A Revolução de Triunfo
* Por Marco Albertim
A razão imediata do levante também conhecido como Movimento Patriótico de Triunfo, foi a demissão de administradores, prefeitos, vice-prefeitos e conselheiros. O major Alexandre José Barbosa Lima demitiu-os com base na Constituição Federal, que estabelecera eleição direta para os cargos. Foi em 17 de agosto de 1892, com eleições marcadas para 30 de outubro do mesmo ano. No interregno, Barbosa Lima põe intendentes de sua confiança, contrários aos republicanos históricos. O Partido Republicano Progressista, entrevendo as chances de fraude do novo grupo no poder, tenta impedir a posse dos intendentes.
Há levantes em Afogados da Ingazeira, Canhotinho, Flores, Salgueiro, Vila Bela e Goiana. Entretanto, o que obtém repercussão maior é o de Triunfo. O coronel Correia da Cruz, com apoio do padre Laurino Douette, recruta centenas de apoiadores. Derrotam patrulhas da polícia e armam-se. É enviado um Batalhão inteiro da Força Pública, chefiado pelo seu comandante geral, um oficial do Exército no posto de tenente-coronel. A primeira vitória dos rebeldes ocorre em 21 de setembro daquele ano. O governo envia 150 praças para o confronto. O padre Douette é preso e logo em seguida, solto, por ordem de Barbosa Lima no esforço de conseguir a confiança do povo. Mas a Gazeta da Tarde é proibida de noticiar as derrotas das tropas do governo
Dois reforços são enviados a Triunfo: o primeiro de 60 homens, e o segundo com 110. Os legalistas cometem truculências. Sobre a performance da polícia, Correia da Cruz deixa o seguinte relato: “(...) e sob o comando geral do tenente-coronel comandante da polícia José Florêncio de Carvalho tem cometido uma série de tropelias, como bem quebramentos de portas, incêndio em propriedades, roubos e prisões ilegais sendo espancadas algumas jovens. Efetuou-se a prisão do revoltoso João Cosme que tem sido vítima dos maiores martírios, como bem o de cortarem-lhe as barbas e fazê-las engolir e outras torturas.”* Acrescenta Correia da Cruz que as tropas oficiais se fazem acompanhar dos “...criminosos Aristides Siqueira, Raymundo Lopes, Raymundo Cabeça Branca e outros(...)”*
Correia da Cruz foi a principal liderança do Movimento de Triunfo. Em suas anotações, há referências à fome pela qual passaram seus homens. Conforme ele, tendo passado quatro dias sem comer, forçados foram a comer um tatu-bola dividido entre todos. A primeira grande derrota dos revoltosos se deu em Ipoeira, em 13 de novembro de 1892. Estavam em campo aberto e o inimigo, entrincheirado. A dispersão tem início em janeiro de 1893, por causa da ausência de apoio do PRP. Martins Jr, líder do partido, mantém correspondência com o líder militar do levante. Numa carta, recomenda a Correia da Cruz: “Quanto a sua situação, o seguinte: ou retoma Triunfo ou cessa o movimento, que já agora pouco ou nenhum resultado pode dar.”
As razões primeiras dos levantes estão no apoio de Floriano Peixoto ao major Barbosa Lima. Em detrimento dos quatro nomes enviados a Floriano pela Junta Governativa: Peretti, Simeão, Ambrósio e Martins; Martins Jr., o mais cotado, o mais popular. Floriano sequer menciona qualquer um dos quatro, diz que o major Barbosa Lima aceita e agradece a sua indicação.
*Jornalista e escritor. Trabalhou no Jornal do Commércio e Diário de Pernambuco, ambos de Recife. Escreveu contos para o sítio espanhol La Insignia. Em 2006, foi ganhador do concurso nacional de contos “Osman Lins”. Em 2008, obteve Menção Honrosa em concurso do Conselho Municipal de Política Cultural do Recife. A convite, integra as coletâneas “Panorâmica do Conto em Pernambuco” e “Contos de Natal”. Tem dois livros de contos e um romance.
