sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011




Sutilmente ele chegou, e ela se apaixonou...

* Por Silvana Alves

Sutil, desprendido feito criança, puro e inocente. Foi dessa maneira que ele chegou e prendeu de modo imperceptível esse olhar, e mais tarde, o coração. Ocupou espaço. Fez sorrisos tímidos saírem e explicações se complicarem. Insegurança? Talvez. Afinal, ele era um mestre, e ela simplesmente uma pessoa que estava se abrindo para a vida, para o mundo. Odiava aquelas sextas-feiras, justamente porque o monstro se mostrava mais perverso naqueles dias. Mas como ótima observadora, percebeu que ele também era humano. Ela nunca procurou conhecer ou saber mais, pois naquele momento, apenas a inteligência e a arrogância dele já bastava para ela o odiar.

Alguns anos depois, quando a vida de ambos havia dado uma reviravolta, eles se encontraram, dessa vez, numa quarta-feira chuvosa. Ela totalmente desprendida de qualquer sentimento, apenas vivendo o momento. Depois de tantas perdas, seu único interesse era ser feliz. E a felicidade para ela significava ficar sozinha, curtindo todas as maravilhas da vida com os amigos. Então, decidiu por si só que sua única paixão seria a profissão e os estudos.

Já ele, estava completamente apaixonado. Como ela soube disso? Sentada, ouvindo-o dizer como estava feliz por aquele momento em sua vida. E por alguns instantes, ela ficou com ciúmes, e foi ali que ela confirmou o que já imaginava há alguns anos e que ali se concretizou. Por vê-lo feliz, guardou com ela aquele sentimento e momento. Momento esse que ela conserva como triunfo.

Depois dessa conversa se ela o viu três ou quatro vezes foi muito. O tempo passou lentamente, muito lentamente. Ela teve que aprender a conviver com as perdas e lutar para reconstruir sua vida, e o mais dolorido foi ter que esquecer um passado. Riu muito, chorou mais ainda, aprendeu e conheceu coisas e pessoas novas. O triunfo, por algumas vezes aparecia em sua mente vagando.

Mas o destino preparava uma surpresa maior com a lentidão do tempo. Tempo esse que hoje ela chama de amigo, por ter aproximado, mesmo que por alguns instantes, ele e ela.
A partir desse tempo os sentimentos começaram a mudar, ou simplesmente a transparecer. Ela não quis lutar contra, pois pela primeira vez na vida, sentia algo bom, sem interesses, formas ou cores, e não procurava saber ou compreender aquilo, apenas queria viver.

Não pensava em nada, mas sabia dos problemas que poderia enfrentar. Foi em frente, e impetuosamente declarou o que sentia para ele. Não da maneira que deveria, se é que existe uma maneira, mas da maneira que conseguiu. Foram poucos os momentos, mas para ela foram intensos e cheios de magia. Como conversas sem noção jogadas foras, conversas sérias, o primeiro beijo, que para ela foi o mais apaixonante que recebeu numa noite também chuvosa, e da música que tocou na primeira noite de amor.

Quando estão apaixonadas normalmente as mulheres ficam bobas, inclusive ela, mas dessa vez é diferente. Não tem explicação. Mesmo com a distância ela consegue sorrir ao pensar nele. E sabe que não vai esquecê-lo, pois foi tocada de maneira especial, por alguém especial, que mesmo querendo lutar contra todo e qualquer sentimento, é humano, tem essência, é inteligente, enriquecedor, humilde, multiplicador de sorrisos, e acima de tudo é o homem que qualquer mulher quer ter ao lado para o resto de seus dias.

Quando somos crianças não necessitamos entender uma coisa para sentir, e é por isso que ela não quer explicação para esse sentimento que ela singelamente chama amor. Talvez ela nunca consiga dizer, olhando para os olhos dele, o que realmente sente, talvez ela nunca mais o veja, talvez tudo mude.. a favor ou contra, mas ela não vai fugir do que sente, e vai lutar, pois ela não sabe fazer nada sem acreditar. Por esse motivo ela acredita que essa história não teve ponto final, pois ela quer encontrá-lo, só para ficarem juntinhos e quietos. Para que possam se olhar, se tocar, se abraçar, se protegendo dos medos, das dúvidas e da tristeza que os agonizam nesse momento...

* Jornalista formada pela FATEA (Faculdade Integrada Teresa D´Ávila). Duas palavras falam por mim: vida e poesia.

Um comentário:

  1. Antigamente as historietas terminavam no casamento, quando aparecia a frase: "e foram felizes para sempre". A minha mãe ironizava dizendo que os problemas mal estavam começando. Aqui, um sentimento começa. Poderá crescer ou ruir. Sou sempre pelo amor, e assim torço por trocas de muito prazer e elegria. " E que seja imortal enquanto dure".

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