais gays ainda corro o risco de ser linchada, pelo menos
moralmente falando, ser tratada como agressora dos gays, intolerante,
vai por daí afora. E reclamar junto à direção da escola também
não vai refrescar em nada, pelo contrário, essas coisas de espalham
e além de me rotularem de intolerante vão me dizer também
incompetente para botar moral na sala.
Anabel Serranegra está
louca pelo fim do segundo turno, para não ter mais de agüentar o
horário eleitoral
*
Maria
Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou
carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas,
enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou
em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal
da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da
coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela
revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.
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