* Por Marco Albertim
A razão imediata do levante também conhecido como Movimento Patriótico de Triunfo, foi a demissão de administradores, prefeitos, vice-prefeitos e conselheiros. O major Alexandre José Barbosa Lima demitiu-os com base na Constituição Federal, que estabelecera eleição direta para os cargos. Foi em 17 de agosto de 1892, com eleições marcadas para 30 de outubro do mesmo ano. No interregno, Barbosa Lima põe intendentes de sua confiança, contrários aos republicanos históricos. O Partido Republicano Progressista, entrevendo as chances de fraude do novo grupo no poder, tenta impedir a posse dos intendentes.
Há levantes em Afogados da Ingazeira, Canhotinho, Flores, Salgueiro, Vila Bela e Goiana. Entretanto, o que obtém repercussão maior é o de Triunfo. O coronel Correia da Cruz, com apoio do padre Laurino Douette, recruta centenas de apoiadores. Derrotam patrulhas da polícia e armam-se. É enviado um Batalhão inteiro da Força Pública, chefiado pelo seu comandante geral, um oficial do Exército no posto de tenente-coronel. A primeira vitória dos rebeldes ocorre em 21 de setembro daquele ano. O governo envia 150 praças para o confronto. O padre Douette é preso e logo em seguida, solto, por ordem de Barbosa Lima no esforço de conseguir a confiança do povo. Mas a Gazeta da Tarde é proibida de noticiar as derrotas das tropas do governo
Dois reforços são enviados a Triunfo: o primeiro de 60 homens, e o segundo com 110. Os legalistas cometem truculências. Sobre a performance da polícia, Correia da Cruz deixa o seguinte relato: “(...) e sob o comando geral do tenente-coronel comandante da polícia José Florêncio de Carvalho tem cometido uma série de tropelias, como bem quebramentos de portas, incêndio em propriedades, roubos e prisões ilegais sendo espancadas algumas jovens. Efetuou-se a prisão do revoltoso João Cosme que tem sido vítima dos maiores martírios, como bem o de cortarem-lhe as barbas e fazê-las engolir e outras torturas.”* Acrescenta Correia da Cruz que as tropas oficiais se fazem acompanhar dos “...criminosos Aristides Siqueira, Raymundo Lopes, Raymundo Cabeça Branca e outros(...)”*
Correia da Cruz foi a principal liderança do Movimento de Triunfo. Em suas anotações, há referências à fome pela qual passaram seus homens. Conforme ele, tendo passado quatro dias sem comer, forçados foram a comer um tatu-bola dividido entre todos. A primeira grande derrota dos revoltosos se deu em Ipoeira, em 13 de novembro de 1892. Estavam em campo aberto e o inimigo, entrincheirado. A dispersão tem início em janeiro de 1893, por causa da ausência de apoio do PRP. Martins Jr, líder do partido, mantém correspondência com o líder militar do levante. Numa carta, recomenda a Correia da Cruz: “Quanto a sua situação, o seguinte: ou retoma Triunfo ou cessa o movimento, que já agora pouco ou nenhum resultado pode dar.”
As razões primeiras dos levantes estão no apoio de Floriano Peixoto ao major Barbosa Lima. Em detrimento dos quatro nomes enviados a Floriano pela Junta Governativa: Peretti, Simeão, Ambrósio e Martins; Martins Jr., o mais cotado, o mais popular. Floriano sequer menciona qualquer um dos quatro, diz que o major Barbosa Lima aceita e agradece a sua indicação.
*Jornalista e escritor. Trabalhou no Jornal do Commércio e Diário de Pernambuco, ambos de Recife. Escreveu contos para o sítio espanhol La Insignia. Em 2006, foi ganhador do concurso nacional de contos “Osman Lins”. Em 2008, obteve Menção Honrosa em concurso do Conselho Municipal de Política Cultural do Recife. A convite, integra as coletâneas “Panorâmica do Conto em Pernambuco” e “Contos de Natal”. Tem dois livros de contos e um romance.
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