Retiro São Francisco
* Por Emanuel Medeiros Vieira
A cidade de Salvador é uma urbe belíssima. Primeira capital do Brasil, ela é portadora de uma tradição civilizatória. Como ocorre em outras cidades, a ganância, a especulação imobiliária, a compra de edis e de diversos agentes públicos que deveriam zelar pela capital baiana, estão deturpando o Plano Diretor da Cidade e toda a capital. A omissão da prefeitura, a cobiça insaciável e outros problemas degradam diariamente a chamada Boa Terra.
Nenhum brasileiro pode se omitir. A Bahia é o Estado de Castro Alves, de Anísio Teixeira, de Glauber Rocha, de Raul Seixas e de outros grandes artistas. Salvador é um patrimônio humanista de todos nós. São Salvador, tão cantada por artistas e poetas, tão louvada pelos viajantes que aqui aportaram desde os primeiros tempos de sua criação, hoje está sendo devastada por construções e loteamentos.
Como alguém indagou, por que permitir que o capital imobiliário se transforme cada vez mais num capital selvagem tocaiado pela corrupção? Lembro das leituras de Octávio Paz. O tempo arquétipo deixou de ser o passado e sua quimérica idade de ouro; por sua vez, o tempo fora do tempo, a eternidade dos anjos e dos diabos, dos justos e réprobos, foi desalojado pelo culto ao progresso.
Hoje, quero falar de outra grave ameaça. Querem derrubar a Casa de Retiro São Francisco. Ela está instalada no coração de Salvador, na Rua Waldemar Falcão, no populoso bairro de Brotas (um dos maiores da cidade), ao lado do Candeal. Como sublinhou um cronista, ela é um oásis de calma e sossego. É um “monumento aberto ao silêncio e à paz; uma fonte concreta daquilo que chamamos de ‘’qualidade de vida’.
Aquele santuário, observou Jorge Portugal, “é um dos grandes bens espirituais e humanos que ainda restam de uma cidade estressada, corrompida, deformada, apartada, aviltada pela velocidade e o lucro. Esta cidade já se esqueceu de que foi criada para as pessoas e não o contrário.”
Conheci Salvador aos 21 anos, quando vim representar a AP do Rio Grande do Sul num congresso estudantil., Foi amor à primeira vista. Mas percebe-se a degradação perpetrada pelos “podres poderes” que têm muito dinheiro e nenhum escrúpulo.. Precisamos resistir! Salvador não é Florianópolis. Tem, aproximadamente, 3 milhões e 600 mil habitantes, e é a terceira metrópole brasileira.
A Casa de Retiro São Francisco é o resultado de uma “articulação do bem”, que contou com a doação de famílias baianas de boa vontade. Vale a pena conhecê-la e defendê-la. Pede Jorge Portugal: “Vamos dar um basta à especulação inconseqüente e aos falsos ‘bons negócios’ que só geram lucros para os poucos de sempre. Pela vida, pela paz, pela solidariedade e pelo sonho de uma cidade mais humana: vamos dizer em alto e bom som: a Casa de Retiro não!”
.
É preciso mobilizar os vereadores do “bem”! Como reivindica uma cronista, os inimigos do verde e da paz devem saber que a cidade de Salvador tem dono: o povo.
*Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros.
* Por Emanuel Medeiros Vieira
A cidade de Salvador é uma urbe belíssima. Primeira capital do Brasil, ela é portadora de uma tradição civilizatória. Como ocorre em outras cidades, a ganância, a especulação imobiliária, a compra de edis e de diversos agentes públicos que deveriam zelar pela capital baiana, estão deturpando o Plano Diretor da Cidade e toda a capital. A omissão da prefeitura, a cobiça insaciável e outros problemas degradam diariamente a chamada Boa Terra.
Nenhum brasileiro pode se omitir. A Bahia é o Estado de Castro Alves, de Anísio Teixeira, de Glauber Rocha, de Raul Seixas e de outros grandes artistas. Salvador é um patrimônio humanista de todos nós. São Salvador, tão cantada por artistas e poetas, tão louvada pelos viajantes que aqui aportaram desde os primeiros tempos de sua criação, hoje está sendo devastada por construções e loteamentos.
Como alguém indagou, por que permitir que o capital imobiliário se transforme cada vez mais num capital selvagem tocaiado pela corrupção? Lembro das leituras de Octávio Paz. O tempo arquétipo deixou de ser o passado e sua quimérica idade de ouro; por sua vez, o tempo fora do tempo, a eternidade dos anjos e dos diabos, dos justos e réprobos, foi desalojado pelo culto ao progresso.
Hoje, quero falar de outra grave ameaça. Querem derrubar a Casa de Retiro São Francisco. Ela está instalada no coração de Salvador, na Rua Waldemar Falcão, no populoso bairro de Brotas (um dos maiores da cidade), ao lado do Candeal. Como sublinhou um cronista, ela é um oásis de calma e sossego. É um “monumento aberto ao silêncio e à paz; uma fonte concreta daquilo que chamamos de ‘’qualidade de vida’.
Aquele santuário, observou Jorge Portugal, “é um dos grandes bens espirituais e humanos que ainda restam de uma cidade estressada, corrompida, deformada, apartada, aviltada pela velocidade e o lucro. Esta cidade já se esqueceu de que foi criada para as pessoas e não o contrário.”
Conheci Salvador aos 21 anos, quando vim representar a AP do Rio Grande do Sul num congresso estudantil., Foi amor à primeira vista. Mas percebe-se a degradação perpetrada pelos “podres poderes” que têm muito dinheiro e nenhum escrúpulo.. Precisamos resistir! Salvador não é Florianópolis. Tem, aproximadamente, 3 milhões e 600 mil habitantes, e é a terceira metrópole brasileira.
A Casa de Retiro São Francisco é o resultado de uma “articulação do bem”, que contou com a doação de famílias baianas de boa vontade. Vale a pena conhecê-la e defendê-la. Pede Jorge Portugal: “Vamos dar um basta à especulação inconseqüente e aos falsos ‘bons negócios’ que só geram lucros para os poucos de sempre. Pela vida, pela paz, pela solidariedade e pelo sonho de uma cidade mais humana: vamos dizer em alto e bom som: a Casa de Retiro não!”
.
É preciso mobilizar os vereadores do “bem”! Como reivindica uma cronista, os inimigos do verde e da paz devem saber que a cidade de Salvador tem dono: o povo.
*Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário