Rindo da cara do apocalipse!
* Por Fernando Yanmar Narciso
O mundo vive dando voltas... Só a mente doentia de um gênio como Stanley Kubrick poderia ter percebido o lado histriônico da aniquilação iminente do mundo. Gravado em pleno calor das animosidades entre Estados Unidos e União Soviética, destrutivamente satirizando a paranóia e o poder militar, esse filme atravessou gerações como uma das mais geniais e de certo modo ignoradas comédias já feitas: Dr. Fantástico (Ou: Como aprendi a parar de me importar e amar a bomba), de 1964.
Gravado em glorioso preto e branco- um dos últimos filmes rodado assim, toda a história gira em torno de um certo “aparelho do juízo final”, a popular “caixinha preta com um botão vermelho” capaz de destruir o mundo a um simples clique, tão comum em séries japonesas dos anos 80 e filmes do James Bond.
O filme inicia quando o absurdamente paranóico, doido de jogar pedra e obcecado com “fluidos corporais” General Jack Ripper- interpretado magistralmente por Sterling Hayden- ordena, sem nenhum motivo aparente, que comecem um bombardeio à União Soviética. Tão logo recebe a ordem, um bombardeiro B-52 que sobrevoa território russo, liderado pelo cowboy Comandante TJ “King” Kong começa as preparações para o bombardeio dos pontos- chave na União Soviética. O que tem início então é uma corrida contra o tempo do presidente dos Estados Unidos e dos soviéticos para tentar deter o ataque americano que acabaria com toda a vida na Terra.
Roteiro nada parecido com uma comédia, certo? É exatamente este o truque do filme. Mesmo o roteiro sendo uma sandice sem tamanho, os atores foram instruídos por Kubrick a interpretar suas falas como se fosse o filme mais sério do mundo, mais ou menos como Leslie Nielsen faz em suas comédias.
Provavelmente a única pista deixada aos espectadores de que se trata de uma comédia é a presença do imortal Peter Sellers, que interpreta três papéis totalmente diferentes: Capitão Mandrake, um frouxo oficial executivo enviado pelo presidente para tentar fazer Gen. Ripper mudar de idéia sobre o bombardeio, que acaba se tornando refém do mesmo noutro acesso de loucura; Presidente Merkin Muffley, que tenta usar da diplomacia com o embaixador e o premier soviéticos para tentar impedir que usem o aparelho do juízo final. Uma tarefa nada fácil, pois um dos oficiais, o General Turgidson, é quase tão paranóico e demente quanto Ripper, e faz de tudo pra provar que o embaixador planeja algo na sala de reuniões.
E por fim, Sellers nos entrega o melhor papel da sua vida como Dr. Strangelove, um cientista alemão maluco, tetraplégico e com uma doença no braço direito que faz com que esse aja independentemente do resto do corpo, chegando até a esgana- lo. O doutor foi um dos criadores do aparelho, e tenta convencer a todos na Sala da Guerra do “lado bom” em se ter uma coisa dessas.
Resumindo, não é uma comédia para qualquer um, mas se você é uma pessoa que gosta de filmes inteligentes e bizarros, que fazem pensar antes de fazer rir, não percam essa gema do humor negro.
* Fernando Yanmar Narciso, 26 anos, formado em Design, filho de Mara Narciso, escritor do blog “O Blog do Yanmar”, http://fernandoyanmar.wordpress.com
* Por Fernando Yanmar Narciso
O mundo vive dando voltas... Só a mente doentia de um gênio como Stanley Kubrick poderia ter percebido o lado histriônico da aniquilação iminente do mundo. Gravado em pleno calor das animosidades entre Estados Unidos e União Soviética, destrutivamente satirizando a paranóia e o poder militar, esse filme atravessou gerações como uma das mais geniais e de certo modo ignoradas comédias já feitas: Dr. Fantástico (Ou: Como aprendi a parar de me importar e amar a bomba), de 1964.
Gravado em glorioso preto e branco- um dos últimos filmes rodado assim, toda a história gira em torno de um certo “aparelho do juízo final”, a popular “caixinha preta com um botão vermelho” capaz de destruir o mundo a um simples clique, tão comum em séries japonesas dos anos 80 e filmes do James Bond.
O filme inicia quando o absurdamente paranóico, doido de jogar pedra e obcecado com “fluidos corporais” General Jack Ripper- interpretado magistralmente por Sterling Hayden- ordena, sem nenhum motivo aparente, que comecem um bombardeio à União Soviética. Tão logo recebe a ordem, um bombardeiro B-52 que sobrevoa território russo, liderado pelo cowboy Comandante TJ “King” Kong começa as preparações para o bombardeio dos pontos- chave na União Soviética. O que tem início então é uma corrida contra o tempo do presidente dos Estados Unidos e dos soviéticos para tentar deter o ataque americano que acabaria com toda a vida na Terra.
Roteiro nada parecido com uma comédia, certo? É exatamente este o truque do filme. Mesmo o roteiro sendo uma sandice sem tamanho, os atores foram instruídos por Kubrick a interpretar suas falas como se fosse o filme mais sério do mundo, mais ou menos como Leslie Nielsen faz em suas comédias.
Provavelmente a única pista deixada aos espectadores de que se trata de uma comédia é a presença do imortal Peter Sellers, que interpreta três papéis totalmente diferentes: Capitão Mandrake, um frouxo oficial executivo enviado pelo presidente para tentar fazer Gen. Ripper mudar de idéia sobre o bombardeio, que acaba se tornando refém do mesmo noutro acesso de loucura; Presidente Merkin Muffley, que tenta usar da diplomacia com o embaixador e o premier soviéticos para tentar impedir que usem o aparelho do juízo final. Uma tarefa nada fácil, pois um dos oficiais, o General Turgidson, é quase tão paranóico e demente quanto Ripper, e faz de tudo pra provar que o embaixador planeja algo na sala de reuniões.
E por fim, Sellers nos entrega o melhor papel da sua vida como Dr. Strangelove, um cientista alemão maluco, tetraplégico e com uma doença no braço direito que faz com que esse aja independentemente do resto do corpo, chegando até a esgana- lo. O doutor foi um dos criadores do aparelho, e tenta convencer a todos na Sala da Guerra do “lado bom” em se ter uma coisa dessas.
Resumindo, não é uma comédia para qualquer um, mas se você é uma pessoa que gosta de filmes inteligentes e bizarros, que fazem pensar antes de fazer rir, não percam essa gema do humor negro.
* Fernando Yanmar Narciso, 26 anos, formado em Design, filho de Mara Narciso, escritor do blog “O Blog do Yanmar”, http://fernandoyanmar.wordpress.com
Eu não vou assistir, mas acho uma delícia ler suas análises.
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